CFR 2

Um centro vital do estado profundo são os neoconservadores, ou neocons. Originalmente, eram trotskistas que odiavam a União Soviética e execravam Stálin. Em sua visão, a Rússia construiu um “socialismo nacional” e não um socialismo "internacional", como queria Trotsky. Então, segundo suas teses, por causa do estalinismo, nunca foi criada a verdadeira sociedade socialista, e tampouco o capitalismo foi plenamente realizado na URSS. Trotskistas afirmavam que o verdadeiro socialismo vai surgir após o capitalismo se tornar planetário e triunfante, em todos os quadrantes, e daí, como num passe de mágica, todos os grupos étnicos, povos e culturas serão como irmãos, sem fronteiras, sem tradições, sem religiões etc. Será a revolução mundial.

Os trotskistas americanos precisavam ajudar o capitalismo global a se espraiar pelo mundo e os EUA deveriam ser o seu chofer. Naturalmente, a União Soviética deveria afundar, juntamente com todos os estados soberanos. O socialismo só poderia ser internacional se os opositores fossem eliminados, então, após o norte rico dominar sobre tudo e todos e o capitalismo reinar supremo, as condições estariam prontas para o socialismo. 

Para executar este plano extravagante e desnecessário, fruto de uma cosmovisão mística e escatológica, os trotskistas americanos decidiram entrar para o jogo da política partidária, não diretamente, já que poucos votaria nestes psicopatas, mas indiretamente, infiltrando-se nos dois principais partidos estadunidenses.

Os trotskistas reconheciam a primazia da ideologia e desprezavam a democracia parlamentar, apenas um engodo para enriquecer os que já são muito ricos, nisso estavam certos. Pois bem, em breve os neocons darão as cartas no deep state, recomendo fortemente os dois vídeos que dediquei a este movimento. Os neocons são os mais fanáticos ativistas do imperialismo estadunidense, e Trump viu neles um verdadeiro muro dentro do partido republicano. 

O estado profundo americano possui dois polos: o polo globalista de esquerda (CFR) e o polo globalista de direita (os neocons).

Ambos são apartidários, agressivamente idealistas e tremendamente focados. Sua perspectiva é totalitária. Esses são os straussianos, de Leo Strauss, são os maquiavélicos, uma vez que idolatravam Maquiavel. Ambos são ferozmente anti-Rússia de Putin e anti-China de Xi Jinping, e detestam a multipolaridade, em geral. Dentro dos EUA, são contrários a Trump, a quem consideram um passadista, um nostálgico, uma versão ultrapassada da política americana, desconectada do mundo real de seus sonhos fantásticos.  

Isso tudo explica por que o discurso em torno do estado profundo cresceu tanto sob Trump. Trump conquistou uma massa crítica de eleitores americanos, só que isso não atendia certas visões ideológicas do estado profundo.

Os neocons são de tal maneira deterministas que não concebem nenhuma possibilidade de dialogar, sua relação com o próximo é a de o proximo deve pensar como eles pensam, entende? O poder sombrio desse pessoal e suas revistas, publicações, sites, páginas, canais etc entrou em choque com a fachada democrática do sistema e a cara ditatorial do mundo liberal e globalista se mostrou em todo o seu esplendor. 

E no caso da Europa? Os europeus sabem que algo muito incomum está corroendo a democracia, em seus países. A população quer, cada vez mais, populistas de direita. No entanto, essa direita é reprimida, à força. Vimos isso na França, de Macron, com o partido de Marine Le Pen, na Áustria com o Partido da Liberdade, na Alemanha com o Alternativa, nos Países Baixos etc, entre outros. Então a direita cresce e vence mas não leva, sufocada pelos ditames de Bruxelas e seu deep state, a UE não é francês, alemão, austríaco ou holandês, é pan-europeu, é uma rede globalista unida. O centro dessa rede está no CFR, expliquei um tanto sobre o CFR no vídeo de ontem, mas essa rede envolve fortemente a Europa. Na Europa vemos forças liberal-esquerdistas aliadas à grande oligarquia financeira, dos Blackroch, Vnaguard etc. A ideologia dessa gente da UE é o mesmo trotskismo dos neocons, ou seja, um socialismo internacional. Essa classe se vê como a única possibilidade de uma comunidade atlântica unificada, também se crêem como a única força capaz de evitar mais uma guerra mundial fratricida na, como não poderá deixar de ser, na Europa. A OTAN é a estrutura militar que sustenta todo o sistema globalista europeu, é o que mais se pode chamar de atlanticismo, mas obedece servilmente Washington, esse é seu maior problema. É o ramo europeu da Comissão Trilateral, o Fórum de Davos de Klaus Schwab, o clube bilderberg e certos clubes exclusivíssimos, em Londres. A democracia europeia colide com o globalismo europeu, assim como Trump nos EUA colide com os neocons trotskistas. Os guardiões do liberalismo profundo são trotskistas ou atlanticistas, como preferir, mas sempre respondem fanática e estrategicamente a qualquer ameaça que surja, sobretudo se esta ameaça for a própria democracia, a qual deve, portanto, ser manipulada. 

