A ÁGUIA SE DEBATE E ESPIRRA, MAS VAI SER COMIDA
A Volkswagen é, talvez, o maior exemplo de empresas alemãs que enfrentam desafios atualmente.
A montadora anunciou planos para fechar fábricas, demitir funcionários e reduzir suas operações no país.
Indústria automobilística: Empresas como BMW e Mercedes-Benz reduziram suas previsões de lucro devido à queda na demanda, especialmente na China.
A Alemanha como um todo está enfrentando dificuldades para se recuperar, com alguns analistas prevendo uma "década perdida".
Por que isso está acontecendo?
1) Transição para veículos elétricos: A indústria automotiva está passando por uma grande transformação, com a crescente demanda por carros elétricos. As empresas alemãs, tradicionalmente fortes em motores a combustão, estão tendo que se adaptar rapidamente a essa nova realidade.
2) Aumento dos custos: A inflação e o aumento dos custos de produção estão pressionando as margens das empresas. A Alemanha gozou, e isso vem de muitos anos, do barato gás e petróleo russo. Ao aceitar que os EUA destruísse o principal gasoduto, o nord stream 2, um ato de guerra, a Alemanha revelou toda a sua fragilidade, sua incapacidade de fazer seus próprios negócios, sua impossibilidade de determinar o seu próprio futuro. Os gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2 foram projetados para transportar gás natural da Rússia para a Alemanha, passando pelo Mar Báltico. Essas infraestruturas energéticas gigantescas se tornaram símbolos de interdependência energética entre a Europa e a Rússia, mas acendeu a hostilidade dos EUA que viram no comércio entre a Alemanha e a Rússia uma perda de mercado.
Nord Stream 1
O Nord Stream 1, o primeiro dos dois gasodutos, foi inaugurado em 2011. Foi projetado para transportar grandes volumes de gás natural russo diretamente para a Alemanha. Tornou uma peça-chave na matriz energética europeia, fornecendo uma fonte de gás relativamente barata e confiável para a Alemanha e outros países da União Europeia. O Nord Stream 1 foi alvo de disputas geopolíticas, os EUA se apossaram politicamente da Ucrânia, em 2014, e passou a hostilizar o comércio entre a Alemanha e a Rússia. O Nord Stream 2, foi pensado para ampliar a compra do baratíssimo gás russo, tem a capacidade de transportar o dobro de gás que seu antecessor. Foi concluído em 2021, os EUA sabotaram o gasoduto para impedir a Alemanha de comprar da Russia.
As sanções impostas à Rússia em resposta a OME russa na Ucrânia levou os EUA a sabotar os gasodutos interrompendo e prejudicando o livre comércio europeu. A energia ficou mais cara, a Europa se viu obrigada a comprar o gás estadunidense, à base de xisto betuminoso, muito mais caro.
A paralisação dos gasodutos, por ordem da CIA e do Pentágono, teve um impacto significativo no mercado de gás natural europeu, levando a um aumento generalizado dos preços. Os gasodutos eram uma garantia de segurança energética para a Europa, especialmente para a Alemanha. A Rússia obteve outros compradores rapidamente, sobretudo a Índia e a China, à frente, mas também Turquia, Hungria e Servia, entre outros.
A crise da indústria automotiva alemã não significa que é necessário mudar o modelo energético a toque de caixa, como fazem supor os adeptos do ESG e do DEI (ESG significa Ambiental, Social e Governança Corporativa, a DEI significa Diversidade, Equidade e Inclusão), mas que na natureza dos negócios não se vai substituir um modelo por outro na base da pancada e da sabotagem. A transição para uma economia mais sustentável e digital significa, como o nome diz, uma TRANSIÇÃO, e não uma destruição da economia da Alemanha.
A Volkswagen é o maior exemplo de empresas alemãs que enfrentam desafios devido à transição imposta pelos ianques e ideólogos globalistas. Mas não só, empresas como BMW, Mercedes-Benz, Stellantis (dona das marcas Fiat, Peugeot, Citroën) e Renault também sentem os impactos da desaceleração do mercado, da alta do preço da energia e da concorrência.
Outros setores também estão sentindo os impactos:
Outros setores: Bancos europeus como Deutsche Bank, Credit Suisse, HSBC e Barclays têm enfrentado desafios devido à controversa regulamentação, as taxas de juros mais baixas e a concorrência dos bancos digitais. O Goldman Sachs e o Morgan Stanley são afetados pela volatilidade dos mercados financeiros e pela desaceleração da economia global. Grandes redes de varejo como a Inditex (Zara), H&M, Carrefour e Tesco enfrentam desafios como a concorrência do comércio eletrônico, a mudança de hábitos de consumo e a necessidade de se adaptar à economia digital. Lojas de departamento tradicionais como Macy's e Sears têm enfrentado dificuldades para atrair clientes e competir com lojas online.
