O PLANO DOS EUA PARA DESTRUIR A URSS COM BOMBAS NUCLEARES

 Plano Dropshot: 


O Plano Dropshot foi uma série de cinco planos militares elaborados pelos Estados Unidos, desenvolvidos entre 1945 e 1949. O Plano consistia, simplesmente, em destruir completamente a União Soviética com bombas nucleares.

O plano dos EUA estabelecia o lançamento de 300 bombas nucleares e outras 29.000 bombas convencionais em 200 alvos em 100 cidades da União Soviética, para encerrar com, pelo menos, 85% do potencial industrial e humano do bloco.

Tão logo a Segunda Guerra Mundial terminou, os EUA eram os únicos possuidores de armas nucleares e trataram de estudar a possibilidade de lançar um ataque “preventivo” contra a União Soviética que eliminaria a superpotência do exército vermelhos do tabuleiro de jogo.Os Estados Unidos acreditavam ou criaram a narrativa de que que a Europa Ocidental, o Oriente Médio e o Japão seriam invadidos pelos soviéticos.

Em setembro de 1948, o presidente dos EUA, Harry S. Truman, aprovou um documento do Conselho de Segurança Nacional (NSC 30) sobre “A política da guerra atômica”. O documento afirmava que os Estados Unidos deveriam usar as armas atômicas, “pronta e eficazmente”, todos os meios adequados disponíveis, no interesse da "segurança nacional". 

O general LeMay liderou o bombardeamento do Japão, até o bombardeio nuclear das cidades de Hiroshima e Nagasaki. Por isso ganhou o título de doutor honorário em Direito pela John Carroll University, pelo Kenyon College, pela Universidade do Sul da Califórnia, pela Creighton University e pela University of Akron, entre outras distinções.

Depois de destruir duas cidades japonesas, o general LeMay organizou o Comando Aéreo Estratégico (SAC ou Strategic Air Command), uma agência para administrar uma guerra nuclear contra a URSS durante a guerra fria. Antes do SAC estar totalmente operacional, em 1949, LeMay propôs às liderancas militares dos EUA lançarem 133 bombas atômicas contra 70 cidades soviéticas e capitais da Europa Oriental, durante 30 dias seguidos. LeMay achava que os soviéticos não tinham arma semelhante, e a hora era aquela.  

O plano amadureceu e em 1949, foi elaborado o plano Dropshot, os EUA atacariam a Rússia soviética com 300 bombas nucleares e 20.000 toneladas de bombas convencionais em 200 alvos, localizados em 100 áreas urbanas, incluindo Moscou e Leningrado (atual São Petersburgo).

Uma lista de alvos adicionais para ataques nucleares foi feita para os territórios da União Soviética e seus aliados, uma lista com 1.200 cidades, da Alemanha Oriental no Ocidente, até a China no Oriente. Moscou liderou a lista com 179 “alvos designados” (entre eles, a própria Praça Vermelha), enquanto em Leningrado, 145 alvos. A potência da arma atômica empregada flutuaria entre 1,7 e 9 megatons (a bomba atômica, Little Boy, lançada em Hiroshima, em 6 de agosto de 1945 foi de aproximadamente 0,013-0,018 megatons).

Berlim Oriental, Varsóvia (Polônia) e Budapeste (Hungria) estavam na lista junto com outras cidades localizadas além das fronteiras soviéticas, o que incluía 91 alvos designados.

Entre 75 e 100, de 300 operações para lançamento de bombas nucleares, teriam a missão de destruir a aviação de combate soviética no solo. No entanto, a mais preocupante das listas de objetivos que podem ser revistas no Arquivo Nacional de Segurança desde a sua desclassificação, em 2015, foi uma série de objetivos que apareceram sob o título “Categoria 275” ou “objetivos da população”. Estima-se que, com o ataque americano, cerca de 60 milhões de pessoas morreriam.

Caso a URSS se recusasse a se render após o ataque devastador, os Estados Unidos continuariam a bombardear regularmente áreas urbanas e industriais até que tudo fosse completamente destruído.

Os planejadores propuseram iniciar também uma campanha terrestre juntamente com os aliados europeus contra a URSS, a fim de obter uma “vitória completa”. Os planos norte-americanos iam muito além da atual Rússia. Pequim apareceu no "top 20" (era a número 13) das cidades-alvo dos bombardeiros americanos, com 23 zonas identificadas como devastadas.

Como eles planejavam fazer isso?

De acordo com documentos desclassificados, em 2015, ogivas nucleares seriam lançadas de aeronaves estacionadas em bases no Reino Unido, Marrocos e Espanha. Bombardeiros intercontinentais B-52, que na época da preparação do plano agressor começaram a ser distribuídos para a Força Aérea dos EUA, seriam usados.

O que aconteceu então?

