A RÚSSIA NUNCA ACEITARÁ A HEGEMONIA ARBITRÁRIA DOS EUA
A chamada Doutrina Primakov foi batizada em homenagem ao ex-primeiro-ministro da Rússia , Yevgeny Primakov, a doutrina Primakov afirma que um mundo unipolar dominado pelos Estados Unidos é inaceitável para a Rússia e, a partir disso estabeleceu uma base para uma política externa russa independente, e adotou o conceito de multipolaridade nas relações exteriores.
A Rússia tentou por diversas vezes uma aproximação com o Ocidente. Foi sistematicamente rechaçada. Primakov iniciou ações para seguir um caminho independente nas relações exteriores, a Rússia não estava disposta a ser relegada a ser uma "pilha de poeira da história". Primakov viu um bloco liderado pela Rússia que emergiria como uma alternativa ao então emergente mundo unipolar liderado pelos EUA, a única ordem mundial possível seria multipolar. O conceito inicial partiu de um grupo trilateral – Rússia, China e Índia – que se tornou a base e o gatilho para o surgimento dos BRICS, e da Organização para a Cooperação de Xangai e a OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coletiva).
O conceito de Primakov começou como uma estratégia para resistir à pressão internacional exercida após o colapso da União Soviética. Sua doutrina une a política russa interna e a estratégia para prevenir a reação política às iniciativas russas. O objetivo deveria ser alcançado, conhecendo e explorando a fraqueza do inimigo e aprimorando a força militar russas.
Síntese
Essa doutrina defende a necessidade de um um mundo multipolar administrado por um conjunto de grandes potências, isso é necessário para contrabalançar o poder unilateral e arbitrário dos EUA. Neste sentido, a Rússia deve insistir em sua primazia no espaço pós-soviético e liderar a integração naquela região, e se opor à expansão da OTAN.
O registro das últimas duas décadas revela o papel da doutrina primakov na política externa e militar da Rússia. Um primeiro fato relevante é de que o poder militar é o catalisador necessário da guerra híbrida. As ferramentas híbridas são um instrumento de gerenciamento de risco quando o hard power, a guerra, é muito arriscado, caro ou impraticável, neste caso, o poder militar estará presente mas de modo disfarçado, em segundo plano. Além disso, as armas nucleares são a base da segurança nacional da Rússia e a garantia final de sua independência estratégica. Mas não são um instrumento para empreendimentos arriscados ou de pressão desnecessária, basicamente, o poder nuclear garante que outras potências não perpetrem esse tipo de pressão contra a Rússia.
A implementação da doutrina Primakov tem sido implementada de modo muito prudente. As guerra híbrida e poder militar – contra a Geórgia em 2008 e a Ucrânia desde 2014, bem como na Síria desde 2015 – foram calculados para evitar riscos. No entanto, a intervenção na Síria também destacou os limites do poder russo e da guerra híbrida. O hard power russo seria insuficiente para impor a versão de paz preferida do Kremlin na Síria, e Moscou não tem os vastos recursos econômicos e militares para se tornar uma hegemonia no Oriente Médio.
A questão-chave para a Rússia é se deve pressionar por maiores capacidades e assumir riscos adicionais em busca de um conjunto mais ambicioso de aspirações globais, ou continuar a seguir a doutrina Primakov e a prática cuidadosa de calcular os riscos e benefícios de um determinado curso. As novas gerações de líderes russos – menos conscientes da experiência soviética de expansão – são mais influenciadas pelos sucessos da Crimeia e da Síria, mais inclinadas a correr riscos e mais ambiciosas em sua visão para a Rússia. Como as novas gerações encaram essas ambições terá consequências para o futuro da Rússia, da Eurásia e do mundo.
Perspectivas
A noção de que uma doutrina militar poderia conduzir a política de segurança nacional russa contraria as tradições das relações civis-militares na Rússia e na União Soviética. Os militares nunca foram os condutores da política de segurança nacional russa ou soviética. Nas raras ocasiões em que altos líderes militares representaram um desafio à liderança política do país – o marechal Georgy Zhukov em 1946 e 1957 e o marechal Nikolai Ogarkov em 1984 – eles foram removidos de seus cargos.
A tomada da Crimeia pela Rússia em 2014, a guerra não declarada no leste da Ucrânia, o uso de desinformação e a interferência nas eleições ocidentais reforçaram a impressão de que a doutrina Gerasimov é o novo modo russo de guerra e até mesmo um impulsionador da política externa. Essa impressão não está totalmente correta, pois, a doutrina Gerasimov trata-se de uma extensão da doutrina Primakov, mas, aplicada de forma concreta e operacionalizada no âmbito da política externa russa.