A política externa dos EUA tem sido bastante nociva. Dezenas e dezenas de operações de mudança de regime, guerras, esforços dirigidos pela CIA para derrubar regimes ao redor do mundo etc. Quanto mais você sabe, maior a sua decepção, o que é mais óbvio é que este modus operandi não funciona.
Atualmente estamos num mundo em transição, 13 países já se uniram no sul global.
Há um sistema de pagamento independente crescendo no BRICS, muita conversa sobre a reforma do sistema financeiro mundial. Muita conversa na mídia ocidental dizendo que, afinal, Putin não está tão isolado assim!
Há muita coisa na Bloomberg, na BBC, estão dizendo que as medidas dos americanos contra a Rússia estão falhando.
Bom, vamos falar sobre esse Ocidente, o que queremos dizer com o Ocidente?
Não é exatamente uma descrição geográfica, significa, essencialmente, uma aliança dos EUA no mundo, é uma aliança militar, e também uma aliança econômica. Ocidente são os Estados Unidos, o Canadá, a Grã-Bretanha, a União Europeia, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, e vários outros países. São 27 países da União Europeia, mais o Canadá e os Estados Unidos fazem 29, a Grã-Bretanha faz 30, Japão, Coreia 32, Austrália, Nova Zelândia faz 34, jogando mais 6 ou mais, você pode jogar mais uns 10 pequenos, que, por um motivo ou outro, estão ligados aos EUA. Quando pensarmos em população, teremos talvez 1,1 ou 1,2 bilhões de pessoas no Oeste, isso é, em um mundo de 8 bilhões de pessoas, 15% da população do mundo são “ocidentais”. Onnde estão as demais pessoas? Bem, claro, a China e a Índia são 2,8 bilhões, a África, outro 1,4 bilhões, temos aqui 4,2 bilhões, então a União Africana, a Índia e a China são mais do que metade do mundo, e eles não fazem parte do Oeste, não são ocidentais.
E quando você adiciona os países da Ásia do Sul, uma população de 800 milhões de pessoas, os países árabes, além do Irã, e mais alguns outros, chegaremos a 85% do mundo, também não são ocidentais. Há, claro, uma certa hegemonia do Oeste, há muito tempo, há pelo menos 200 anos que o Oeste gerencia o mundo. Mas isto está chegando ao fim, porque não são só os números da população, o PIB é um dado importante, o produto interno bruto.
A medida do PIB é importante em muitos contextos, pode-se medir o grau de influência de um país no mundo pelo seu PIB, em geral, medido em dólares. Considerando o poder de paridade de preço, que mede o valor de compra do dinheiro, a China já é 25% ou 30% maior do que a economia dos Estados Unidos.
O BRICS são 9 ou 10 países agora, não se sabe ainda se a Arábia Saudita virá aos BRICS.
Na reunião de Kazan havia 36 países na mesa BRICS. Esses 36 países eram 57% da população mundial, considerados pelo poder de compra eram 46% do poder de compra mundial.
Então é uma parte importante do mundo. É, agora, uma parte do mundo mais importante do que o ocidente. O Oeste acredita que domina o mundo, os Estados Unidos acreditam piamente que dominam o mundo por causa de seu poder militar dominante, que é, sem dúvida, muito forte.
Mas o que vemos agora no campo de batalha na Ucrânia mostra que os EUA não são tão dominantes quanto creem. A Rússia derrotou a Ucrânia no campo de batalha. Os números estão do lado da Rússia quando se trata de forças militares, não é surpresa. Agora, vamos pensar, os países da NATO, liderados pelos Estados Unidos, carregaram bilhões de dólares em armamentos sofisticados para a Ucrânia, mas nada disso foi decisivo para vencer a Rússia.
Então, essa ideia de que o Oeste, mesmo que não domine em números de população ou em números de PIB ainda domina em poder militar, não é tão verdadeiro assim. E também vemos clem Israel, em que pede todo o seu grande e massivo poder destrutivo, sem dúvida, em Gaza, contra população civil, e no Líbano, jogando bombas em cidades ancestrais, não é suficiente para derrotar uma guerrilha, do Hamas, e menos ainda poderia derrotar o Hezbollah,e pior, certamente não vai ganhar uma guerra direta contra o Irã, onde a população é 10 vezes maior, além disso o Irã é sofisticado, tem mísseis balísticos, mísseis hipersônicos e tem uma boa aliança com a Rússia. Então, tudo isso descortina a nossos olhos um mundo diferente nos últimos 10 anos, e isso está acontecendo agora.
