MILLEI CORRE PARA A CHINA

 Millei

Você pode correr, mas não pode se esconder da realidade. E essa é uma lição que a Argentina está começando a aprender em tempo real. Antes que o Millei se tornasse presidente, ele era bem crica com relação a China. “Não negócio com comunistas”, ou “chinês livre é chinês morto” e outras completas sandices da guerra fria.

Millei desprezou o regime socialista chinês, e acreditou que o ocidente lhe daria tudo aquilo que ele gostaria. O que Millei disse sobre Beijing foi degradante, ele é um tipo de visões extremada sobre aquilo que ele desconhece. Bom, não importa, agora ele já percebeu que a realidade é muito outra. Millei vai jogar sua moral macartista no lixo em troca de dinheiro, como um bom jázaro, simples assim. A realidade? A realidade é que você não pode gerir uma economia sem negociar com os chineses. A Argentina enfrenta agora dois grandes problemas e deve descartar ideologia ianque e cair na real.

Primeiramente, veja a inflação. Previsão de 31% em 2025, estava 200% ao o ano. Os preços ainda estão fora de controle.

As pessoas estão pagando mais para os essenciais, especialmente os produtos importantes. As importações da China chineses são muito necessárias. É uma das poucas maneiras de manter o custa de vida vivo.

Tentar abaixar ou segurar preços com produtos ocidentais? Boa sorte, só que isso simplesmente não vai acontecer. Mas vamos a grande pergunta.

Por que a inflação está descendo tão rápido? Tem algo a ver com a queda da demanda na Argentina. É fato que Millei tem feito grandes cortes, os efeitos são indeníveis ainda, a Argentina está em recessão. O país está na recessão.

Mas há uma grande razão para a queda inflação na Argentina. A demanda doméstica está caindo. As pessoas simplesmente não têm dinheiro para gastar.

Mesmo que o Milei seja um grande fã do G7, ele sabe onde se localiza o seu cérebro. Ele precisa de produtos baratos da China para continuar flutuando. E, mais importante, ele quer exportar mais para Beijing.

É por isso que millei está voltando para a China. Ele encontrou o Presidente Xi no G20. E essa é uma grande virada de suas frases de chapéu de aluminio e de sua visão mirabolante sobre como seria trabalhar com os EUA.

O millei se encontrou com o Trump e o Elon em Mar-al-Lago, não importa, ele aceitou um grande fato, que ele ainda precisa de Beijing. O comércio e os investimentos chineses trazem mais para a mesa do que promessas vazias do Velho Oeste. Um é um benefício tangível que você pode manter, o outro é apenas um sonho e um filme que vc viu na infância.

Uma grande parte do apoio do Trump ao Millei é que este pagou um novo imposto ao FMI. A Argentina já deu mais de 40 bilhões de dólares em imposto e ela simplesmente precisa

de mais dinheiro. E, como sabemos, os EUA têm grande influência e poder de votação no FMI

Então, o plano é obter o apoio do Trump para obter um novo triângulo de financiamento. O desespero está batendo à porta. O Mellei está conversando com Wall Street, incluindo JPMorgan, para acessar uma linha de credito de 2,7 bilhões de dólares.

O problema aqui é que os creditos de impostos argentinos ainda são um tanto tóxicos. Os argentinos nao têm o suficiente dinheiro físico, porque a economia está em recessão, então pode-se esperar que os termos do acordo beneficiem mais Wall Street do que o Millei

Então a Argentina entendeu que precisa se balancear entre os EUA e a China. O Millei apoiou o Trump sim, e ele quer que a Argentina ganhe mais dinheiro e ele também quer que a China continue sua linha de de 5 bilhões de dólares.

No entanto, o desespero ainda é um nuvem grande e escura. Millei ama o Trump, mas não pode negar um fato muito simples, os EUA estão se tornando o país mais protecionista do mundo e a Argentina precisa evitar ser uma vítima na guerra de comércio global de Trump.

