A GUERRA DO ÓPIO

 A partir de um banco de dados com mais de 200 mil amostras analisadas, a Genera traçou um perfil de ancestralidade para a população brasileira. Revela as origens genéticas até um certo grau de aprofundamento, o mapeamento permite entender a história que moldou e formou um país caracterizado pela miscigenação.

O estudo, realizado pela Genera, reuniu informações genéticas da sua base de clientes, que realizaram os testes no Brasil, Argentina e Uruguai, ao longo de 13 anos de atuação da empresa. Os dados foram coletados de forma anônima, protegendo a identidade das pessoas, informações sensíveis, conforme as diretrizes vigentes na Lei de Proteção de Dados (LGPD). Importante salientar que um teste genético não é exatamente barato, podendo ir de 300 a 20 mil reais, dependendo do laboratório, do metodo, do grau de aprofundamento etc. 

A partir desse levantamento, pesquisadores puderam mapear um perfil genético do brasileiro e demais países onde a Genera atua, apontando suas origens étnicas, a história genética dos brasileiros, sua formação civilizatória, particularidades socioculturais e diferenças e semelhanças entre Brasil, Uruguai e Argentina, do ponto de vista genético. 

Importante ressaltar que esse estudo não contempla a totalidade da população brasileira e demais países analisados, mas sim uma pequena reflexão sobre as amostras daqueles que puderam realizar o teste genético.

Ainda assim, os dados coletados fornecem informações relevantes sobre a ancestralidade desses povos, especialmente dos brasileiros, pela quantidade de informações coletadas.  

“Esse é um recorte que abrange pessoas que tiveram condições financeiras para adquirir o teste genético. No entanto, ainda assim é um volume significativo”, ressalta Ricardo di Lazzaro, médico e CEO da Genera.

A ancestralidade latino-americana, as informações genéticas coletadas de populações do Brasil, Argentina e Uruguai revelam algumas particularidades sócio-histórico-culturais de cada região.

Há, por exemplo, uma maior porcentagem de ancestralidade africana no Brasil, em relação aos países vizinhos. O continente africano representa cerca de 10,95%, ou, praticamente, 11% das raízes genéticas do brasileiro, em comparação aos 1,94% (2%) dos uruguaios e 1,13% (1%) dos argentinos.

A porcentagem maior de ancestralidade africana no Brasil é explicada pela migração forçada ao país de africanos escravizados, durante o período colonial.

O mesmo comparativo ocorre com a ancestralidade de povos originários das Américas, preponderante na Argentina, com 12,59%, seguida de Uruguai, com 6,73% e Brasil, com 6,56%.

Vale ressaltar que tanto para a ancestralidade africana quanto para a americana, os índices tendem a ser maiores para os três países, considerando que as camadas com menos recursos financeiros da população, e que, portanto, têm menor acesso aos testes genéticos, são compostas majoritariamente de negros e indígenas.

Em contrapartida, a ancestralidade europeia se mostra preponderante. Além dos três países terem sido colonizados por países ibéricos, que compartilham o mesmo DNA, sendo Portugal para o Brasil e Espanha para Argentina e Uruguai, receberam também fluxos migratórios de diferentes nações europeias a partir do final do século 19, com destaque para Itália e países da Europa Ocidental.

Já os demais continentes são menos representativos na ancestralidade dos três países. Isso também pode ser justificado pelos movimentos migratórios, que destas regiões ocorreram mais recentemente e em menor quantidade.

Brasil: um país multiétnico

O Brasil é um país continental, com mais de 8,5 mil km². Cada uma de suas 5 regiões possui suas próprias singularidades, tanto no aspecto geográfico e ambiental quanto nas questões históricas e culturais. Mas há algo que une todo o povo brasileiro: a diversidade.

Em toda a sua história, o Brasil foi construído 

pela miscigenação entre diferentes povos, e essa característica o difere do restante do planeta. Portanto, entender as características genéticas do povo brasileiro ajuda a compreender a história e evolução da própria humanidade, suas migrações, suas necessidades etc. 

Antes de nos aprofundarmos na análise da composição genética da amostra levantada pela Genera, contudo, é importante considerar os dados do IBGE quanto à autodeclaração étnica dos brasileiros, seguindo a nomenclatura utilizada pela instituição.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2021, 47% dos brasileiros se autodeclararam como 

pardos, enquanto 43% como brancos e 9,1% como pretos, considerando os estados selecionados para a amostragem do estudo.

Em comparação ao Censo 2010, também do IBGE, a porcentagem se mantém parecida: 47,73% se autodeclararam brancos, 43,13 como pardos, 7,61 como pretos, 1,09 como amarelos, e 0,43 como indígenas. Percebe-se, contudo, um aumento de pessoas autodeclaradas pretas ou pardas, e isso pode ser explicado pelo reconhecimento das origens e valorização das tradições e raízes ancestrais.

Agora, partindo para o estudo levantado pela Genera, e considerando uma média geral da ancestralidade da população brasileira que realizou o teste genético, temos aproximadamente os seguintes indicadores: 72% da Europa, 11% da África, 6,5% das Américas, 5,5% do Oriente Médio, e 2% da Ásia. É interessante destacar, também, que a ancestralidade judaica corresponde a 2,7% do DNA brasileiro.

