SESSÃO PLENÁRIA NA CHINA - OS NOVOS RUMOS DOS BRICS

Segundo Pepe Escobar, não há lugar melhor para assistir à sessão plenária do Partido Comunista Chinês, que dura quatro dias, duas vezes por década, do que Hong Kong, "um país, dois sistemas".

Hong Kong localiza-se no coração do Leste Asiático - a meio caminho entre o Nordeste Asiático (Japão, Coreia) e o Sudeste Asiático. A oeste fica na China, como também a massa terrestre da Eurásia que se liga à Índia, Pérsia, Turquia e até a Europa. A leste fica o Pacífico e a costa oeste dos EUA.

Hong Kong é o principal centro multipolar e multinodal (multinodal já tratado num vídeo do nosso canal), uma metrópole global em ritmo acelerado, criada por rotas comerciais centenárias, que atrai pessoas de todas as latitudes interessadas em conectar comércio, ideias, tecnologias, transporte marítimo, bens e mercados.

Agora, reinventada para a integração euro-asiática do século XXI, Hong Kong tem tudo o de que precisa para prosperar como um centro-chave do mar da China meridional, região que ajudou a fazer da China uma superpotência económica.

O plenário de Pequim foi um assunto bastante sério e sóbrio, com o objectivo de encontrar um equilíbrio entre o crescimento económico sustentável e a segurança nacional até 2029, quando a República Popular da China celebra o seu 80º aniversário.

As proverbiais elites compradores, a 5ª Coluna e os Sinófobos no Ocidente têm estado perturbados com o actual abrandamento da economia chinesa - com quedas nas frentes financeira e imobiliária - que corre paralelamente a todo o belicismo híbrido que emana de Washington para conter a China .

A verdade é que o PIB da China cresceu cerca de 5% no primeiro semestre do ano, e o comunicado final do plenário, divulgado no final da reunião de quatro dias, sublinhou que esta deveria continuar a ser a meta "imutável" para o segundo semestre do ano.

A retórica oficial, claro, centrou-se no aumento do consumo interno e em “novos estímulos” às exportações e importações.

Esta passagem chave do comunicado final resume tudo quando se trata da nova versão do “socialismo com características chinesas”: 

O comunicado diz o seguinte: 

“Devemos atribuir mais importância às reformas e aprofundá-las de forma abrangente para promover a modernização da China, para que possamos lidar melhor com os desenvolvimentos complexos no nível interno e externo, adaptar-nos à revolução científica e tecnológica e a rápida transformação industrial, e enfrentar as novas expectativas do nosso povo".

A fim de aprofundarmos de forma abrangente as reformas, continuamos comprometidos com o legado de Mao Zedong, a Teoria de Deng-Xiaoping, a Teoria das Três Representações, a Perspectiva de Desenvolvimento Científico de Xi Jinping, tudo isso para implementar plenamente as ideias do socialismo chinês, característico de uma nova era.

 Devemos estudar e implementar minuciosamente as novas ideias, posições e conclusões do Secretário-Geral Xi Jinping sobre o aprofundamento abrangente das reformas, e aplicar plena e fielmente a nova filosofia de desenvolvimento em todas as frentes.”

 Em nenhum lugar do mundo se encontra um governo tão concentrado na elaboração de planos quinquenais de desenvolvimento económico (a Rússia parece estar agora a fazer as suas primeiras tentativas), abrangendo o desenvolvimento rural, a reforma fiscal, a protecção ambiental, a segurança nacional, o combate à corrupção e o desenvolvimento cultural. .

 Dado que o termo “reforma” aparece nada menos que 53 vezes no comunicado final, significa – ao contrário do proselitismo ocidental – que o PCC está determinado a melhorar a governação e aumentar a eficiência.  E todos esses objetivos devem ser alcançados – caso contrário, cabeças cairão.

 A ciência e a tecnologia desempenharão novamente um papel importante no desenvolvimento da China, uma espécie de sucessora da estratégia “Made in China 2025”.  O foco será previsivelmente numa melhor integração da economia digital com a economia real, na modernização das infra-estruturas e no aumento da “resiliência” na cadeia de abastecimento industrial.

Importante, o comunicado enfatiza a necessidade de “corrigir as falhas do mercado” – o que é um eufemismo para conter o turbo-neoliberalismo.  O desenvolvimento do “sector não estatal” deve ser “fortemente apoiado e orientado”, com Pequim a garantir que “todas as formas de propriedade” na economia competem de forma justa e legal em “termos iguais”. Veja aqui o modo chinês de encarar a existência, o excesso de propriedade privada não serve para um país com uma tradição de crescimento e prosperidade para todos, ou para a grande maioria. 

