ROBINSON FARINAZZO LEVA A GEOPOLÍTICA PARA O CONGRESSO NACIONAL
A participação do comandante Robinson Farinazzo, criador do Canal Arte da Guerra, no Congresso, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, onde falou, entre outros oradores, sobre o Desenvolvimento Nacional junto aos BRICS, foi bastante importante, e aponta para um amadurecimento dos congressistas no que tange ao amadurecimento geopolítico.
Foi uma aula de soberania e de abrir caminhos para o nacionalismo sadio num momento conturbado das relações internacionais, por isso trouxemos para o nosso canal e vamos comentar os principais pontos da fala do comandante, sem dúvida, um dos maiores patriotas e soberanistas hoje no Brasil, no bom, no melhor sentido, apartidário, nacionalista, focado em estratégia de defesa e em conhecimento de geopolítica e relações internacionais.
Estavam lá o deputado Pazuello, o deputado Celso Russomano, o deputado Luiz Felipe, amigo de longa data da comunidade Arte da Guerra, defensor intransigente do Brasil, junto ao comandante Farinazzo, o brilhante Rodolfo Laterza, presidente da Adepol, um notável analista de geopolítica, o Ricardo Cabral e várias outras figuras relevantes.
Quem quer que estude os caminhos das nações e os desafios que terão pela frente sabe que a guerra da Ucrânia tem ligações com os BRICS, com a hegemonia dos EUA e com a crise europeia. Bom, então foi transmitida uma imagem da Alemanha, do portão de Brandeburgo, ativistas “slava Ucrânia”, propondo o embargo ao gás russo, euforia, empolgação etc.
Isso foi em março de 2023. Próximo slide, passado dois anos, a mesma Alemanha, funcionários da Volkswagen deixando acabrinhados a fábrica. A Volkswagen acabava de demitir 15 mil funcionários, será que Volkswagen chega no final da década. Vcs viram que ontem eu falei sobre a Ford e a Mercedes no Brasil, e como a BYD e a Great Wall entraram viram oportunidade onde as indústrias americanas viam crise. Pois bem, a Wolkswagen, após 90 anos, a icônica empresa do carro popular, que sobreviveu à Segunda Guerra Mundial, à guerra fria, ao pós guerra-fria, talvez ela não chegue no final da década. As indústrias da Alemanha estão saindo da Alemanha, estão indo para o exterior devido ao custo de energia. A Volkswagen, a Stellantis vai demitir 1.100 funcionários, a Michelin, a indústria francesa de pneus, está demitindo, ora os pneus eram comprados pela Alemanha, e as empresas alemãs estão saindo da Europa.
Então, é uma crise em cadeia, causada por aquela empolgação enfiada em suas mentes, em virtude do abandono da energia boa, segura e barata da Rússia. A crise de energia afeta toda a Europa. A Audi também está demitindo 4.500 funcionários. A Basf está se movendo para a China, a Basf já montou na China uma fábrica que é maior que a sede da Basf na Alemanha. Então, veja como funcionam os negócios, eles não andam se não há energia, é como nos, sem energia não andamos, o gás barato que estava na Alemanha foi para a China, a Rússia encontrou o comprador de que ela necessitava, então, além da Alemanha estar pagando mais caro pelo gás americano, que é o cara que sancionou a Rússia, o concorrente dele, que é a China, está pagando mais barato pelo gás. Do ponto de vista da mentalidade norte-americana, aquela que só quer levar vantagem em tudo pode ter sido lucrativo para os EUA, do ponto de vista da Europa foi um ato deliberado de suicídio econômico, o tamanho dessa besteira é difícil de medir. Vários segmentos são penalizados na Europa, a Northvolt, empresa estratégica de baterias para carros na Europa, está fechando as portas. A Lufthansa, empresa de avia aí, ela está cortando 20% dos empregos. A Thyssen, gigante alemã do aço vai demitir milhares, até mesmo a poderosa Boeing, nos Estados Unidos, está cortando 10% da sua força de trabalho. É outro caso, mas é um panorama do mundo que nós estamos vivendo. A KTM, grande fabricante de motos na Europa, está flertando com a falencia, atinge Portugal, as siderúrgicas nas fábricas do Seixal e Maia em Portugal.
Bom, neste ponto de sua elocução, Farinazzo mencionou os BRICS, os BRICS tem o domínio energia e não jogam fora para agradar o tio Sam.
Entao os BRICS apontam para o futuro, ele e é o futuro. Quem tem energia tem futuro, quem não tem energia não tem futuro, é simples assim. Os BRICS tem energia, tem indústrias, tem commodities, tem negócios, tem comércio, tem perspectivas e por aí vai. A China gastou 230 bilhões de dólares para construir uma indústria de carro elétrico. Ela investe nisso, inclusive no Brasil, em Camaçari, em Iracemápolis e daí a Volkswagen vai ficando para trás.
Bom, a China se preparou, levou 20 anos para ter seu BYD e o Brasil. O que o Brasil vai ter daqui a 20 anos? Há um planejamento estratégico?
