A CRISE DA GLOBALIZAÇÃO

O Direito Internacional Ocidental já está virando mais uma "ordem internacional baseada em regras" que eu mudo conforme a minha conveniência. 

Os americanos estão preocupados com o Tribunal Penal Internacional (TPI) pois este poderá condenar aquela criatura patológica que governa Israel. Ora, o lobbie sionista é quem manda na Casa Branca e não vai admitir uma coisa dessas, que um tribunalzinho qualquer, por exemplo, o TPI, possa prender um israelense sob a acusação de criminoso de guerra em Gaza. 

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, já devidamente doutrinada, disse que os EUA não apoiavam a investigação do TPI, pois o tribunal não tem  competência.

Michael McCaul, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, também já devidamente doutrinado, divulgou um projeto de lei para impor sanções a funcionários do TPI se eles investigarem os EUA ou Israel. 

O caso é que os EUA são signatários do Estatuto de Roma, tratado que estabeleceu o TPI. 

Os legisladores democratas sionistas, deputado Ritchie Torres e senador John Fetterman, querem bloquear o TPI, dizendo que "se o TPI não for contestado pela administração Biden, o TPI poderá assumir um poder sem precedentes, poderá emitir mandados de prisão contra autoridades  americanas".

Quando o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 17 de março do ano passado um mandado de prisão absolutamente ridículo, baseado no "rapto de crianças ucranianas" (agora se sabe que as crianças foram "adotadas" por famílias alemãs) contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, esses mesmos políticos sabujos que querem acabar com o TPI aplaudiram, pois os americanos estão levando ferro na Ucrânia. 

Ora, ora, TPI era para ser apenas um porrete para meter no cucuruto de inimigos políticos e nações incômodas ao imperialismo sionista-americano. No TPI somente desafetos políticos e geopolíticos são perseguidos. Não era para o TPI ser alguma coisa séria, verdadeira, não era para defender os palestinos e condenar os genocidas ianque-sionistas. 

O fato essencial neste caso, mais um caso de absoluta hipocrisia do "ocidente coletivo" é que se Israel não for punido pelo TPI, o Direito Internacional está morto.

O mesmo vale para organizações como FIFA,  COI, pois boicotam times e países desafetos de competições esportivas, como se esporte não fosse um esporte, mas um jogo de cartas marcadas por falsários. Puro blefe. 

Os esforços tirânicos da poderosa máfia sionista para impedir o crescimento do antissionismo fazem crescer ainda mais o sentimento mundial contra o genocídio (35 mil civis palestinos mortos, 80 mil feridos e 1 milhão de refugiados). 

Suas últimas ações:

1) reprimir estudantes brutalmente, com maior brutalidade na Europa, mas igualmente nos EUA;

2) bloquear o TPI (Tribunal Penal Internacional)

3) proibir o Tik Tok nos EUA;

4) impedir a liberdade de expressão, através de exclusão e desmonetização de canais;

5) compra de juízes, políticos, congressistas, burocratas, diplomatas, generais, deputados, mafiosos etc, nos EUA e em muitos países;

6) plantar um conjunto de matérias na grande mídia vinculando atividades estudantis "suspeitas" a "George Soros", Isis, Al-Qaeda ou Hamás.



A Rússia humilha a OTAN

A partir de hoje, no Parque da Vitória, em Moscou, começa uma exibição pública de armas, veículos e equipamentos diversos tomados nos campos de batalha ucranianos - itens de 12 países, a maioria da OTAN como Reino Unido, EUA, Turquia, França e Alemanha, entre outros.

Entre os troféus exibidos está o crème de la crème da indústria militar ocidental: Leopards e Marders alemães, Bradleys e M113s estadunidenses, TSVs britânicos, CV90s suecos, AMX-10RCs franceses. Os famosos tanques Abrams, americanos, considerados os "mais poderosos do mundo", pelo menos 6 deles (detalhe, a Ucrânia, com medo de perdê-los, retirou-os da linha de frente). 