Esse mundo diferente são os BRICS, e essa é a história real, que história? Que a dominação do Oeste está chegando ao fim. Desde 1700, o Oeste ganhou quase todas as guerras com o resto do mundo, foi capaz de tomar território, tomou e explorou muitas colônias pelo mundo, incluindo a China, a Índia, a África todinha e assim por diante, isso foi, apesar dos processos de descolonização, até bem depois da Segunda Guerra Mundial, e o Oeste se sentiu poderoso, hegemônico. Ele pensou, tudo bem, os países retomam seus governos e processos políticos internos, mas nós vamos domina-los com nossas corporações e perpetrar divisões políticas internas para garantir nossos interesses. Mas isso daí já não se sustenta. A presença dos BRICS é um sinal de que acabou.
Na cúpula de Kazan, os países do BRICS não estavam muito preocupados com a Ucrânia, havia a menção à Ucrânia, é claro, como também comentários sobre o que está acontecendo em Gaza, na Ásia etc, mas havia muito mais conversas sobre desenvolvimento, sobre comércio, sobre energia, sobre logística, transportes, ferrovias etc, e sobre como os países ali presentes, como a Índia, Irã, Rússia, China etc, como todos esses países ali à mesa iriam trabalhar juntos para um mundo mais prospero e independente. Putin e Xi Jinping se encontraram em privado, Xi Jinping e Narendra Modi idem, e desenvolveram um acordo histórico sobre as tensões nas fronteiras entre seus países.
Há, portanto, uma trajetória diferente sendo tratada, liderada pela Rússia e China, e Irã também, e Índia, mas muitos desses países receberam um tapa na cara do Oeste, como se deu com a Venezuela e com o próprio Brasil. Os EUA estão metendo uma base militar gigante , bem no seio de Brasília, com 9.andares subterrâneos e mais alguns secretos, a fim de espionar toda a AL e perpetrar danos à organização política do Brasil e da AL.
A pergunta é, como chegamos a este ponto?
Bom, o Oeste freou, desde a crise de 2008, em termos de tecnologia, poder militar, organização política e influência econômica.
Vamos pensar o seguinte, toda a história econômica datando de mais de 2000 anos mostra que em vários pontos e epocas do mundo quem obtém uma vantagem tecnológica é capaz de conquistar outras partes importantes do mundo. Mas uma vantagem dessas é momentânea, uma vez que as nações conquistadas aprendem rapidamente e podem suplantar a vantagem tecnológica de outrem, ou seja, ninguém fica em cima para sempre, nunca aconteceu de alguém ficar por cima dos outros para sempre, portanto não vai acontecer agora, não é provável que o ocidente continue a imperar.
E quando você olha para o mundo liderado pelo Oeste, o Oeste não estava em liderança no mundo, o Oeste, quer dizer, a Europa do Oeste, em particular, foi um tipo de combinação eurasiática, por exemplo, a Alemanha cresceu muito enquanto gozou da energia barata da Rússia. Mas vamos ver, por muito tempo, durante o Império Romano, a Europa foi uma unidade muito poderosa, mas se olharmos para o ano 1000, a Europa do oeste estava num colapso, mas o império romano do oriente, pouco se estuda isso, estava em grandes avanços, em crescente sofisticação, promovia uma base de conhecimento muito maior, nas Artes, na filosofia, nas ciências. Com Carlos Magno, o Oeste conseguiu reverter um pouco o atraso, e isso, sob um certo aspecto, deu a Europa ocidental um papel determinante na chamada Renascença, e não chama Renascimento por acaso. Foram as grandes navegações, o mercantilismo e as grandes companhias de comércio.
Vieram Cristóvão Colômbo, Vasco da Gama, em 1498 e 1492, e o início de imperios coloniais em várias partes do mundo. Mas ainda assim, a Índia e a China foram, em muitos aspectos, inclusive, tecnologicamente, mais sofisticados, até a revolução Industrial. O ponto chave aqui, o ponto da virada e da hegemonia da Europa ocidental se deu em função do motor à combustão e do uso do petróleo e da eletricidade, isso fez toda a diferença, o motor a fogo foi um instrumento extremamente poderoso, prático e versátil, e que, imediatamente passou a ser usado para a guerra, para a produção de fábricas, para o transporte e para inúmeras outras coisas, isso foi decisivo para a economia moderna, e aconteceu primeiro na Inglaterra e depois na Europa do ocidente e daí os Estados Unidos vão tomar a dianteira após a II GM.