A China é o maior importador de alimentos do mundo. Em 2023, os

importes chegaram a 140 bilhões de dólares, um aumento de 3% dos níveis anteriores. O tarifaço de 10% de Trump nas exportações argentinas poderia derrubar a sua economia.

E a única forma de sair dessas tempestades é se virar para China e dirigir as exportações para os chinas. Os EUA continuam descartando a China, então vai ser uma linha vermelha para a agricultura argentina. Se o Millei não atirar enquanto o ferro está quente, ele perderá a demanda chinesa para o Brasil.

A China recebe a maioria dos importos de carne do Brasil. É mais de 40% a mais do que os EUA. Os importes dos EUA são muito instáveis.

Se Beijing entrar em uma guerra de comércio com Washington, os agricultores dos EUA vão sofrer um bocado. Quem vai comprar a carne e o leite dos EUA. Olha aí a oportunidade d Argentina para reconstruir sua economia.

No fim das contas, tudo se trata de comércio. A única forma de tirar a Argentina da recessão é exportando mais.

É uma estratégia antiga para mercados em estado de emergência. Se você vive de exportar e sua economia doméstica colapsou, você é obrigado a olhar para o lado de fora. A Argentina voltando para a China é um símbolo de algo maior e é que toda a América Latina está sendo transformada pelo comércio chinês, o Velho Oeste não pode mais negar isso daí.

O Wall Street journal admite isso daí. Décadas de indiferença dos EUA levaram a esse resultado. Enquanto Biden estava muito ocupado financiando a Ucrânia e lutando contra o Irã, a China cimentou o seu caminho para a América do Sul.

Beijing está construindo rodovias, portos, estações de energia, instalações de mineração em toda a AL. Essas são infraestruturas que os países precisam muito para fazer crescer a economia.

É espantoso se olharmos agora a transformação da América Latina. Nos anos 2000, o maior parceiro de comércio da região era o EUA. Não havia nem um sinal de influência chinesa.

Duas décadas depois, o mapa está quase vermelho. Chile, Brasil, todos estão comercializando massivamente com a China. Isso é o que acontece quando você tenta jogar fazer guerra na Ucrânia para vender suas armas.

Você dilui seus esforços. Você perde um monte de dinheiro, e agora você perdeu a América Latina para a China.

As consequências disso daí serão muito severas. Vai ser muito difícil manter a sinofobia na América Latina. A América Latina vai ser cada vez mais simpática com os chineses, cada vez mais receptiva.

Vamos tomar a luta entre a Tesla e a BYD para ilustrar onde a China está focando seus esforços. As empresas chinesas veem o futuro dentro de uma demanda global. A Tesla está construindo suas fábricas no Oeste, nos EUA, é claro, mas também tem fábrica na Alemanha e, é claro, na China também. Todo mundo tem uma fábrica lá na China. Agora olhe onde a BYD está construindo suas plantas fora da China. Suas produções estão na Indonésia, na Tailândia e até no Brasil estão chegando. Eles estão se movendo, a demanda futura está chegando.

Você vai para onde a demanda estará 5 ou 10 anos depois.

Olha, a Europa acabou, e os EUA já estão entrando no modo de isolamento, de stand by. E daí a América Latina é o grande inimigo da China? Será mesmo? Acho que não.

Vejam, na América Latina, as pessoas não têm muito dinheiro para gastar. Os consumidores dos EUA são bem mais ricos e podem gastar muito mais. Agora, isso pode ser verdade, mas não importa tanto se você estabeleceu a dominância do mercado.

Conquistar a maioria das vendas te permite fazer mais reduzindo seus preços. Apenas olhe para a linha da BYD, o BYD King, é um salão, é vendido por 16 mil dólares na China, domésticamente. Mas no Brasil, ele vende por 31 mil dólares.

Então, a margem de lucro ainda é enorme. Pode não ser tanto como vender para a EUA, onde os preços são mais do que duplos, mas ainda é generoso. É importante perceber que o modelo da China não é nada novo.