Pesquisas em curso

A Europa no DNA do brasileiro

A África no DNA do brasileiro

As Américas no DNA do brasileiro

Oriente Médio e judeus no DNA do brasileiro

A Ásia no DNA do brasileiro



Resumo de "Dope, Inc: Britain's Opium War Against the World"

Dope, Inc" é um livro lança luz sobre um capítulo obscuro e mal conhecido da história.

O livro foi escrito por Lisa Ling e publicado em 2007.

 Ganhou vários prêmios, incluindo o National Book Award.

 Foi traduzido para mais de 20 idiomas.

 

O livro explora a história do comércio de ópio da Grã-Bretanha com a China no século XIX. A Grã-Bretanha usou o ópio para explorar a China e financiar seu império.maritimo no século XIX. A Guerra do Ópio foi um dos maiores crime contra a humanidade. O livro também examina o impacto do ópio na sociedade chinesa. O ópio levou à devastação, à morte e à dependência em massa.


A Grã-Bretanha era o principal fornecedor de ópio para a China. O governo britânico esteve diretamente envolvido no comércio de ópio para gerar receita. O ópio era contrabandeado para a China, apesar das proibições chinesas. Diante da recusa da China, foram travadas as Guerra do Ópio entre a Grã-Bretanha e a China de 1839 a 1842. A Grã-Bretanha venceu as duas guerras e forçou a China a legalizar o comércio de ópio. Sendo militarmente mais fraca , a China se submeteu a vontade do invasor imperialista e colonialista.  

 A Guerra do Ópio teve um impacto devastador na China. Causou a morte de milhões de chineses, diretamente na guerra e conflitos generalizados, e também muitos chineses morreram por causa da dependência do próprio ópio.

 A guerra foi altamente humilhou para China e minou sua soberania. O período é conhecido como o "século da humilhação". 

 Tendo vencido a guerra, a Grã-Bretanha forçou a China a assinar o Tratado de Nanquim, que abria cinco portos chineses ao comércio britânico e legalizava o comércio de ópio.

 A Guerra do Ópio marcou o início do declínio da China como potência global. A China, antes da invasão britânica, era o país mais rico do mundo, seu PIB era 6 vezes superior ao do Império Britânico, o mais poderoso reino de então. 

 A guerra criou um forte sentimento nacionalista e anti-imperialista na China.

 As sementes da Revolução Chinesa de 1911 foram plantadas durante a Guerra do Ópio. A Revolução chinesa foi fortemente nacionalista e anti-imperialista. Os invasores não tiveram outra alternativa exceto abandonar a China, abandona as chinelas para não perder os pés. E quanto ao envolvimento dos EUA nas Guerras do Ópio? Comerciantes americanos, bastante envolvidos com sua antiga metrópole, se beneficiaram do comércio de ópio com a China. O ópio era contrabandeado para a China a partir de portos americanos em Macau e Hong Kong. À medida que as Guerras do Ópio progrediam, os EUA se envolveram mais e mais no conflito. Em 1844, os EUA assinaram o Tratado de Wangxia com a China. O tratado concedeu aos EUA os mesmos direitos comerciais que a Grã-Bretanha tinha com o Tratado de Nanquim. Na Segunda Guerra do Ópio (1856-1860), os EUA se juntaram à Grã-Bretanha e à França contra a China, dentro da China. Militarmente fraca, a China foi novamente derrotada, e mais mais portos chineses foram entregues ao belicoso invasor ocidental. 

A família real britânica sempre esteve diretamente envolvida no comércio de ópio. O rei George IV, por exemplo, era mesmo viciado em ópio. A rainha Vitória recebia uma porcentagem dos lucros da Companhia das Índias Orientais. A Companhia das Índias Orientais era a principal empresa responsável pelo comércio de ópio entre a Grã-Bretanha e a China. A empresa era controlada em boa parte pelo governo britânico, em estreita relações com a Coroa, o Trono e a Corte Britânica. A Companhia das Índias Orientais e, de forma geral, o Império era bastante conhecido por seus métodos violentos e coercitivos, inclusive com largo uso da pirataria, do saque, do roubo, de genocídio etc, para garantir o controle do comércio de ópio.

 Diversos bancos administraram os lucros do comércio de ópio. Alguns dos bancos mais importantes incluem:

 Barclays Bank, HSBC, Lloyds Bank, National Westminster Bank e outros

 Não por acaso, alguns desses bancos estão diretamente envolvidos hoje em dia com o tráfico internacional de drogas, e possuem correntistas e contas secretas. 

Os bancos ocidentais se beneficiaram enormemente do comércio de ópio. Os lucros do comércio de ópio financiou muitas atividades incluindo infraestrutura, indústria, estaleiros, armas etc. 

O Império Britânico se formou como uma potência global graças, em grande parte, ao comércio de ópio na China, à pirataria, aos grandes empréstimos a juros extorsivos etc.

Outras fontes. 

 "The Opium Wars: Drug Addiction and Empire in China" por Hans J. Van den Berg

 "The Opium War: Britain, China, and the Struggle for Asia" por Julia Lovell

 "American Merchants and the China Opium Trade, 1800-1840" 

por Ernest R. May







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