A Rússia passa uma mensagem aos arrogantes atlantistas. No nível histórico, é uma analogia com a exibição de troféus alemães capturados na parada que se seguiu imediatamente à vitória soviética na Segunda Guerra Mundial. No nível simbólico, agora está triunfando sobre a poderosa OTAN e seus parceiros, incluindo aqui a própria Ucrânia. No nível econômico, é possível prever algum prejuízo para as ações das empresas cujos produtos são exibidos como troféus e humilhados publicamente em Moscou. Não parece uma boa ideia adquirir equipamentos capturados tão facilmente. A mensagem é particularmente dirigida para os países mais engajados na luta contra a hegemonia unipolar americana. Por exemplo, a China já está organizando viagens turísticas a Moscou, para a exposição. Consta que Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, teria pedido a Putin que não exibisse os equipamentos militares da OTAN porque seria "ofensivo" para os membros do Pacto. É ainda mais humilhante agir assim, como uma criança birrenta chorona. É óbvio que a exibição é ofensiva, porque a intenção específica é ofender e humilhar. Por que os países fazem questão de serem humilhados pela Rússia? Ora, já deixaram claro que não precisam do barato gás russo, preferem adquiri-lo mais caro através de terceiros. Nada mais justo então mostrar a uma Europa imbecilizada que seus brinquedos de guerra são exatamente isso mesmo, brinquedos caros e inúteis.



A globalização está em crise. A direita política já se deu conta disso e busca a ideia de nação através da defesa da Propriedade. A Esquerda, pasmada, não entendeu ainda que precisará de uma luta muito mais gigantesca e estratégica do povo contra a usura capitalista e suas misérias.

O historiador Eric Hobsbawn disse que o os governos modernos apoiaram-se em três presunções: 

1) ter mais poder do que qualquer outra unidade que opere em seus territórios, ou seja, ser invencível;

2) os habitantes do país devem aceitar, mais ou menos de bom grado sua autoridade; 

3) o governo se propõe a proporcionar serviços que a iniciativa privada não poderia prestar, por exemplo, a manutenção da lei e da ordem. 

Por mais de duzentos anos, até o final da década de 1970, a ascensão do Estado deu-se de forma contínua, independentemente da ideologia ou política vencedora. Nos últimos quarenta anos, a tendência se inverteu. O Estado abandonou muitas das suas atividades públicas tradicionais, vem perdendo o monopólio da força armada, da estabilidade e do poder. O Estado está sendo minado na condução da sociedade, o neoliberalismo passou a desmontar o aparelho estatal, privatizando suas funções para o mercado ou assumindo responsabilidades estratégicas, como o uso da violência, a política monetária e cambial, a política externa, a produção de energia, a criação de infra-estrutura, a grande indústria, serviços de saúde, educação, de cultura etc. (HOBSBAWN, 2007).

O conceito secular de soberania vem sofrendo uma série de questionamentos. A perda de soberania se dá na ordem política, econômica, cultural, tecnológica, dá-se, sobretudo, no plano individual, no direito natural das pessoas. Vários elementos contribuíram para a mudança do Estado moderno para o Estado contemporâneo e uma alteração do conceito de soberania. 

1) surgiram novos atores internacionais, como como fundações, transnacionais e organizações não-governamentais (ONGs). 

2) O direito internacional tenta regular as relações internacionais, inclusive dentro do âmbito estatal, alegando a proteção dos direitos dos cidadãos. O Estado nacional perde o monopólio da soberania jurídica, tendo que conviver com uma série de atores internacionais e hegemônicos e que sufocam a antiga soberania nacional;

3) Há uma grande influência midiática e das redes sociais na política doméstica e externa dos países.

4) O poder hegemônico intervencionista, que se diz de "segurança internacional" ou promotor da "ordem internacional baseada em regras" se contrapõe à idéia de um Estado autônomo, que seja um ator militar e autônomo, ou independente do sistema global de Estados.

5) A despersonalização da identidade nacional e a globalização cultural num conjunto de estereótipos. 

