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Mostrando postagens de abril, 2018

Eu gosto disso e você não gosta, você é bobo e mau, e eu sou lindo e bom'

Considerações sobre o DEBATE. Um debate tem, necessariamente, de ser realizado entre pares capazes de abordar um TEMA COMUM, com conhecimento de causa. O chamado 'STATUS QUESTIONIS' estabelece a condição, a situação, uma somatória sintética e profunda de como se apresenta aquele tema em questão junto aos maiores conhecedores do assunto, ao longo da história. Há, portanto, um tema único, principal, e que pode ser uma ideia, uma ideologia, um livro, um autor, uma afirmação ou negação, uma história específica etc. Os debatedores, de comum acordo, estabelecem quem será o PRIMEIRO a falar (às vezes o debate não acontece se um dos debatedores não aceita a condição de ser o primeiro, ou o segundo etc). Se não há UM TEMA não há NENHUM debate, por exemplo, o debatedor nº  1 fala sobre o acasalamento das équidnas da Nova Guiné, o debatedor nº 2 fala sobre o bóson de Higgs e como detectá-lo em menos tempo, o debatedor nº 3 fala sobre a importância do uso da gema de ovos galados nos d

O Trololó do cowboy

O TROLOLÓ veio de um cantor russo, modelado, brilhantina, sorriso Frankenstein, o REI do lalalás, hahahás, trololós, hohohós. O sucesso é um mistério, ou melhor, o sucesso é CERTO quando se mistura infantilidade ingênua, boçalidade alegre, visual aburguesado, temática imbecilizante, e a necessária pitada de malícia brega. Mas, afinal, quem é o rei do Trololó? O russo Eduard Anatolyevich Khil, bom cantor de cançonetas e árias engajadas, sem maiores destaques (exceto o tro-lo-ló), foi condecorado com o 'Prêmio de Artista do Povo da República Socialista Federativa Soviética'. Faleceu em 2012, aos 75 anos. O que diz, veladamente, o Trololó? "Estou muito feliz porque finalmente voltei para casa". A canção original foi composta por Arkady Ostrovsky e gravada por diversos artistas além de Khil (há uma versão mais 'hollywood' cantada por Muslim Magomayev). A letra original são versos sobre um COWBOY: "Estou montando meu garanhão na pradaria, meu mustang, 

Alfie e o juiz boiola

O caso de Alfie atraiu atenção mundial. A função tradicional da medicina sempre foi a de tentar SALVAR a vida humana, considerada valiosa. Os pais da criança pretendem levá-la a Roma para ser tratada por um especialista, mas, contudo, segundo a 'ortotanásia' (eutanásia passiva), não se pode manter os aparelhos ligados. Mas não se pode levar para Roma? A vontade dos pais não conta. Por quê? Ora, um juiz, ativista pró-gay, é que decide tudo. Casamento gay e sodomia prazeirosa sim, atender a esperança do pai e da mãe não. Eis o mundo iluminista de Lúcifer, o 'portador da luz', em todo seu esplendor. É uma luz neón, negra, estroboscópica, que aponta para a nova religião humana, o transumanismo satânico. O tribunal laico, libidinoso, é ciumento de si e 'justo' para ti: não se pode sofrer. Já se pode atestar, para a grande alegria dos europeus aboiolados, sofisticadamente bestializados, a morte da civilização ocidental. Uma avalanche tenebrosa vai se formando.

Tiradentes, o herói dos quatro quintos.

A Minas Gerais do século XVIII foi RICA, próspera, cidades fervilhando de vida, de arte, música, levantando igrejas, formando corais, pequenas orquestras, produzindo mestre-escolas, criando irmandades, ensinos, asilos, bibliotecas, orfanatos, prefeituras, organizando guardas, bandas, bombeiros, mineiros e regimentos. Foi uma incrível autonomia política, sob um ativismo municipal independente, local, provincial, livre de intervenções federais (sobretudo se compararmos com o Brasil de hoje). A pujança intelectual e a ascenção social foi ampla, natural, constante. Aleijadinho, Lobo de Mesquita, Chica da Silva, não são figuras isoladas, mas regra geral. Negros trabalhadores conquistavam a alforria, às centenas, faziam pequenos negócios, fabriquetas, empreendiam, enricavam, viravam gente do leite, do queijo, da banha, da goiabada, partes significativas de um sistema produtivo em ascenção, sob um raro equilíbrio, pouco conhecido em outras paragens. Quase não havia crimes. Todos se ocupavam

Para onde vai o RAP?

RAP é um modo de dizer, de falar, de contar, de ‘bater’ no ouvido a estória, o conto, a ideia. ‘To rap’ seria algo como ‘captar o ouvinte com a retórica das ruas’. No século XX, década de 60, já era o modo usual dos comícios políticos da Jamaica, logo vira uma forma de protesto, de ativismo político, transplantado para Nova Iorque. Os rappers falavam da violência, da opressão, de amores dolorosos, de ser vítima do sistema excludente, de reagir, de fazer acontecer a revolução. No período subsequente ao ‘maio de 68’ foi ‘música do gueto’, canto de guerra, protesto, música engajada, da justiça social, dos direitos civis dos negros norte-americanos. Gangues tinham menestréis que cantaram raptos, rapinas, contaram as guerras das facções, entoaram os feitos da ‘guerrilha urbana’. O RAP, política, cultural e sociologicamente considerado, foi parte da ‘crítica de tudo o que existe’ (expressão ligada à famosa Escola de Frankfurt, verdadeira moda dentro das universidades mais chiques e caras