CONSERVADORISMO DE VERDADE

 O mais interessante e inteligente dos líderes europeus contemporâneos é Viktor Orban, Primeiro-Ministro da Hungria.

De família tradicional comunista, estudou a filosofia liberal na Inglaterra, recebeu uma bolsa dos programas de George Soros. Nos anos 90, abandonou o viés liberal. Orban é o que pode dizer como um autêntico conservador, um patriota, um soberanista. Governando a Hungria desde 2010 (o governante mais longevo da Europa) transformou profundamente a Hungria afastando-a da democracia liberal e do globalismo, sobretudo coloca o interesse do húngaro acima de quaisquer princípios liberais fantasmagóricos.

Um dos principais esforços foi o de reforçar o tecido social por meio de incentivos familiares, como subsídios para aquisição da casa própria, ampliação dos direitos trabalhistas ligados à maternidade e paternidade, programas de transferência de renda para novas famílias, ou seja, foco em políticas públicas e sociais. 

Na economia, trata-se de uma economia fortemente dirigista, o Estado é o principal investidor e promotor do crescimento. Se descontarmos os períodos de crise global (como o do covide), a Hungria tem tido um crescimento econômico razoável e um princípio de industrialização, ao contrário da Europa, cujos problemas aumentam e a tendência é a desindustrialização. A Hungria tem hoje um dos menores índices de desigualdade econômica, melhor do que a média européia inclusive.

Além disso, a Hungria tem se mantido a salvo do projeto globalista de desestabilização social e étnica, através da imigração exagerada. Como soberanista, Orban defende uma Hungria para os húngaros, e não para a "humanidade". Neste sentido, a mídia privada foi retirada de mãos estrangeiras, as ONGs foram submetidas a forte regulação estatal, especialmente no que concerne a financiamento. Na Hungria não se aposta muito nas políticas progressistas do ocidente, não há, por exemplo, a relativização da sexualidade tradicional.

O destaque húngaro, porém, tem sido na política externa. Tendo ingressado na União Europeia e estando na OTAN, a Hungria tem trilhado um caminho razoavelmente independente, apesar das condições desfavoráveis.

A Hungria permanece sendo a principal voz adulta e realista no que concerne a questão Rússia-Ucrânia, se opondo à ruptura com a Rússia e denunciando o apoio material à Ucrânia. Nesse sentido, a Hungria tem dificultado os atos pró-americanos das elites ocidentais contra a Rússia.

A Hungria segue tendo boas relações com a Rússia, mesmo sob ameaças de sanções, ampliou suas relações com o Irã e tem se preparando para se integrar na "Rota da Seda" da China.

Quanto ao Ocidente, considerando as ameaças e conspirações, tudo indica que Orban está esperando o avanço russo até o oeste da Ucrânia para se tornar ainda mais ousado em seus desafios a Bruxelas, Londres e Washington.


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