Eles entram e tomam o mercado inteiro e depois reduzem o preço. Com o tempo a economia cresce e as pessoas se tornam mais ricas, eles vão aumentar suas margens e ganhar mais. É a mesma coisa que empresas como Uber e a Lyft estão fazendo.

Apenas que a China faz isso em uma escala global usando a fabricação, produção, essa é a real, isso não é nenhuma teoria da conspiração. Para a América Latina, essa é uma chance incrível de construir suas indústrias. Investimentos chineses entram, o que você tem? Mais empregos são criados e toda a tecnologia é compartilhada.

Enquanto os EUA construem bases militares no mundo, a China compreende as linhas futuras na capacidade de facilitar o comércio global. E para garantir o comércio global, você precisa construir e controlar um monte de portos. 7 dos 10 maiores portos globais estão localizados na China e isso já dá uma ideia da escala de comércio que está sendo realizada.

Não há país ocidental na lista dos maiores portos. Os EUA e a Europa perderam a capacidade de construir portos em todo o mundo.

Enquanto o Biden quer jogar mísseis na Rússia, o Presidente Xi abriu um mega porto no em Peru. Mesmo uma águia cega poderrá ver o que está acontecendo no jardim americano, a AL. A China está sancionando o comércio americano seu comércio com a AL inteira e logo as coisas vão ficar realmente complicadas para os EUA, os EUA vão tentar proibir o comércio entre a América Latina e Beijing.

A logística também faz completo sentido para o mega porto no Peru. Ele corta o tempo de transporte no pacífico em 30%. De 35 dias para 25 dias.

Os produtos entre a América Latina e a China chegarão mais rápido e o custo será menor. Isso melhora muito o comércio. E veja, para qual ponto a nova rota vai passar?

Ela evita o canal do Panamá e o porto de Los Angeles. Estes são pontos vulneráveis para o comércio chinês. O mega porto é uma enorme ameaça para o comércio e as sanções dos EUA.

De repente, suas ameaças se tornam vazias, a China sabe lidar com ameaças. Agora, veja, se a China comercia mais com a América Latina, adivinha qual dinheiro será usado? Dólar? Não. A China vai preferir usar dinheiro bilateral como o yuan chinês. Não é preciso ser graduado de Harvard ou prêmio nobel para saber disso. A presença da China na América Latina é uma uma grande campanha de desdolarização

Os EUA vão perder ainda mais influência no comércio global. E não há fogo sem fogo nessa fogueira, os EUA estão envergonhados com a perda de sua influência.

Tentar jogar futebol com a China será difícil para o Trump. Ele quer trazer produção de volta para os EUA. Nós não vamos esquecer as suas promessas de sua campanha.

Vai ser muito difícil, senão impossivel os EUA investirem na América Latina. Ele precisa investir de volta para ele mesmo, para os EUA.

Um advogado de Trump só fala em punir e sancionar, seus verbos preferidos. Punições e tarifaços. Qualquer mercado latinoanericano poderia enfrentar uma tarifa de 60%? Se a Argentina ou o Peru usarem o porto chinês e enviam para a AL, eles poderiam enfrentar uma grande taxa de importo?

Obviamente, essa ideia dos EUA de impor o seu tarifaço na AL não vai funcionar. A verdade o tarifaço vai aumentar a ligação entre Beijing e a América do Sul. Quem não entendeu esta ideia precisa voltar para a escola primária.

Nós sabemos que as sanções não funcionam no longo prazo. Ela não funcionou para a Polônia contra o Brasil. Ela não funcionou com o óleo e gás russo.

As sanções vão definitivamente se dirigir contra a China. Então, os EUA se verão obrigados a correr atrás dos 8 maiores portos da América Latina. Para deslocar a China, Washington terá que investir centenas de bilhões, talvez até trilhões de dólares na AL. Ele pode fazer isso?

Trump estará interessado em investir no sul?

Mas vamos lá, a Argentina pode ficar entre os EUA e a China? Os EUA podem se voltar para a América Latina? 





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