Vejamos um comparativo entre as duas doutrinas:
DOUTRINA PRIMAKOV (1996) DOUTRINA GERASIMOV (2013)
O conceito definidor das políticas externas e de defesa russas por mais de duas décadas Esforço para desenvolver um conceito (p) operacional para o confronto contínuo com o Ocidente (g)
Visão da Rússia como um ator indispensável com uma política externa independente (p)
Visão de um mundo multipolar gerido por um concerto de grandes potências (p)
A insistência na primazia da Rússia no espaço pós-soviético e a busca da integração eurasiana (p)
Oposição à expansão da OTAN (p)
Parceria com a China e Índia (p)
Guerra de todo o governo (g)
Fusão de elementos de hard e soft power em vários domínios (g)
Conflito permanente que transcende as fronteiras entre paz e guerra (g)
O mesmo padrão de relações civis-militares persistiu na Rússia pós-soviética. Enquanto algumas figuras militares de alto escalão tentaram desempenhar um papel mais proeminente na política interna do país, isso durante o caótico mandato do presidente Boris Yeltsin, eles nunca conseguiram ganhar vantagem em suas negociações com o Kremlin. O general Alexander Lebed foi trazido para o círculo íntimo de Yeltsin quando as circunstâncias políticas o exigiram, mas ele foi rapidamente desviado para um posto provincial quando seus serviços não eram mais necessários.
A doutrina Primakov, em homenagem ao ex-ministro das Relações Exteriores e primeiro-ministro Yevgeny Primakov, que o atual ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, exaltou como um conceito que será estudado de perto por futuros historiadores, postula que um mundo unipolar organizado por um único centro global de poder (os Estados Unidos) é inaceitável para a Rússia. Em vez disso, a política externa russa deve se esforçar para um mundo multipolar administrado por um concerto de grandes potências – Rússia, China e Índia, incluindo, aliás, os Estados Unidos. De acordo com essa visão, a Rússia não deveria tentar competir sozinha com os Estados Unidos; em vez disso, Moscou deve procurar restringir os Estados Unidos com a ajuda de outras grandes potências e se posicionar como um ator indispensável com voto e veto, cujo consentimento é necessário para resolver qualquer questão-chave enfrentada pela comunidade internacional. Um outro argumento a favor da multipolaridade foi que um mundo unipolar é inerentemente instável.
Um dos elementos-chave da doutrina Primakov é sua insistência na primazia da Rússia no espaço pós-soviético e a busca de uma integração mais próxima com as ex-repúblicas soviéticas com a Rússia. Outros elementos-chave são oposição à expansão da OTAN e, mais amplamente, os esforços para enfraquecer as instituições transatlânticas (OTAN) e a ordem internacional liderada pelos EUA. A parceria com a China é o terceiro componente fundamental. Aqui estão os pilares da política externa russa hoje.
A adesão de Moscou à doutrina Primakov variou, ao longo dos últimos anos. Com a economia da Rússia ainda sofre com a intensa crise financeira de 1998, sua política externa foi enfraquecida por uma década de turbulência. Pode-se dizer que as opções de Primakov eram limitadas pelas dificuldades do mundo pós-soviético. Primakov optou por não seguir o exemplo dos EUA. Mas, à medida que a economia russa se recuperava e a política externa da Rússia melhorava, com Putin, as opções dos formuladores de políticas russos também se expandiram, houve uma transição gradual de uma oposição passiva ao ocidente coletivo americanizado para uma oposição mais e mais ativa.
Em 2014, as forças militares russas revisavam sua doutrina até para alinhá-la com a Doutrina Primakov. A doutrina passou a afirmar que uma guerra em larga escala contra a Rússia era improvável e enfatizou a capacidade de dissuasão. Ou seja, não estavam exatamente certos nisso daí. Então, os militares russos se afastam do conceito de guerras em grande escala, por sua vez, o Exército dos EUA afirma que os soldados com pouco tempo de experiência, não sabem o que é uma operação de combate em grande escala. Daí que o Exército dos EUA iniciou uma redefinição de seu treinamento para se preparar para uma grande e prolongada luta, prevendo uma grande competição no futuro. Obviamente, há uma diferença de visão entre o pensamento russo de longo prazo e o do Exército dos EUA.
