DANIEL ESTULIN ENTREVISTA ALEXANDER DUGIN

 Aqui está a versão revisada, corrigida e adaptada da entrevista com o Dr. Alexander Dugin, formatada para um podcast de geopolítica. O texto foi ajustado para maior clareza, formalidade e fluidez, mantendo o conteúdo original, mas organizando-o de forma mais explicativa e completa, adequada a um público interessado em análises geopolíticas profundas. A linguagem foi polida para soar natural em um formato de áudio, com transições suaves e uma estrutura que facilita a compreensão.


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**[Abertura do Podcast]**  

**Apresentador:** Bem-vindos ao [nome do podcast], o seu espaço para análises profundas sobre geopolítica e os rumos do mundo contemporâneo. Hoje, temos a honra de conversar com o Dr. Alexander Dugin, filósofo político russo e autor do recém-lançado livro *A Revolução de Trump*. Nesta entrevista, vamos explorar suas perspectivas sobre a guerra na Ucrânia, o papel dos Estados Unidos, da União Europeia e o impacto da ascensão de Donald Trump no cenário global. Dr. Dugin, é um prazer tê-lo conosco. Para começar, o senhor poderia nos contar como enxerga o momento atual do conflito entre Rússia e Ucrânia, especialmente após a chegada de Trump ao poder?


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**[Resposta do Dr. Alexander Dugin]**  

**Dr. Dugin:** Obrigado pelo convite. Estamos, de fato, em um momento crucial. A Rússia está muito próxima da vitória no conflito com a Ucrânia, mas a questão agora é: o que vem a seguir? Para onde a Rússia irá a partir daqui? Qual será o destino da Ucrânia? Essas perguntas não têm respostas simples ou definitivas, e eu acredito que não devemos nos precipitar em prever o resultado final dessa guerra. Sim, é evidente que a Rússia está em uma posição de vantagem militar, mas a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos mudou completamente a perspectiva sobre esse conflito e revelou dinâmicas que antes não estavam tão claras.


Para começar, ficou evidente que essa guerra nunca foi, em sua essência, um confronto direto entre Rússia e Ucrânia. Desde o início, tratou-se de uma guerra por procuração, iniciada e alimentada pelos Estados Unidos — mais especificamente, pela administração globalista e liberal de esquerda que dominava o poder em Washington até recentemente. Eles utilizaram a Ucrânia como um palco para enfrentar a Rússia, que viam como um obstáculo à consolidação de um mundo unipolar, sob a hegemonia do Ocidente liberal. No entanto, com Trump no poder, essa narrativa foi desmascarada. O que antes era obscurecido por uma propaganda globalista agora se tornou transparente: lutamos não apenas contra os Estados Unidos como nação, mas contra uma elite globalista, o chamado "Estado profundo", que transcende fronteiras e impõe uma ideologia específica.


Esse "Estado profundo" americano, com sua visão liberal de esquerda, considerava a Rússia uma ameaça existencial ao projeto de dominação global. Não era uma questão de rivalidade com o Ocidente como um todo, nem mesmo com os Estados Unidos enquanto país, mas com esse sistema ideológico que buscava moldar o mundo à sua imagem. A chegada de Trump ao poder expôs essa realidade ao mundo, e a opinião pública global, antes manipulada por uma narrativa falsa, começou a enxergar os verdadeiros contornos desse conflito.


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**[Análise da Situação Atual]**  

**Apresentador:** Fascinante. O senhor mencionou a mudança de postura dos Estados Unidos com Trump. Como isso impacta o conflito agora, especialmente em relação à Ucrânia e à União Europeia?  


**Dr. Dugin:** Com Trump, os Estados Unidos deram um pequeno, mas significativo, passo atrás. Eles continuam fornecendo armas e apoio à Ucrânia — isso não parou —, mas há sinais de recuo estratégico. Por exemplo, a administração Trump proibiu o envio de mísseis de longo alcance para uso em território russo, uma decisão que marca uma diferença em relação à política agressiva da gestão anterior. Esse pequeno ajuste já enfraquece diretamente a capacidade militar ucraniana, porque, sejamos francos, se a Rússia estivesse enfrentando apenas a Ucrânia, sem o suporte massivo do Ocidente, essa guerra teria terminado em poucos meses — talvez quatro ou cinco, no máximo. Mas não foi esse o caso. Enfrentamos os Estados Unidos, a OTAN e o que chamo de "Ocidente coletivo", que, aliás, já não é mais tão coletivo assim.