Com a consolidação da soberania estatal nos séculos XVIII e XIX houve uma promoção da identidade do povo como um sujeito, como um cidadão, como o centro da cidadania. O cidadão que estava sujeito à jurisdição de um dado Estado, pertencia a sua sociedade e comunidade, tinha consciência de seus direitos e obrigações, e se sujeitava, mais ou menos de bom grado. Com o desenvolvimento das mídias convencionais (jornal, rádio e tv), teve início a “globalização cultural” e contatos cada vez mais intensos com pessoas de outros países, outras culturas e outros pensamentos. Com o advento da internet, as fronteira culturais tornam-se ainda mais fluidas, estimulam-se novas formas de identidades culturais, frequentemente substituindo as mais antigas. Isso remodelou a política, os partidos são superados por novas formas de organização e participação política, os partidos tradicionais perdem sua capacidade de representar pessoas ou representar o próprio governo.

Com a globalização neoliberal, Estados ocidentais antes fortes e estáveis perderam o monopólio da força coercitiva, cada vez mais particularidades, perderam a capacidade de merecer a lealdade voluntária dos cidadãos, perderam a capacidade de prestar serviços eficientes para os cidadãos. 

O recuo do Estado de sua soberania nas últimas décadas é o principal fenômeno da globalização. Isso rompe toda a tradição de desenvolvimento das sociedades dos últimos séculos. Olhando para os últimas 40 anos de dominância liberal, com a retirada gradual da soberania do Estado, a taxa de crescimento econômico geral foi menor do que o keynesianismo da Segunda Guerra Mundial. Nem mesmo os principais países capitalistas centrais ficaram mais ricos e fortes, muito menos os menos desenvolvidos. Com a pandemia, escancaram-se as mazelas do capitalismo, escancarou a falta de coordenação estatal, teve início uma privatização exagerada e o controle político cada vez mais em favor dos mais ricos. A polarização ideológica e social se acentuou, a produtividade entrou em declínio, a farra nos mercados financeiros se tornou endêmica. Já existe insegurança alimentar em vários paises, atos de pirataria explícita se banalizam, como no caso do governo norte-americano confiscando produtos médicos em alto mar, ou mais recentemente propondo roubar ativos russos nos bancos ocidentais. Some-se ao quadro problemático novos conflitos armados e o uso do dólar como arma de guerra para enfraquecer e subordinar os países aos interesses dos Estados Unidos.

Em muitos países agora, a política econômica se afasta de uma estratégia de integração globalista e se aproxima de um modelo coercitivo, que tenta precariamente se inpor através de sanções e ameaças verbais. A abertura ao mercado global vista durante os anos 1990 como fonte de prosperidade, agora é percebida como fonte de perigos contra os quais é preciso recuperar as formas de controle e proteção antes exercidas pelo Estado. De problema, o Estado passa agora a ser a solução. 

O neoliberalismo está sendo duramente questionado, enquanto um “neoestatismo” está prestes a substituí-lo. 

O neoestatismo será o “novo normal”, dentro do qual esquerda e direita precisarão desenvolver novas posições. O retorno do Estado muda as regras da direita e da esquerda. Precisamos saber de que tipo de intervenção do Estado necessitamos. Na esquerda, reafirma-se o controle do estado sobre a política industrial e os serviços públicos. Na direita, o Estado deve garantir a propriedade e a segurança do privado. Cumpre lembrar que o estado deve ser o agente fomentador da capacidade criativa da sociedade. Privatizar não cria desenvolvimento por si só, não garante nada, e estado estagnado, incapaz de fomentar o desenvolvimento dá na mesma. 

A globalização perdeu o encanto, as ideias do "Consenso de Washington" estão em declínio. Os problemas hoje não parecem ter “soluções de mercado” confiáveis. No entanto, o Estado está vulnerável e sem controle. Há uma ansiedade generalizada, sobretudo um anseio por segurança e proteção, algo que só o Estado poderia oferecer. Há espaço para propor ações em favor de direitos e proteção para as maiorias. A esquerda hesita em focar na maioria, defensora que se fez dos fracos e oprimidos, isso abriu o espaço para uma extrema-direita. Uma direita populista parece ter chegado a um acordo com esse novo estado de coisas pós-neoliberal. Desenvolveu uma estratégia na proteção da identidade e da propriedade, e formou uma coalizão que abrange a classe média alta, as pequenas empresas e os trabalhadores marginalizados, terceirizados. A esquerda desconcertada vive um estado de negação sobre essa virada, indecisa, inativa, sem trabalho de base e sem saber como fazê-lo. Para avançar, a esquerda deve enfrentar um mundo em que a globalização neoliberal está em declínio e o intervencionismo estatal tende a se tornar cada vez mais importante. Em outras palavras, os progressistas precisam desenvolver suas próprias políticas de proteção.

