Genocídio ou Holocausto?

 Mais um brasileiro abatido na Ucrânia, isso é vergonha. Trata-se de um vexame o fato de tantos brasileiros terem passado pelas forças militares ucranianas para lutar contra o futuro do Brasil (que se encontra na multipolaridade, que só pode ser alcançada pelas transformações internacionais impulsionadas com a deflagração da operação militar especial).

Quanto à pessoa em questão, sabe-se que não era uma boa pessoa. Fratricida no Brasil, fugiu daqui para a Ucrânia para lá também matar - matar russos. 

Mas o maior vexame é o que leva brasileiros como ele a ir para a Ucrânia. Páginas e canais de "análise militar" e "análise geopolítica" que desde o começo do conflito difundem informações falsas sobre a Rússia: A munição russa está acabando, a Rússia vai colapsar, os russos não sabem combater, os oficiais russos são incompetentes, as armas ocidentais são milagrosas, a Rússia está usando equipamentos da Segunda Guerra Mundial, a Rússia não tem superioridade aérea e só dá para vencer guerras com superioridade aérea, etc.

E é daí para baixo, porque tendo contatos tanto com setores de inteligência ocidentais quanto com setores de inteligência da Ucrânia, o que essas páginas e canais fazem é, verdadeiramente, um mercenarismo discreto. São agências de mercenarismo que convencem, recrutam e organizam a remessa de brasileiros para lutar contra o Brasil na Ucrânia.

E o fazem com informações falsas. E tudo isso com zero intervenção do Estado brasileiro.

Não é só aqui. Soube essa semana que no Uruguai há pessoas batendo de porta em porta oferecendo 3.300 euros, tipo Testemunhas de Jeová, para quem for lutar pela Ucrânia. Um ultraje tolerado pelas autoridades.

No fim das contas, todo esse contexto revela a indigência intelectual e psicológica brasileira e a total fragilidade cultural da comunidade nacional diante das influências malignas emanadas a partir dos centros de produção de consenso do Ocidente. (Raphael Machado)


GENOCÍDIO E HOLOCAUSTO

15 a 20 milhões de congoleses mortos pela Bélgica

1,5 milhões de indianos mortos por ingleses nos anos 40 do século XX

165 milhões de indianos mortos pelos ingleses em 40 anos.

3,8 milhões mortos na guerra dos EUA no Vietnã, 1,7 milhões de nativos e 4,5 milhões de muçulmanos e árabes mortos pelos EUA no século XXI.

25 milhões de chineses mortos pelos japoneses.

Pelo menos 200 milhões de mortos pelo imperialismo britânico.

Mais de 70 milhões de mortos pela colonização ibérica na América.

Genocídio é o extermínio deliberado de um povo - diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas e/ou ociopolíticas - no total ou em parte.

Termo cunhado por Raphael Lemkin em 1944, combinando a palavra grega γένος (genos, "raça, povo") com o sufixo latino -caedo ("ato de matar")

Embora de criação recente, o termo designa algo presente em todos os milênios da história humana, conhecido por muitos outros nomes.

Holocausto tem sido utilizado para denominar o fenômeno de destruição sistemática - perseguição, exclusão sócio-econômica, expropriação, trabalho forçado, tortura, guetização e extermínio de povos. Ou seja, praticamente sinônimo de genocídio.

Em 1833 o Oxford English Dictionary usou para descrever os massacres humanos de Luís VII. Ainda nesse século o The New Uork Times usou para descrever o massacre de armênios por otomanos, e no início do século XX foi usado pro genocídio turco contra na Anatólia .

Na etimologia grega: ὁλόκαυστος, holókaustos: ὅλος, "todo" e καυστον, "queimado", significando "oferta de sacrifício completamente (ὅλος) queimada (καυστον)" ou "algo queimado oferecido a um deus".

Quando se aproximava a 2ª Guerra Mundial, jornais se referiam como um “segundo holocausto”, referindo-se à 1ª Guerra Mundial como holocausto.

Temos assim que muito antes da palavra genocídio ser cunhada, holocausto era uma das principais formas de designar o mesmo fenômeno social.

Como vimos nos números do início do post, genocídios ocorreram em variadas dimensões quantitativas nos diversos continentes, e pra muitos deles o termo holocausto serviu de designação antes mesmo que o termo genocídio existisse.

No genocídio da Segunda Guerra, vitimando ciganos, negros, gays, judeus, deficientes, russos, e muitos outros, a expressão holocausto foi novamente empregada, antes, durante e depois.

A construção mais recente de uma exclusividade desse acontecimento para designar holocausto não parece ter outra explicação que não tratar-se de um genocídio na Europa. 

