REVOLUÇÃO E DIREITA

 Negar a possibilidade de processos revolucionários é uma tendência de parte do homem contemporâneo, fragilizado por um mundo superficial e hiperconectado, onde as redes sociais muitas vezes diluem a percepção das tensões históricas.

A revolução, no entanto, é um fenômeno que pode emergir, seja nesta geração, seja nas próximas. Sua intensidade depende de condições históricas: quanto maior a desigualdade ou a repressão, mais radical pode se tornar. É inútil culpar a revolução por sua brutalidade. Não é o movimento em si o responsável pela violência, mas a interação entre ele e as forças que resistem à mudança — frequentemente um sistema liberal, arrogante e dominador. Desse choque nascem as grandes comoções.

Karl Marx, demonizado pelo capitalismo, não inventou a revolução. Ele a analisou genialmente, identificou sua origem nas contradições materiais da sociedade, como a exploração e a alienação. Mais do que um idealista, foi um sistematizador, deu direção a um processo que viu como inevitável.

A revolução pode ser vista como a resposta visceral de uma sociedade viva, organismo que reage a um mal estrutural — como a desigualdade extrema ou a perda de autonomia — forçado a existir de modo contrário às necessidades mais profundas. 

A renovação é custosa, nada no mundo se equipara à revolução, grandiosa, inspiradora e trágica. Os poderosos desenvolvem estratégias — leis, propaganda, violência — para sufocar o ímpeto na raiz. A repressão excessiva não elimina a chama, a comprime, torna-a latente, potencial, pode irromper com força imprevisível. A história mostra que tentativas de "destruir a destruição" podem adiar o inevitável, até um certo limite



A direita bolsonarista e olavista não é lá muito democrática, mas foi forçada a isso. 

A direita militarista, remanescente do regime militar, é mais complexa; obrigada a entregar a batuta aos civis em 1985, está presente nos dois polos políticos na disputa por corações e mentes, ambos em estado de apatia.

Seguindo a análise anterior sobre as correntes de direita atuais

Uma direita liberal, focada em corrigir a elefantíase estatal, valoriza as instituições democráticas, ao contrário das tendências autoritárias e populistas do bolsolavismo. Seu problema é sei elitismo urbano e sua desconexão com as grandes massas, vide, por exemplo, as dificuldades do projeto de Milei na Argentina... 

A direita "religiosa", em torno de tipos como Malafaia, Macedo, na Frente Parlamentar Evangélica etc, está alinhada à direita "Jair de Carvalho", mas pode se descolar disso, como já ocorre em eleições municipais. 

Uma direita tecnocrática, espécie de "evolução" do MDB e PMDB pode vir a ser uma vertente importante se captar anseios populares, esparsos, de soberania, de reindustrialização, pela via de desenvolvimento próprio, nacional. 

Tarcísio poderia ir por esta linha, mas ainda segue preso a Bolsonaro ou tem um braço no neoliberalismo privatista.

Na esquerda, Aldo Rebelo pode crescer como o homem providencial, se captar apoio de certos setores. Ciro Gomes é alguém a ser considerado. 

Uma direita "agro-liberal" pode ir para qualquer lado, inclusive o dos BRICS, mas é mais ligada a lucro do que ao Brasil.


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