 O plenário poderia facilmente ser interpretado como um exercício calculado de paciência taoísta.  Xie Maosong, do Instituto Chinês para Estratégia de Inovação e Desenvolvimento da Academia Chinesa de Ciências, disse: “Xi disse muitas vezes que a parte fácil da reforma acabou e agora estamos em águas desconhecidas.  A parte em que se deve ter muito cuidado onde se pisa, especialmente à medida que os riscos externos aumentam.  Também tocamos os interesses de muitos grupos.”

 A principal obsessão da turbocapitalista Hong Kong são, obviamente, os “mercados”.  A partir de conversas com comerciantes britânicos que procuram os seus clientes na Ásia, parece que eles não estão interessados em investir na China - mas isso não incomoda os planejadores de Pequim.  Para o Politburo, a questão é como alcançar os objectivos económicos, sociais, ambientais e geopolíticos estabelecidos por Xi para os próximos cinco anos.  Cabe aos mercados se adaptarem a isso.

Os planejadores em Pequim já estão incluindo Trump na equação geral.  O mantra ocidental de que a economia da China está decaindo é questionável. A economia da China pode, na verdade, estar hoje numa posição mais precária do que quando Trump lançou a sua guerra comercial em meados de 2018.  O yuan parece estar sob maior pressão devido à diferença entre os custos de financiamento dos EUA e da China.

 De acordo com uma estimativa do JPMorgan, cada aumento de 1% nas tarifas durante o período 2018-2019 da guerra comercial desencadeada pelos EUA foi associado a um aumento de 0,7% do dólar americano em relação ao yuan.

 Trump planeja impor tarifas de 60% sobre praticamente todos os produtos chineses.  Isso resultaria numa taxa de câmbio de cerca de 9 yuans por dólar, 25% mais fraca do que agora.

Certo, as águas estão revoltas. O que o primeiro-ministro de Hong Kong, John Lee, disse sobre a sessão plenária é revelador.  Ele encorajou “todos os setores da comunidade” a lerem o comunicado. A elite empresarial de Hong Kong compreendeu, interpreta o papel  de Pequim como no desenvolvimento da Grande Área da Baía, em torno da ilha. 

 Hong Kong, sublinhou Lee, é um "superconector", uma "cadeia de valor" que liga a China continental ao Norte Global e ao Sul Global e continua a atrair todos os tipos de investimento estrangeiro para a China.

 Agora compare isto daí com a opinião predominante sobre Hong Kong nos círculos empresariais americanos.  A Câmara de Comércio Americana em Hong Kong está consternada e sublinha que os empresários norte-americanos não compreendem a diretiva de segurança nacional aprovada em Março do ano passado, que complementa a lei de segurança nacional aprovada por Pequim em 2020.

Para Pequim, estas são questões de segurança nacional muito sérias – que vão desde a repressão ao branqueamento de capitais até impedir que a proverbial quinta coluna fomente uma revolução colorida como a que quase destruiu Hong Kong em 2019. Não admira que tantos investidores americanos não compreendam isto. Pequim não poderia se importar menos.

Vejamos o que o principal gestor de fundos mútuos da China tem a dizer sobre isso.

Zhang Kun, gestor do Blue Chip Mixed Fund, administra quatro fundos com ativos totais de US$ 8,9 bilhões. Ele prefere visar o objectivo de Pequim de aumentar o PIB per capita para os níveis ocidentais até 2035.

Se for bem sucedido, com ou sem uma guerra comercial dos EUA - e os chineses não vão parar até atingir este objectivo - então o PIB per capita poderá rondar os 30.000 dólares (de acordo com os grupos de reflexão chineses, era de 12.300 dólares no ano passado).

Assim, o investimento estrangeiro continuará a ser bem-vindo na China, seja através de Hong Kong ou não. Mas em todas as frentes, a segurança nacional supera tudo. Chame isso de um exercício prático de soberania.




Sobre a Venezuela, o país foi sancionado e confiscado, Chavez cometeu erros, Maduro cometeu erros, mas os boicotes e sanções impostos à Venezuela são o maior inimigo da Venezuela. Trump disse claramente, "o petróleo da Venezuela pertence aos EUA", vários presidentes americanos antes e depois de Trump pensam exatamente assim. É incrível concordar com este terrível crime de sancionar e boicotar um país, levá-lo à penúria e caos político a fim de roubar seu petróleo. É incrível ter gente no Brasil que concorde com isso. É incrível ver descerebrados repetindo a mídia porca americana, a mentira torpe de "Gonzales ganhou com 80%". Este absurdo virou slogan. Não existe nenhuma eleição do mundo, jamais existiu, na qual vc possa roubar uma eleição onde vc perdeu de 80%, vc não chega nem no banheiro. O Maduro ganhou porque teve mais votos, é assim. A oposição chegou perto mas a dinheirama americana em cima dela foi dinheiro perdido. 