Para os judeus, inclusive, Shoah (שואה) - que significa "calamidade" em hebraico - é que tornou-se o termo padrão para este holocausto.

A grafia com inicial maiúscula e mesmo o uso de um artigo definido antes (O Holocausto, The Holocaust) se aprofundou no Ocidente nos últimos 50 anos, reverberando a ideia de um evento único designado por este termo.

De toda forma é importante frisar que esse debate surge pelo Presidente do Brasil, após diversos Chefes de Estado africanos, turcos e árabes, comparar o genocídio atual feito por Israel com aquele promovido pelos nazistas.

O termo holocausto, inclusive, sequer foi citado por Lula

Questionado sobre a decisão do governo brasileiro aumentar suas doações para a Agência da ONU para refugiados palestinos, Lula criticou os líderes dos países que apoiam Israel que decidiram suspender as contribuições.

“Em Gaza não acontece uma guerra, mas um GENOCÍDIO. Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças. O que está acontecendo com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”

Lula falou a palavra genocídio e citou aquele que tem ligações históricas com o Estado perpetrador do atual

A citação é sociológica e historicamente correta. E a parte “nenhum outro, aliás, um” não visa omitir os demais, mas reforçar estilísticamente a ligação intrínseca apontada no último parágrafo (Samuel Braun)

 

JEFFREY SACHS“Se Israel corre uma ameaça existencial, é por causa da política que Israel está a seguir.  

O que aconteceu em Israel é que a política passou do pragmatismo ao messianismo. Israel caiu nas garras de um movimento religioso messiânico. 

Quero dizer isso literalmente, não quero dizer isso figurativamente.  

Os judeus nacionalistas religiosos em Israel adotaram a ideia de que Deus, no Livro de Josué, prometeu toda a terra, incluindo a Palestina, de modo que qualquer compromisso ou retirada violaria a palavra de Deus.

Bem, isso é messianismo. Não é isto que leva à sobrevivência; é isso que leva ao desastre. E Israel não era assim há 50 anos. Ah, foi duro, foi agressivo, mas não foi assim. Isto agora é extremismo.  

E você olha para o gabinete: Netanyahu é um extremista; o Ministro das Finanças, Smotrich, é um extremista; o Ministro do Interior, Ben-Gvir, é um extremista; o Ministro da Defesa, Gallant, é um extremista. Estas são pessoas comprometidas em não ter um Estado palestino.  

Estão a comprometer-se com o domínio israelita sobre todo o território, mas há 7 milhões de palestinianos lá, o que significa limpeza étnica.  

É isso que estão a tentar fazer em Gaza, e é um crime de guerra, e é um desastre de todas as formas possíveis: humana, física, geopolítica."

Jeffrey David Sachs (Detroit, 5 de novembro de 1954) é um economista norte-americano liberal, conhecido pelo seu trabalho como conselheiro econômico de diversos governos, da Bolívia e alguns dos países que faziam a transição de uma economia planificada no fim da Guerra Fria para o regime capitalista como a Polônia, Estônia e a Eslovênia e na Rússia após o fim União Soviética.


O que o chapéu de alumínio não sabe e não quer saber? Vamos contar aqui, veja, muitos dizem que o suplício dos palestinos começou há 75 anos. Isso não é exato. A atual situação começa em 1914, 110 anos atrás, com a dominação britânica sobre a Palestina. O imperialismo impôs, então, uma ditadura militar aos palestinos enquanto dava total liberdade e apoio à minoria sionista (o império britânico foi gerido por banqueiros sionistas).

Houve vários levantes contra essa situação, sendo o maior deles em 1936-39, uma verdadeira revolução palestina, reprimida da forma mais brutal possível pelo imperialismo britânico com DEZENAS DE MILHARES de milhares de mortos, e milhares de presos e exilados. Os sionistas participaram ativamente da repressão. 1948 foi a culminação da tomada da Palestina pelo imperialismo-sionismo.


Como previsto pelos melhores analistas, a guerra de Israel contra a população civil palestina está ESCALANDO. 

NESTE MOMENTO, o Hezbollah bombardeia as Colinas de Golã, ocupadas por Israel  

Em resposta ao bombardeamento israelita do Líbano, há alguns poucos dias, esta noite, o Hezbollah está bombardeando colonatos israelitas nas Colinas de Golã ocupadas. Vários edifícios já foram destruídos.  

A Cúpula de Ferro (Iron Dome) falhou.


O representante chinês na Corte Internacional de Justiça fez hoje uma vigorosa defesa do direito de resistência do povo palestino. Citando resoluções da Assembleia Geral da ONU e de outras organizações internacionais, Ma Xinmin evocou a legislação internacional que respalda o direito dos povos de resistirem ao colonialismo e à ocupação e dominação estrangeira.


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