Agora, a União Europeia assumiu um papel curioso. Ela continua a guerra contra a Rússia na Ucrânia, alinhada à sua visão globalista e liberal, mas ao mesmo tempo se encontra em uma posição delicada. A UE está, de certa forma, em conflito com os Estados Unidos de Trump, quase como se tivesse declarado uma guerra indireta contra ele. Isso cria uma situação inédita: a Europa lutando em duas frentes — contra a Rússia no leste e contra a nova orientação americana no oeste. Se os Estados Unidos, sob Trump, reduzirem ainda mais seu envolvimento — cortando inteligência, tecnologia, armas e financiamento —, a Ucrânia colapsará rapidamente. A guerra poderia acabar em semanas. Por outro lado, se a UE decidir substituir os EUA como principal apoiadora da Ucrânia, teremos um novo cenário: um confronto direto entre Rússia e União Europeia, com os Estados Unidos em um papel secundário ou até neutro. Isso muda tudo.


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**[O Papel de Putin e Trump]**  

**Apresentador:** O senhor destacou que o futuro depende de grandes potências. Como o senhor vê as negociações entre Putin e Trump nesse contexto?  


**Dr. Dugin:** Exatamente. O destino dessa guerra não está nas mãos de Zelensky, dos soldados ucranianos ou de suas tentativas de negociar a paz. Isso é irrelevante. O que importa, o que realmente definirá o futuro, são as conversas entre Vladimir Putin e Donald Trump. São eles que estabelecerão as novas regras do jogo global. Se chegarem a um acordo, poderemos vislumbrar uma nova arquitetura mundial, e só então entenderemos o que acontecerá com a Ucrânia e o equilíbrio de poder no mundo. A Rússia vencerá? Talvez sim, talvez não. Não podemos prever com certeza, porque tudo depende dessa relação entre Moscou e Washington. Os regimes em Kiev, por mais barulho que façam, não têm poder real nessa equação. As decisões estão nas mãos das grandes potências.


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**[Os Dois Estados Profundos]**  

**Apresentador:** Professor Dugin, o senhor mencionou o "Estado profundo" americano algumas vezes. Em um artigo recente, o senhor sugeriu que não existe apenas um, mas dois níveis de "Estado profundo". Pode nos explicar essa hipótese?  


**Dr. Dugin:** Sim, é uma análise que venho desenvolvendo, mais como uma hipótese do que como uma certeza. O "Estado profundo" que os trumpistas combatem é aquela estrutura administrativa e ideológica que se formou ao longo de décadas nos Estados Unidos. Refiro-me a uma elite globalista, de tendência liberal esquerdista, que infiltrou governos, agências, departamentos e transformou a máquina estatal americana em um instrumento de sua visão de mundo — um mundo unipolar, globalizado, sob o domínio de uma ideologia específica. Quando Trump chegou ao poder, ele e seus aliados iniciaram uma luta feroz contra essa estrutura, tentando desmantelá-la.


Mas aqui surge uma questão intrigante: como Trump conseguiu chegar ao poder e iniciar essa revolução? O descontentamento popular com a agenda globalista foi, sem dúvida, um fator crucial — foi a base de sua vitória eleitoral. No entanto, o "Estado profundo" é incrivelmente poderoso, com controle sobre sistemas administrativos, agências de inteligência e recursos financeiros. Seria ingênuo pensar que apenas o apoio popular bastou para derrotá-lo. Isso me leva a especular que pode haver algo mais profundo, um segundo nível de "Estado profundo", que permitiu ou até facilitou a ascensão de Trump.


Não estou afirmando isso como fato, mas como uma possibilidade analítica. Imagine que esse "Estado profundo mais profundo" — uma força ainda mais oculta e influente — tenha decidido dar a Trump um mandato para corrigir os excessos do globalismo liberal, que estava entrando em colapso por sua própria degeneração. Se fosse assim, Trump não estaria destruindo o "Estado profundo" como um todo, mas apenas uma de suas facções, aquela alinhada ao liberalismo de esquerda. O que me fascina é que, logo após assumir o poder, ele colocou figuras radicais e anticonvencionais em posições-chave — como Kash Patel, Tulsi Gabbard, Robert Kennedy Jr. e Elon Musk. Isso é uma revolução política e ideológica em todos os sentidos. Como ele conseguiu isso sem ser neutralizado antes? Por que não o eliminaram, com todo o poder que o "Estado profundo" possui?


Minha hipótese é que há algo maior em jogo, algo que transcende o "Estado profundo" visível. Não sei o que é exatamente — talvez uma força conservadora dentro das elites americanas, talvez um cálculo estratégico de longo prazo. É apenas uma tentativa de compreender um fenômeno que, para mim, é um milagre político. Eu apoio essa revolução conservadora, esse retorno aos valores tradicionais e à normalização das relações humanas, mas confesso que ainda estou tentando decifrar como ela se tornou possível.


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**[Encerramento]**  

**Apresentador:** Dr. Dugin, suas reflexões nos deixam com muito a ponderar sobre o futuro da geopolítica global. Agradecemos imensamente por compartilhar suas análises conosco. Aos nossos ouvintes, fiquem atentos para mais episódios do [nome do podcast]. Até a próxima!


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