Segundo Paulo Gerbaudo, sociólogo, a direita percebeu rapidamente a crise trazida pelo neoliberalismo, cresceu enormemente na crítica aos gastos públicos, atacou furiosamente o parâmetro social, a tal ponto que partidos e candidatos socialistas se viram na defensiva e se aliaram a neoliberais de centro, em defesa de uma ordem global em colapso, é a frente ampla, o governo de "união nacional". Estamos entrando agora no retorno a uma postura protecionista, talvez uma continuação do neoliberalismo por outros meios. Embora a esquerda possa criticar o mercado, não está convencida dos possíveis benefícios do crescente intervencionismo estatal, vive ainda na memória do totalitarismo, sobretudo teme que o Estado seja um promotor de desigualdade social. Mas como pode o Estado hoje oferecer proteção econômica e segurança e restabelecer formas de controle político efetivo? Dada a solidez do bloco empresarial e financeiro, alterar a correlação de forças exigiria um projeto ambicioso de transformação social, e não apenas reivindicações pontuais. Seria necessária uma imensa mobilização popular muito maior do que a atualmente pífia articulada por sindicatos e organizações progressistas.

A soberania nacional foi sacrificada pela esquerda, ou seja, ela se tornou conivente com as classes dominantes, prosperou e se aquietou. O surgimento da nova direita, com um tipo de soberania regressiva, no passado patriótico, ocupou o campo da soberania nacional, embora mais identificada com a soberania norte-americana, que não é, de modo algum, nacional. O Estado nacional é o último bastião da resistência contra a globalização capitalista, há uma polarização entre aqueles que querem um Estado soberano nacional e socialista, e aqueles que sonham com Estado soberano liberal. Um Estado soberano para um povo dominado, ou seja, socialista, ou um Estado soberano para os dominadores, os bem nascidos, conduzirá, na prática, rigorosamente à mesma coisa. 


O conflito de classes hoje é o conflito entre uma classe cosmopolita financeira, de um lado, e massas populares nacionais, por outro. A classe dominante é de direita na economia e de esquerda nos costumes e na cultura. De direita por assumir o imperativo liberal na economia: privatização, cortes de gastos públicos, falta de investimentos, supressão de direitos sociais. Aqui temos uma fragmentação social e uma dispersão cultural. É o mundo das multidões anônimas de consumidores desenraizados. A mente liberal se justifica no “direito” de reproduzir o capital. Os senhores da globalização administram pelo neoliberalismo e privatismo, eompensa a insegurança laboral através de uma série de direitos mais ou menos inofensivos à ordem capitalista. O grupo reivindicam como vítimas que sofreram uma discriminação, e assim ganham espaços e direitos à custa de outros grupos, jogando às favas qualquer ideia de coesão ou solidariedade social e nacional. 

A soberania é a chave da nova ordem mundial. É impossível dinamizar a economia sem recuperar a soberania nacional. No nível do globalismo, do cosmopolitismo sem fronteiras, a classe capitalista vencerá todas. Por isso, as sociedades devem recuperar a soberania nacional, o pleno emprego, a coesão da maioria e a condução das classes mais fracas.

Antonio Gramsci acertou quando disse que o cosmopolitismo cultural conduz à polarização e divisão das classes, prejudicando a constituição de uma força nacional popular. A falta de unidade é a própria causa da fraqueza da soberania. Poucos compreenderam a importância das classes populares, em sua complexidade cultural, regional, local e pontual. O predomínio de uma esquerda cosmopolita é um elemento estranho aos problemas específicos da vida nacional, estranha aos interesses da maioria. Se a esquerda não se reencontrar com a maioria do povo, ela não tem mais futuro. Uma nação fragmentada sempre verá mais atrativos no individualismo direitista. Diante da globalização neoliberal, que debilitou o poder dos Estados, a conquista da soberania é a dimensão revolucionária em curso. 














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