Excepcionalismo é coisa de "excepcional"

 O "excepcionalismo" pensado pelos "pais fundadores" dos EUA (George Washington, Thomas Jefferson, Benjamin Franklin, John Adams, James Madison, Alexander Hamilton etc) é o mesmo "excepcionalismo" pregado e apregoado fortemente, desde a era Clinton? Qual excepcionalismo? O de que os EUA tem o dever e o direito de se meter em tudo e todos os lugares do mundo determinando o que é certo ou errado, que nada pode acontecer no mundo se não for determinado e aprovado pelos EUA. 

Vamos entender, o "Excepcionalismo Americano" de hoje em dia consiste na inabalável certeza da singularidade e superioridade dos Estados Unidos em relação às outras nações e povos da Terra. Contudo, lá nos Pais Fundadores, a América seria uma "nação concebida em liberdade, dedicada à proposição de que todos os homens são criados iguais". Decerto isso mudou, ou então, desde o começo mesmo, somente "os nossos" são, de fato, iguais a nós mesmos.

Os Pais Fundadores, majoritariamente puritanos, viam a América como uma "cidade no alto da montanha", modelo de fé e virtude para o mundo todo, Deus escolhera os Estados Unidos para uma missão especial: espalhar a liberdade e a democracia pelo planeta inteiro.

Inspirados pelos filósofos iluministas, os 'Pais Fundadores' criaram um sistema político baseado no 'Contrato Social', o "poder reside no povo". Creram que a América era um experimento único de governo popular, onde a liberdade individual e a igualdade de direitos eram fundamentais (repare que eram escravagistas e não consideraram os índios como seres humanos). A crença no "Destino Manifesto" impunha a ideia de que os Estados Unidos estavam destinados a expandir seu território e seus valores por todo o continente americano. Foi mesmo essa visão imperialista a que justificou a conquista das terras indígenas e a anexação de novos territórios. Os Pais Fundadores acreditavam que a cultura americana era única e superior as demais, valorizaram o trabalho duro, a iniciativa individual, o otimismo e a religiosidade, características associadas, em geral, ao povo norte-americano.

O Excepcionalismo Americano tem sido muito criticado, por diversos motivos, a saber:

1) a crença na superioridade americana levaria à arrogância e ao internacionalismo extremados, ignorando as falhas e os verdadeiros problemas internos do país;

2) a ideia de "missão" americana justificou intervenções militares brutais e políticas subversivas em outros países, quase sempre com péssimas consequências;

3) a visão tradicionalista do Excepcionalismo Americano tendeu a ignorar a diversidade cultural e étnica do próprio Estados Unidos, focando em uma hegemonia do branco europeu, anglo-saxônico, americanizado. Gerou grandes lutas políticas;

4) o Excepcionalismo Americano é um conceito complexo e contraditório, moldou a identidade e a política externa dos Estados Unidos desde a sua fundação. 

Não se enganem, o máximo que um nacionalista e, dito, conservador, como Donald Trump poderá fazer, ao brandir o excepcionalismo americano (América First, MAGA etc), "conforme pensado pelos pais fundadores", será tirar, até certo ponto, os EUA da Ásia, do Oriente Médio e da África. Contudo, PRESTEM ATENÇÃO, a América, como um todo (central, latina e hispânica) pertence aos excepcionalistas, desde o berço. 

É inevitável que a chapelança de alumínio vai celebrar isso daí, seu sonho mesmo é sentir a bota do tio Sam na sua jugular. A propósito, o termo "excepcional" vem de EXCEÇÃO, de onde derivou também o "excepcionalismo", ou seja, transformar a exceção numa DOUTRINA. Agora veja, segundo a mentalidade "politicamente correta", "excepcional" deve ser substituído pelo, hoje, mundialmente aceito, “pessoa com deficiência (física, auditiva, visual ou intelectual)”, melhor do que “portador de deficiência”, “pessoa com necessidades especiais” ou “portador de necessidades especiais”; os termos ”cego” e “surdo” podem ser utilizados; não se deveria mais utilizar termos considerados pejorativos e depreciativos como “deficiente”, “aleijado”, “inválido”, “mongol”, “retardado”, “incapaz”, “defeituoso”..., "excepcional". 


Usar hoje em dia a mesma doutrina que vigorou nos EUA em 1991 equivale a tentar abrir uma lata de tinta usando a língua. Não são mais o mesmo EUA, não é mais a URSS de Gorba, mas a Rússia de Vladimir Putin, um verdadeiro soberanista, líder de um país capitalista sob um estado forte, com coesão social, políticas públicas efetivas, desenvolvimento militar superior etc.



Os russos NUNCA foram hostis em relação a Europa. Esse mito imbecilizante, o da "agressão russa a Europa" tem sido enfiado a força na cabeça do europeu, muito intensamente, desde 2014. Ah, mas e a Finlândia, e a Suécia, e a Polônia (países que já enfrentaram conflitos sérios de fronteiras com a Rússia)? Ora, esses países são tão europeus quanto a própria Rússia é "européia", ou seja, são europeus - e a Rússia não é - quando se trata de infundir medo nos adoradores de Bruxelas. 

A única vez que a Rússia entrou na Europa foi para se defender do nazismo. Será que a Europa continua a ser, lá nas profundezas da massa cinzenta, simpática ao nazismo?



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