De acordo com o livro de Anthony Cave Brow, "Operação Guerra Mundial III: o Plano Secreto Americano (“Dropshot”), o único obstáculo para iniciar o ataque nuclear maciço era o fato de que o Pentágono não tinha bombas atômicas suficientes. Em 1948, Washington se gabava de ter um arsenal de 50 bombas atômicas, além disso, não havia aviões suficientes para realizar o ataque.A Força Aérea dos Estados Unidos tinha trinta e dois bombardeiros B-29 modificados para lançar os dispositivos radioativos mortíferos.

Em 1949, o arsenal nuclear dos EUA já havia alcançado 250 bombas atômicas e o Pentágono concluiu que uma vitória sobre a União Soviética já era “possível”. Felizmente para a raça humana, o teste da bomba atômica soviética, naquele mesmo verão, foi um duro golpe para os planos militares dos estadunidenses. Isso foi descrito pelo professor Donald Angus MacKenzie, da Universidade de Edimburgo, em seu ensaio “Planejamento da guerra nuclear e estratégias de coerção nuclear”.

“O teste da bomba atômica soviética em 29 de agosto de 1949 abalou os ianques, os quais acreditavam que seu monopólio atômico poderia durar muito tempo. No entanto, não alterou imediatamente o modelo do plano Dropshot. A questão chave a considerar era quanto dano seria necessário para a rendição soviética...

Em janeiro de 1950, o cientista Klaus Fuchs, um físico teórico nascido na Alemanha e membro da equipe do Projeto Manhattan, que construiu a primeira bomba atômica nos Estados Unidos, foi preso, julgado e (após reconhecer sua culpa) condenado a catorze anos de prisão. Fuchs teria passado segredos militares a uma nação aliada. Sim, pasmem, a União Soviética era classificada entao como um estado aliado. 

Fuchs teria fornecido informações vitais à União Soviética sobre o Projeto Manhattan, com base na certeza que o monopólio nuclear dos Estados Unidos era um grande perigo para a humanidade. E os soviéticos criarem sua própria arma nuclear.

Segundo consta, a URSS conferiu a Fuchs a "Ordem da Amizade dos Povos", uma das mais altas condecorações então na União Soviética. Libertado em 23 de junho de 1959, Fuchs emigrou para a Alemanha Oriental, onde continuou sua carreira científica, alcançando um considerável destaque. Ele morreu em 1988.


Fases do Plano:

Dropshot 1 (1945):

 Um ataque preventivo contra a URSS com bombas atômicas. Alvos prioritários: cidades, centros industriais e bases militares.

Dropshot 2 (1946):

 Um ataque maior e mais abrangente, incluindo o uso de armas biológicas e químicas. O plano agora previa a invasão terrestre da Europa Oriental.

Dropshot 3 (1947):

 Um ataque nuclear contra a China comunista, aliada da URSS. O objetivo era impedir que a China interviesse no conflito entre os Estados Unidos e a URSS.

Dropshot 4 (1948):

Um plano de guerra nuclear em larga escala contra a URSS e seus aliados. O plano previa agora o uso de milhares de bombas atômicas.

Dropshot 5 (1949):

 Uma revisão do Dropshot 4. Este considerava a capacidade nuclear da URSS e sua capacidade de retaliação. 

O plano enfatizava a importância de atacar os arsenais nucleares soviéticos antes que pudessem ser usados.


O Plano Dropshot: o plano era extremamente ambicioso e irrealista.

Uma guerra nuclear teria causado, com certeza, uma devastação inimaginável em ambos os lados. O plano, inclusive o Dropshot 5, desprezava ou subestima a possibilidade de retaliação soviética.

 O plano foi criticado por ser moralmente repugnante e puramente diabólico. 

Conclusão:

O Plano Dropshot é um exemplo do tipo de mentalidade comum durante a 2ª guerra mundial , bem como no período que se seguiu, o da guerra fria. O plano macabro acabou sendo útil para o desenvolvimento de estratégias de dissuasão nuclear, como a Doutrina da Destruição Mutua Assegurada (MAD).

O Plano Dropshot não é completamente desclassificado, começou a ser conhecido do público no início da década de 1980, através de vazamentos e publicações de uns poucos historiadores. A liberação gradual e parcial de documentos governamentais confidenciais dos Estados Unidos o plano Dropshot.

Historiadores dedicados à Guerra Fria tiveram acesso a alguns documentos relevantes e foram os primeiros a publicaram seus resultados em livros e artigos.

O plano Dropshot revela que a política externa americana foi, desde sua emergência como uma grande potência, extremamente agressiva e perigosa para todo mundo, inclusive seus aliados. 

O Dropshot ainda não é de todo conhecido, novos documentos são desclassificados e novas pesquisas são realizadas.




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