A orientação escolhida por Primakov pode parecer excessivamente cautelosa nos tempos modernos. Foi um curso de concessões e manobras a fim de evitar ou adiar os conflitos. A Rússia proclamou que não vai será tornar vassalo de ninguém; ela quer porém manter relações de parceria com todos, desde que isso não afete a soberania nacional, tanto com o Ociente como com o Oridente. Uma das prioridades foi, como já dito, o fortalecimento da influência no espaço pós-soviético, através da criação de projetos de integração, nos quais a Rússia teria um papel de liderança.
A doutrina primakov significava que o pragmatismo, o realismo deveriam se tornar a principal qualidade da política externa russa. Na realidade pós-soviética, a Rússia não era capaz de se tornar um dos principais jogadores mundiais, ou seja, era preciso restaurar lenta e persistentemente a economia, acumular recursos e estabelecer contatos para, eventualmente, voltar a ser um dos pólos de poder. Essa doutrina lembrava extremamente a política de um dos ídolos de Primakov, o chanceler Gorchakov, que defendeu a capacidade da Rússia se concentrar, como um jogador antes da partida.
Daí que a Rússia precisava atingir seus objetivos em cooperação com outros países, principalmente com os novos gigantes asiáticos – China e Índia. Este movimento para o leste, como esperado, foi mal recebido pelo Ocidente intruso. No entanto, Primakov foi firme: Moscou deve cooperar com Nova Délhi e Pequim para coordenar esforços na arena internacional e promover o movimento em direção a um mundo multipolar.
Para Primakov isso não significava um confronto com o Ocidente. Nas condições de então, Moscou não podia fazer nada para impedir a expansão da OTAN, tanto é que houve o Maidan. Restava à Rússia agir diplomaticamente.
O “Ato Fundador de Relações Mútuas, Cooperação e Segurança entre a Federação Russa e a OTAN” foi adotado, e foi criado um canal através do qual a Rússia poderia ao menos transmitir suas preocupações ao Ocidente, uma vez que ainda não estava em seu poder impedir o avanço da aliança para o leste.
Evgeny Primakov é autor de várias monografias e obras, para se ter uma ideia, vou citar algumas aqui:
"Os países da Arábia e o colonialismo" (1956);
"O colonialismo é o pior inimigo do povo da Arábia Saudita" (1957);
"Conflitos Internacionais dos Anos Sessenta e Setenta" (1972);
"Egito: o tempo do Presidente Nasser" (1974);
Oriente Médio: Cinco Caminhos para a Paz (1974);
"Crise energética: a abordagem dos cientistas soviéticos" (1974);
"Crise Energética no Mundo Capitalista" (1975);
"Anatomia do conflito no Oriente Médio" (1978);
"Novos fenômenos no setor energético do mundo capitalista" (1979);
"O Oriente após o colapso do sistema colonial" (1982);
"Leste: a virada dos anos 80" (1983);
A história de um conluio: a política do Oriente Médio dos EUA na década de 1970 e 80 (1985);
"Ensaios sobre a História da Inteligência Estrangeira Russa" (em 6 vols, 1996);
O Mundo Depois do 11 de Setembro (2002);
Confidencial: O Oriente Médio em cena e nos bastidores (2006, 2ª ed. 2012);
"Campo minado da política" (2006);
“Um mundo sem a Rússia? A que leva a miopia política” (2009);
E muitos outros artigos e ensaios.
Os livros de E. M. Primakov foram publicados no exterior em chinês, italiano, inglês, búlgaro, turco, persa, árabe, alemão, japonês, grego, sérvio, macedônio, romeno e francês.
Matéria da Sputinik-Brasil
Ameaça de tarifa de 100% de Trump contra os BRICS pode ser um tiro no próprio pé. Vamos tentar entender isso daí.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor "tarifas de 100%" ao BRICS se ele criar sua própria moeda ou apoiar uma alternativa ao dólar americano.
O que isso significaria na prática?
1º) Vamos pensar, os Estados Unidos têm um déficit comercial de uns US$ 430 bilhões com os países membros do BRICS. Nenhum dos países parceiros do BRICS e candidatos à adesão aos BRICS—mais de 50 países no total — tem grandes déficits comerciais com os EUA, enquanto vários deles tem bons superávits. O potencial parceiro Vietnã, por exemplo, teve um superávit de US$ 109 bilhões, em 2023;
2º) Os EUA dependem dos BRICS para uma ampla gama de bens físicos, máquinas, produtos farmacêuticos e minerais de terras raras. Os BRICS fornecem de 40% a 70% da produção nesses vários setores. Enquanto isso, as principais exportações dos EUA — armas, petróleo, alimentos e carros — estão amplamente disponíveis globalmente, dentro dos países do próprio BRICS.