Seja EUA, Europa ou AL, as lojas maçônicas desempenharam um papel excepcional como mostramos ontem, na difusão do liberalismo, do republicanismo, do laicismo, das mudanças seculares etc.   

Não há mais uma necessidade de sociedades maçônicas secretas, a manutenção das tradições maçônicas formais, com seus ritos e cerimônias, funciona hoje mais como um baile de máscaras onde a música já acabou. 

O deep state se reúne agora em certos clubes, pubs e bunkers inacessíveis e não depende mais do "trabalho das lojas".

É assustador pensar que uma entidade profundamente elitista, antidemocrática, profundamente ideológica, opera contra todas as regras legais e detém um completo poder na Europa. 

Um tema interessante, já que estamos abordando o deep estate, nos últimos vídeos do canal, olhando de inúmeros ângulos e escopos, é o seguinte, como se daria o Estado Profundo na Rússia?  

A Constituição russa lembra as constituições liberal-democráticas ocidentais, prevê eleições multipartidárias, a economia é baseada no mercado, a sociedade é secular, os direitos humanos são normas respeitáveis. A Rússia contemporânea não difere fundamentalmente dos países da Europa ou da América. 

No entanto, para nos atermos a Rússia soviética, um tipo de entidade apartidária existiu durante a era Yeltsin. A "Família", vamos dizer assim, nos anos 1990, era composta por parentes de Yeltsin, oligarcas, oficiais de segurança, jornalistas e liberais ocidentalizados. Esse grupo informal implementou as principais reformas capitalistas no país, independentemente da lei, mudando-a à vontade. Funcionou como um verdadeiro estado profundo — certos partidos foram banidos, outros foram criados, o poder foi negado a políticos do partido comunista, novas figuras ganharam proeminência. Houve controle da mídia e do sistema educacional, indústrias inteiras foram privatizadas a certas figuras leais ao ocidente. Este curto e penoso período de transição vigorou logo após o colapso do sistema de partido único que era abertamente totalitário e ideológico. Um Estado profundo desenvolvido e organizado não se formaria de maneira independente na Rússia soviética, as novas elites liberais russas se ramificavam à rede global ocidental, como uma 5ª coluna ali incrustada por meio de lobby, corrupção, campanhas midiáticas, controle sobre a educação, o estabelecimento de novos padrões etc. O estado profundo da era Yeltsin implantou o liberalismo e o livre-mercado na Rússia, até se poderia dizer, à moda russa. 

O poder que o deep state mais teme hoje em dia é da população organizada, sob o domínio de um grande lider. Por isso o seu grande inimigo são os soberanistas e nacionalistas, um Putin, um Xi Jinping, talvez um Trump. Vamos ver.

Falar sobre a Alemanha, as coisas evoluíram para uma situação que só pode ser classificada como complicada.

As políticas econômicas foram péssimas, a escolha fanática pela “energia verde”, o desprezo pela a geopolítica, o desinteresse nacional atingem os alemães.

A Volkswagen já está fechando fábricas na terra de Beethoven.

A Volkswagen precisaria alcançar uma margem de 6%, em seu negócio, só que está 3 vezes abaixo disso, aí por 2%.

Não está vendendo mais.

Por quê?

Ora, porque é muito caro! E por que é muito caro?

Porque os materiais, os metais, as terras raras, o preço da energia nas fábricas etc, são muito altos.

Os competidores EUA e China, são muito mais competitivos.