Fazer BYD no Brasil gera emprego, gera conhecimento, gera negócios, mas não um planejamento estratégico do Brasil, precisamos ter o nosso próprio planejamento, começa em casa, não vai começar em nenhum outro lugar.
Nós precisamos de um plano estratégico agora, direcionado para os próximos anos e décadas, o plano estratégico chinês tem uns 70 anos, tá, gente? Não começou hoje.
Os BRICS significam 40% da população, movimenta 30% da economia global, 72% das terras raras, 75% do manganês, 28% do níquel e por aí vai. A guerra da Ucrânia é a guerra do antimônio, é usado para endurecer o chumbo para fazer a munição, o chumbo é muito mole, você precisa de antimônio para endurecê-lo. Antimônio também é usado em óculos militares de visão noturna, TV de LED etc.
No dia 1º de dezembro agora entrou em vigor o embargo chinês de antimônio. Antimônio, gálio e vários outros minerais estratégicos.
A indústria tecnológica dos Estados Unidos, e principalmente a indústria militar, terá um ano difícil em 2025.
E os fármacos? A pandemia mostrou uma coisa, não existe realmente indústria farmacêutica no Ocidente. A Bayer tem as melhores fórmulas do mundo, mas o princípio ativo vem da China e da Índia, dois grandes players dos BRICS. Não tem indústria farmacêutica, não tem aspirina, não tem nada, remédio pra pressão, não tem nada sem o princípio ativo, que é o principal num remédio, é a substância que justamente faz aquele remédio funcionar.
Bom, daí o senador Marco Rubio, que vai ser o secretário de defesa do Trump, ele falou na Fox News, citou o Brasil, falou na desdolarização, daí citou o Brasil. Por quê? Qual é o problema da desdolarização, gente? Os EUA usam o dólar como uma arma de guerra, a dívida crescente dos EUA, quem paga o alto padrão de vida dos EUA são os países todos, sujeitos , obrigados a só fazer negócios em dólar, daí que, por causa das sanções dos EUA,a China e a Rússia querem uma nova moeda de câmbio para suas trocas, pretendem construir um novo sistema de pagamentos. Porque se você fizer um novo sistema de pagamentos, acabaram as sanções.
A Síria não teria sido invadida por jihadistas e destruída se ela tivesse um sistema de pagamento autônomo. A Síria foi estrangulada por 15 anos, por causa do dólar, ela não podia comprar e vender usando sua própria moeda. Se liberar do dólar significa isso mesmo, se libertar.
O Trump pode fazer o que ele quiser para segurar o dólar, se ele sobreviver ao embargo de minerais estratégicos...
Mas se ele perder o sistema de pagamentos, a força do Ocidente morre.
Quem disse isso, e sabe o que está dizendo foi o Marco Rubio Assisto, o novo secretário de Estado americano, e ele ameaça o Brasil.
Um ponto importante, apontado lá no Congresso pelo Robinson Farinazzo, vejam, em 1981, o presidente Reagan assumiu a presidência dos Estados Unidos, como bom neoliberal logo achou que o estado estava gastando muito dinheiro com a indústria naval. O que ele fez? Cortou os subsídios, agora imagine se chineses vão cortar subsídios da sua própria indústria naval! Mas de jeito nenhum, não são loucos. O resultado disso daí foi que os Estados não produzem 1% da tonelagem de navios mercantes do mundo.
O país que, na Segunda Guerra Mundial, produzia a maior parte dos navios do mundo, hoje produzem 1% hoje. Sabe quanto a China produz? 51% dos navios hoje, no mundo, são feitos na China.
O Brasil estava bem até 2014. Veio a lava-jato e acabou com a indústria naval. E daí ltem congressista que defende a lava-jato, sim, aqueles que tem bandeirinha dos EUA na lapela e boné com pentagrama de David.
Enquanto os EUA boicotaram sua própria indústria naval, segundo sua mentalidade privatista, a China seguiu promovendo e subvencionando sua indústria naval, a mesma indústria que faz um petroleiro, faz um destroyer, um navio mercante, um quebra-gelos e por aí vai. e última geração. A Marinha dos EUA é ainda gigantesca, por isso eles se acomodaram, entretanto, vejam, estima-se que, no atual ritmo, até 2030, a marinha chinesa será 50% maior que a Marinha dos Estados Unidos.
O comandante, o criador do canal Arte da Guerra encerrou sua participação no congresso com uma breve explanação, mais ou menos assim, existe uma regra para as guerras e uma regra, não escrita, para a vida. Você pode cometer mil erros, mil acertos táticos, mas um único, um único erro estratégico vai te levar à ruína permanente. Vc perde uma batalha, um erro tático, vc pode se recuperar, agora se vc perder a guerra, erro estratégico, vc já foi, não tem recuperação, não há reversão para isso.
O Brasil não tem um planejamento estratégico,
nós estamos vendo a força industrial dos BRICS, o domínio das commodities, do mercado de energia, somos uma potência agrícola. Ninguém dúvida disso, mas não basta, é preciso agregar valor industrial nos produtos agrícolas, minerais, vegetais, é preciso investir, e não é investir pouco, é investir muito, e precisamos reindustrializar o país.
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