O GOLPE CONTRA SI MESMO

 Evito criticar Olavo de Carvalho (às vezes não consigo) até porque estudei com ele e entendo o papel que teve como porta de entrada para muita gente boa e bem intencionada. 

É lamentável o desespero que se abateu sobre os olavetes, são ataques delirantes, pior, sem sentido. Parece que o caldo engrossou com a entrevista de Putin a Carlson (talvez a prisão de Filipe Martins tenha sido a gota d'água). Putin virou um "homão" (acho que estão "pensando" em Conan, o Bárbaro), um outro, com muitos seguidores, se recusa a dizer 'Pútin', o "homão" tem de ser chamado de 'pudim'. 

Para alguns órfãos do Olavo, restaram chavões e choramingos dominicais (e tem de ser a missa tridentina!), senão, veja, o malvado "perenialismo francês", cáspite, quem não sabe que Olavo de Carvalho foi profundamente influenciado por René Guénon e Frithjof Schuon? 

"Lóbi russo ou chinês"? É algo nunca visto por aqui, mas vêem isso em cada esquina! Ora, ora, a geopolítica de Olavo sempre acabava na defesa incondicional dos EUA e Israel, a ponto de justificar a guerra do Vietnã, louvar o "povo escolhido" como "o mais amado por Deus" etc, etc. 

Outro exemplo, mencionam como "verdadeiro nacionalismo" nomes como Oliveira Vianna e Gustavo Barroso, ambos influenciados pelas correntes européias de suas épocas, de Sorel ao fascismo. 

Minhas diferenças com olavistas começou com a "crítica" ao perenialismo e a Dugin. Se você sequer LER Dugin vc é duguinista, por toda a eternidade, pior, se vc ler Dugin, está "contra o Brasil", kk. 

Até Nando Moura e Felipe Neto têm mais substância do que essa galera.

Algo deu muito errado ali, no dia 08 de janeiro de 2023. Aquilo que dá errado nunca se vai chamar revolução ou contra-revolução, chama-se apenas GOLPE, e o militar caído no engodo, o próprio que o perpetrou, passa a ser o golpista, vira um desertor, alguém que planejou roubar armas da República para entregá-las a uma facção política em troca de boquinha.

O golpismo se torna ainda mais torpe se se sabia que a narrativa das urnas eletrônicas não vingaria. Mauro Cid, ajudante-de-ordem de Bolsonaro, admitiu que nada de consistente foi encontrado pelas diversas auditorias nas urnas eletrônicas, ou seja, não se poderia usar uma prova que não existe. Diante disso, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima concluiu brilhantemente que, se não se prova fraude nas urnas então é melhor o golpe mesmo. Planejar um fracasso é a pior escolha já vista nos anais da República, errar é humano, estamos sujeitos a lapsos e enganos, agora, planejar um erro em cima de uma impossibilidade é se jogar na boca do dragão, em vez de correr. 

Resta saber se foi ou não o olavista Filipe Martins quem escreveu a minuta do golpe, segundo se lê ali, Moraes, Gilmar, Rodrigo Pacheco e outras autoridades seriam encarceradas, e seria determinada uma "nova eleição", na qual, necessariamente, o capitão da neodireita seria reeleito. No Brasil é assim. Logo saberemos.

Sobre fraude no código-fonte, eu fui mesário e vi, com meus olhos, que a eleição esteve sempre muito equilibrada, pau a pau. Então se foi manipulada foi muito bem manipulada. 

É como a história da nota de 100 dólares, se eu fizer uma nota de 100 dólares, no porão da minha casa, e ninguém conseguir provar que é falsa, então ela é verdadeira. 

Eu não duvido de que um software puxa 1% aqui, 1% ali, numa eleição disputada, só que fazer outra eleição é inviável, além de caro é um tapa na cara do eleitor.

Sobre a Terra Prometida, da ONU. 'Se os israelenses representam a "civilização", sinto-me confortado em meu apreço por tudo que historicamente tem sido chamado de barbarismo e selvageria'. Por outro lado, tem 100 mil israelenses nas ruas de Israel pedindo para Netanyahu parar de matar crianças, mulheres e famílias de civis, em Gaza. Protesto com um século de atraso. Felizmente nem todo israelita é sionista.