Agora imagine que vc é um industrialista, você não quer sair do país, por trás do seu negócio tem milhares de trabalhadores os na linha de produção e você tem que ficar competitivo.

Só que 4 em cada 10 industriais alemães estão procurando saída no exterior. Uma das causas disso é o custo de energia.

E, para piorar, Trump, o America First está voltando, a Alemanha vai ser empurrada para uma guerra de tarifas. Os EUA é o maior mercado consumidor do mundo, então as margens de lucro das empresas alemãs, sob Trump, serão menores, serão sobretaxados, impostos sobre produtos industriais pesador. As margens de lucros vão parar em Auschwitz!

Isso é simplesmente péssimo a Alemanha, ela precisa agora, desesperadamente, de investimentos no país, e não fora do país. Estão perdendo nos veículos elétricos, além disso a China acabou de lançar outra bomba. A SVolt, gigante elétrico chinês, que produz baterias para carros elétricos, está deixando o mercado europeu, e, portanto, está deixando a Alemanha. A empresa está saindo por uma razão muito simples, o desenvolvimento do mercado elétrico não cumpre as expectativas europeias. E como poderia? A Alemanha cortou os subsídios elétricos, as pessoas nos EUA têm menos dinheiro para gastar, compram menos. 4 bilhões de dólares em investimentos desapareceram na atmosfera, trabalhos sumiram, renda e tecnologia fugiram da economia alemã.

Os EUA praticam tarifas protecionistas nas motocicletas chinesas, os EUA quer expulsar os veículos chineses do mercado, as taxas de importação são proibitivas, a SAIC recebeu tarifaço de 35%, Geely 19%, BYD 17%. Isso em cima da taxa que já existe que é de 10%. Então, mesmo se os veículos chineses continuarem a entrar na Europa, as taxas de importação os farão produtos caros. E por causa do protecionismo americano, os incentivos para a China investir nos EUA foram arruinados. O governo chinês está ansioso para mudar a sua produção das suas empresas para a Europa. Vejam, o único incentivo para construir uma fábrica e compartilhar experiência tecnológica é o dinheiro. Se as margens fazem sentido, as empresas irão construir fábricas e fazer negócios na Europa. Antes das tarifas, a China esperava que a Europa seria um marco para as exportações.

Como os EUA pretendem se separar da economia chinesa, os europeus seriam uma fonte de negócios para a China. Em 2025, 15% dos automóveis seriam elétricos chineses, em 2027, mais de 20% de todos os automóveis elétricos seriam importados da China. Se essa trajetória crescente prosseguisse, , outras indústrias relacionadas ou que fornece acessórios ao carro elétrico também cresceriam, naturalmente. Mas, o mais importante são as empresas que fabricam baterias, bateria é a parte mais importante do motor elétrico. Tudo o mais, o kit do eixo, as engrenagens etc, pode ser feito na Europa usando a tecnologia alemã. Mas quem é o líder mundial em tecnologia de bateria? É a China. Toda a linha de suprimentos de bateria é dominada por companhias chinesas ou firmas coligadas com elas.

Se você é alemão ou dos EUA, as empresas de bateria chinesas dominando o mercado e abrindo mais fábricas é um grande problema para você. Tome o Volkswagen ID.4 EV, por exemplo, é um carro alemão, mas a bateria é do gigante chinês CATL. O veículo custa 37 mil dólares, mas a bateria sozinha custa 9 mil dólares do custo total. 24% do preço vem da bateria EV. CATL acaba de pausar seus planos de expansão na Europa.

Isso é uma tragédia econômica causada pela política suicida. Como a empresa chinesa não quer manter suas linhas de suprimentos na Europa, a demanda de EVs, no bloco europeu, está colapsando.

Se os custos são tão altos nos EUA, devido a sobretaxação, será impossível fabricar e exportar para outros compradores ao redor do mundo, ou encaixá-los em seus próprios carros de volta na China. A única razão para construir uma fábrica de bateria na Alemanha, ou em qualquer outro país, é para chegar mais perto das plantas industriais de carros elétricos. Isso também depende da demanda doméstica lá na China, se a demanda é alta o suficiente para ser válida.

Em agosto de 2023, as vendas de EVs alemães cresceram incríveis 69%. A tendência para baixo começou em janeiro de 2024, quando os alemães pausaram os subsidias de EV. Em outras palavras, o mercado alemão para os veículos elétricos está naturalmente contraindo.