3º) Serviços e propriedade intelectual, que representaram US$ 1,1 trilhão em exportações dos EUA, em 2023, podem ser gradualmente substituídos por alternativas domésticas nos países do BRICS. Isso inclui coisas como franquias, design, software e serviços de consultoria.
4º) O dólar americano, como moeda de reserva mundial, é uma grande exportação, por si só. No entanto, as economias do BRICS, lideradas pela Rússia, já começaram a reduzir sua dependência da dívida dos EUA e do dólar, mudando para moedas locais no comércio, agora respondendo por 65% das transações de BRICS para BRICS.
A Rússia fez grandes esforços para se aproximar do Ocidente. Lá na Romênia, o candidato pró-russia ficou em primeiro lugar na eleição presidencial , o kalin georgescu, não é que seja um adorador da russia, não é isso, simplesmente é um grupo nacionalista romeno que não quer uma guerra mundial, simples assim, ele quer tratar a Rússia com respeito e fazer bons negócios, como todo mundo que tem bons neurônios. Quem quer guerra mundial são os loucos straussianos, os neocons, tipos completamente ideológicos, jazaros do lobby sionista, demonistas, gente de sociedades secretas, uns bilionários malucos etc. Se o grupo de georgescu se mantiver na romenia, já é uma tendencia, vai ganhar em outros países da Europa, vários países da Europa já defendem relação amigável com a Rússia, tem o Vittor Orban, tem esse cara da Romênia, o próprio trump disse que quer relação de respeito com a Rússia. Porque estamos falando de guerra mundial, a Rússia aposta na mudança política do ocidente, a Rússia não quer uma guerra com ocidente, ela nunca quis isso daí, a Rússia faz parte do ocidente, mas veja, não é essa coisa de ocidente e oriente, porque isso daí é errado, esse negocio de ocidente e oriente, quando se fala ocidente aqui, isso vem de uma perspectiva Romana, porque Roma era dividida em império do ocidente e império do oriente, o ocidente era latinizado, e oriente era ortodoxo e falava grego, era helenizado. O ocidente tinha liturgia Latina católica Latina, isso quando o império romano se converteu a cristianismo, o oriente pertendeu ao rito grego ortodoxo, já fiz vídeo sobre esse tema quando demonstrei as origens da russofobia. Os ortodoxos eram muito diversificados nas suas liturgias, teve o rito copta, russo, ucraniano, sírio etc, etc , então o rito ortodoxo se praticou em várias línguas de vários povos, e manteve a sua pureza original, sem modismos, sem adaptações, ainda que fosse , do ponto de vista linguistico, mito mais diversificado. A Rússia deseja boas relações com ocidente e, de certa forma, a Rússia tem obtido vitórias, por exemplo, na georgia, a georgia não quer entrar na União Europeia, ela ve a união europeia como inimiga, como fomentadora de belicosidade coma russia. Daí as ongs estão causando lá, mas o governo atual tem sido esperto, ele deixa as ongs fazerem protestos, fazerem as porcarias deles, mas não cede à pressão, então a georgia está do lado russo da força, com a entrada da jorgia na zona de influência russa a Armênia perdeu importância pro ocidente, Porque a Armênia não tem acesso para o mar e vive se oferecendo para o ocidente, então a Rússia tem obtido vitórias políticas, mais partidos querem ter boas relações com a Rússia. Esse cara da România nem era de partido e ele cresceu em popularidade muito rapidamente, até porque a guerra na Ucrânia vai ficando cada vez ficando mais impopular, o europeu tá perdendo dinheiro, a Alemanha está se desindustrializado, e a Alemanha sustenta o continente europeu inteiro, se a Alemanha se ferrar todo o continente Europeu vai se ferrar bonito, a vida boa vai ficar uma vida ruim, e daí vai aquel olaf schozs levar dinheiro, tanques etc para o jazaro zelenski, o olaf parece um cara chipado, às vezes, ligou para o Putin, daí levou uma tábua de Washington, em seguida foi a Kiev dar uma lambida no zelenski. Cara ensaboado esse Olaf, acho que é fim de carreira.
Os Estados Unidos e a Rússia tiveram uma relação frequentemente respeitosa ou, ao menos, civilizada, várias vezes, claro que não serão muito parceiros porque são duas grandes potências. Na época da guerra fria foram grandes parceiros nos projetos especiais.
É claro que podem ter uma relação civilizada, assim como a Rússia e a China tem uma relação civilizada, inclusive porque esses dois países são frequentemente ameaçados pelo ocidente agora. Esperemos que as coisas melhorem!
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