Então, foi a industrialização no século XIX o grande avanço do Oeste, o avanço decisivo. E isso levou ao imperialismo europeu no século XIX, e ao imperialismo americano no século XX. Pode-se dizer, sem entrar naturalmente em milhares de detalhes, que a I Guerra Mundial e a II Guerra Mundial quebraram muitas ideias, sistemas, políticas, vidas, mas corroeu também o sistema imperial europeu. Ao fim da Guerra Mundial II, a Europa estava, basicamente, no caminho de seu ocaso, de seu por de sol.
Ainda há colônias por aí, mas não as grandes. A Índia ganhou independência, a Indonésia ganhou independência, e assim por diante, nos últimos anos de 1940, e depois, em seguida, com as guerras de liberação do Vietnã e muitos outros lugares.
O que aconteceu com a independência foi que estes lugares anteriormente brutalizados e colonizados introduziram sistemas de educação, leis, literatura, infraestrutura etc, e disseram, não queremos mais diabos estrangeiros nos oprimindo e explorando, temos nossos próprios meios.
E isso é, em grande medida, o que aconteceu.
Em 1950, os economistas chamaram de Idade da Divergência, em que uma classe enriqueceu e os pobres foram colonizados, o que ocorreu, a grosso modo, de 1800 até 1950. De 1950 em diante, as colônias anteriores começaram um processo de recuperação e autonomia.
Algumas completamente dramáticas, outras não tão trágicas.
E a China foi a mais bem sucedida, de 1980 até 2020, cresceu 10% por ano, por 40 anos seguidos. E isso é mais do que um aumento de 30 vezes, imagine multiplicar suas safras agropecuárias e indústrias por 40 anos seguidos.
A China movimentou a escada tecnológica para a frente da tecnologia global.
Então podemos afirmar que os BRICS surgiram como um contrapeso, um contraponto ao Oeste? Em algum sentido sim, veja, ninguém gostou do domínio do colonizador, quando foram colonizados. O colonizador vende a ideia de que desenvolveu o mundo etc, não é bem assim, existem aspectos positivos na colonização, por exemplo, ela gera uma enorme vontade de se libertar.
O oeste se notabilizou por seu racismo, supremacismo, darwinismo, maltusianismo, eugenismo, mais recentemente aderiu ao abortismo, feminismo, gayzismo etc, etc.
Era um mundo racista. Era um mundo dominante. Era um mundo parasitário. Era um mundo extrativo. Era um mundo hipocritico. Todos esses aspectos absolutamente se aplicam.
Mas, havia um sentido. Ok, esse é o mundo, e temos de viver nele, então vamos usar isso daí! .
Os Estados Unidos representam a apoteose desse modelo supremacista, excepcionalista, eu não sou um fã da política dos EUA. Acho que é a essencia do mal no mundo, criado e baseado em guerras e operações de mudança do regime. E sanções, sanções unilaterais que os EUA colocam para tentar sufocar os outros países o que fazer. Não existe diplomacia alguma, ela acabou.
Toda a temporária hegemonia dos EUA se baseia em enganar os outros países. Não necessariamente os seus aliados imediatos no Oeste, os quais usa por algum tempo.
Foram dezenas e dezenas de operações de mudança do regime, guerras de destruição, graças a uma superioridade aérea, e a CIA se especializou em derrubar regimes em todo o mundo.
O modo americano é puramente parasitário, e, importante, é insustentável, vai cair.
Os EUA acumulam 7 trilhões de dólares de custos de guerra desde 2000, eles apostam em indústria armamentista. A dívida dos EUA já suplantou o seu PIB. As guerras do Iraque, Síria, Líbia, Ucrânia.e Afeganistão foram completamente inúteis do ponto de vista da prosperidade dos EUA.
O BRICS é uma reação a isso. Os EUA perseguirão loucamente uma política agressiva, hegemônica, basicamente tentando manter o seu domínio, mesmo que a realidade econômica lhe seja desfavorável. É um país que não entende e despreza o mundo. Nós não estamos mais em um mundo liderado pelo Ocidente, este é o ponto. Nós não estamos mais em um mundo liderado pelo EUA, por mais que ele se debata e espirre.
Comentários
Postar um comentário