O Lula acaba de dizer que não se provou fraude na recente reeleição de Maduro.

Vamos analisar, a inflação acabou naxera Chavez, era pleno emprego, foi umaxepoca fantástica, no final veio o golpe, no pós-Chavez, o PIB da Venezuela despencou, caiu 63%. Nos últimos dois anos, a China e a Rússia investiram na Venezuela melhorando um tanto sua produção. A Venezuela cresce notavelmente desde 2020. O Brasil tem excelentes interesses na Venezuela. Governantes brasileiros que aderem ao direito dos EUA de prejudicarem a Venezuela são bonecos apátridas, traidores da América Latina, 

Venezuela nunca deixou de vender petróleo para os EUA, segue vendendo para Índia. Roraima precisa voltar a vender e comprar da Venezuela. Venezuela tem de voltar imediatamente ao Mercosul. Suspender a Venezuela para agradar a CIA americana, coisa de Temer, Macri, Milei etc, não serve mais no mundo multipolar. EUA não lidera mais como um senhor mas como um mafioso viciado, parece cada vez mais uma máquina desembestada, completamente obcecado com o dólar. Os países estão discretamente se desfazendo do dólar. O modo dos EUA é assim, compra petróleo da Venezuela e mete o cacete na Venezuela, compra petróleo do Irã e mete o cacete no Irã. Ora, defender os interesses dos EUA significa gostar de meter o pau no cliente, quando vc precisa dele, tudo bem, mas vai conspirar pelas costas, prejudicar. E tem gente aqui que condena o Maduro, ora o problema do Maduro não é o teu problema, o meu problema, é problema dele, e é um país parceiro do Brasil e nós não fazemos o que os EUA fazem. 

Todo mundo precisa comprar e vender, vc vai gostar de vender teu negócio para alguém que te compra e depois tenta roubar teu negócio? Esse são os EUA. Nós não somos assim. 

Ficar puxando saco de tink-tank americana, lambendo ong hipócrita, repetindo mídia neoliberal, a que sempre desce a lenha no Brasil, e vende a pior imagem possível do Brasil. Ouvir milei, guga xacra, sakamoto, esquerda liberal, direita neoliberal? Joga isso no lixo. Vamos esperar e ver quem ganhou e como ganhou, a verdade chega. 

Nós temos de ser solidários com a Venezuela, sem se meter em seu governo. Por que a China cresce no mundo? Ela não se mete nos assuntos internos do teu governo. Não quer dizer que a China, a Rússia, o Irã etc, são santos, quer dizer que são BRICS e não querem roubar o teu petróleo e não confiscam o teu ouro. Os EUA não, eles querem roubar teu petróleo e confiscar teu ouro, é exatamente o que fazem. 

O Brasil deve manter sua neutralidade, com força, e, ao mesmo tempo , crescer nos BRICS. O governo do Bolsonaro foi neutro com a China, com a Rússia, o governo do Lula é neutro com a China, com a Rússia, com o Irã, e assim que deve ser, este é o caminho do Brasil, mas temos um papel no BRICS e somos responsáveis pelos rumos da AL. Uma democracia imposta pelos EUA não vale nada, ela não se sustenta, nunca, uma democracia com crescimento econômico deve partir de dentro, do próprio país. Tem problemas na eleição? Tem, mas a pior de todas é a dos EUA. Tem problema na eleição da Venezuela? Maduro não teve 51? Teve 49? Esse questionamento é possível, agora, 80% para o Gonzales é conta de mentiroso. Tem muito venezuelano que apoia o Maduro, tem oposição? Tem muita oposição, mas 80% já mostra que a oposição não tem um projeto de poder, tem um projeto de mentira, americano. Se o Maduro ficar no poder, digamos, por seis meses, ele ganhou. Se não ficar é porque perdeu, vc não vai reprimir 80% da população, dizer que vai reprimir 80% é papo de mentiroso, de macartista, de neocom. Vc só consegue alguma governabilidade se houver alguma representatividade. Ninguém governa sem apoio popular. A cara do Gonzales só não é mais convincente do que a do Guaidó. 

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