Isso foi antes da taxação dos EUA, sim porque a S-Volt e a CATL estão saindo. O negócio simplesmente está se esvaziando.

Então, a Alemanha está presa em uma ameaça econômica. A Europa está presa em uma crise de fabricação. A menos que eles consigam descobrir a equação de energia, há muito pouco esperança de se recuperarem.

E é muito ruim quando você tem Macron metendo a louca depois das eleições dos EUA. Macron sabe que a Europa está encurralada, e ele está dizendo à Europa para se libertar. Mesmo se a Harris ganhasse as eleições, a situação para a Europa seria quase a mesma.

Mas Trump simplesmente mudou o jogo econômico. Agora que ele está voltando em 2025, a política de energia dos EUA vai mudar. Ele vai apostar em petróleo e gás, só que ficarão caros para a Europa.

A energia renovável, bem, vai ficar para trás. E entenda o que isso significa. Donald Trump subsidiará preço de energia, então, o custo de energia irá diminuir e a fabricação dos EUA ficará mais mais barata do que a da Europa.

A produção de ouro nos EUA aumentou quase 50%, até mesmo durante o período do Biden. Se Donald Trump continuar a produzir ouro, o custo de produção para as empresas nos EUA vai cair em relação à Europa. Por sua vez, a China controla as redes de suplementos de EV global.

Haverá muitos cortes na Europa. Os EUA estão limitando a sua exportação de energia, subsidiando para si. O resultado deste jogo significa um caos político se instalando na Europa.

O governo alemão começou a colapsar. Tudo por causa do preço da energia, um assunto que o Brasil também não pode ignorar. Podemos concluir que a Alemanha está em crise por que sua político fez de sua economia um setor não competitivo em relação aos outros jogadores. No ano passado, a energia alemã estava em 250 dólares por megawatt hora, o segundo mais alto, apenas abaixo do Reino Unido.

O resto dos países da EU, França e Itália também estão com preços altos, perto do topo também. Agora, os preços dos EUA estão abaixo de 100 dólares. A China goza do custo mais barato de energia do mundo, algo como 60 ou 70 dólares por megawatt hora. Daí que o governo alemão está em caos. Olaf Scholz chutou seu ministro financeiro, Christian Lindner.

Scholz acha mais importante dar armas, dinheiro, tanques, mísseis para a Ucrania, ele acredita piamente que os interesses da Otan numa guerra perdida é mais importante do que, por exemplo, investir em tecnologias renováveis como o hidrogênio, ou manter o preço da energia convencional, de combustão, para manter suas indústrias funcionando.

A crise energética beneficia a China. Beijing consegue comprar gás russo barato. Contudo, o maior vencedor com a crise da EU será mesmo os EUA.

Von der Leyen, mais conhecida como dona laquê, presidente da comissão européia, revelou seu plano, veja, a Europa ainda recebe bastante GLP ou GPL (gás liquefeito de petróleo, gás comum de cozinha, botijão) indiretamente da Rússia ( em geral da Índia). Dona laquê tem a “solução”, substituir o gás russo pelo GLP americano, que seria mais barato...

Como é que o GLP americano é mais barato do que a Rússia, ninguém consegue explicar, eu sou de uma época em que decorávamos a tabuada, inclusive a do 11 a do 12 etc, então não tenho ideia da conta que Von der Leyen calculou, acho que ela colocou uma conta assim, sanções + gás + G7 + energia verde + Europa é o jardim do Éden = GLP estadunidense.

A economia americana vai vencer graças custo da Europa. A Alemanha entrou no modo pânico. Quem formar o novo governo em março de 2025 enfrentará a mesma crise que olaf Scholz produziu em 2024. É tudo sobre energia barata para os alemães, o comandante Robinson do canal arte da guerra falou isso daí em 2022, os caras que entendem de geopolítica e geoeconomia já estavam a par disso daí, e diziam, essas sanções contra a russia não afetarão a russia que se abrigará no dragão, mas a dona europa vai se agarrar em que? No caro e distante xisto americano, dito e feito.

Pode a Alemanha virar esse navio? Vc já viu um navio virado no oceano? Vai precisar de uma onda gigante para desvirar, problema é que em cima do navio não vai haver mais ninguém, viararam peixe de atlanticistas.