COMO OS NEOCONS DERRUBARAM A URSS, FIZERAM O 11/09, E EXPANDIRAM A OTAN
Laurent Guyénot nasceu na França em 1960, graduou-se em engenharia pela École Nationale Supérieure de Techniques Avancées, em Paris, tabalhou na indústria de armamentos nos Estados Unidos por dois anos, tornou-se escritor, dedicado a religiões e antropologia. Pode-se dizer que ninguém foi tão a fundo no estudo do 11/09, no desvelamento do messianismo sionista e no universo do movimento neocon, quanto Guyénot.
Vamos abordar no vídeo de hoje como surgiu o movimento neoconservador, nos EUA e como ele gerou o 11/09.
O vídeo de hoje será sobre o triplo jogo dos neocons. O termo "Triplo Jogo" foi usado por Guyénot para descrever a estratégia política dos neoconservadores. Segundo Guyénot, essa estratégia se baseiou em três pilares principais:
1. Um Discurso Público Moralista:
Os neoconservadores se apresentam como os grandes defensores dos valores tradicionais, como a família, a religião e o patriotismo.
Usam a retórica moralista para mobilizar apoio popular e ganhar legitimidade para suas políticas.
Essa postura moralista é superficial e interesseira, serve para mascarar seus verdadeiros objetivos.
2. Um Pragmatismo Implacável nos Bastidores:
Os neoconservadores são pragmáticos, atuam nos bastidores do poder com total desenvoltura, e estão dispostos a fazer o que quer que seja para alcançar seus objetivos, por exemplo, dependendo do interesse, apoiarão os regimes mais autoritários, e na mídia defenderão a democracia, a liberdade, etc. Exemplo, a Arábia Saudita.
Estão dispostos a usar a força militar para promover seus interesses geopolíticos.
3. Fazem um estratégico do anticomunismo, com um volume de propaganda extravagante.
Durante a Guerra Fria, os neocons usaram o anticomunismo como uma ferramenta para se unir e ganhar apoio popular.
Qualquer oposição às suas políticas acusavam de "comunista", mesmo que não houvesse nenhuma base para essa alegação.
Após o fim da Guerra Fria, os neoconservadores continuaram a usar o anticomunismo como bode expiatório para justificar todo tipo de política intervencionista, por isso o mundo via a expansão da OTAN e seu caráter ofensivo
Para atingir o sonho de domínio mundial, os neo-conservadores desenvolveram uma tripla estratégia:
1⁰) uma filosofia totalmente elaborada pelo seu mentor, Léo Strauss, para o consumo interno e formação de seus adeptos;
2⁰) uma calculada análise dos interesses estratégicos sionistas, acima de quaisquer outros;
3⁰) a prática sistemática de um alarmismo sensacionalista para consumo da opinião pública dos EUA
O neo-conservadorismo é percebido como uma extremo-direita republicana.
Vamos definir então o que é o movimento neocon, é um movimento intelectual nascido no fim dos anos 1960, veiculado por uma famosa revista mensal, a Commentary, publicada pelo American Jewish Committee (Comitê Judaico Americano). O "The Forward", o mais antigo diário judeu-americano, escreveu num artigo de 2006: «Se há um movimento intelectual na América o qual os judeus podem reivindicar a autoria, é o neo-conservadorismo".
Este movimento parece horrível para a maioria dos judeus americanos, em geral, bons liberais (vejam, o liberal americano corresponde, a grosso modo, ao esquerdista europeu). Enquanto filosofia política, o neo-conservadorismo nasceu entre os filhos dos imigrantes judeus, e atualmente é liderado pelos netos destes imigrantes. O apologista do neo-conservadorismo, Murray Friedman, diz que o movimento é um ato de caridade conforme prega o judaísmo, "a ideia de que os judeus estão sobre a terra para melhorar o mundo". Do mesmo modo que se fala de uma "direita cristã", uma força política nos EUA, na Europa, até no Brasil da TFP, de Bolsonaro etc, fala-se dos neocons como uma "direita judia".
No entanto, esta caracterização, de direita judia é meio problemática, por três razões:
1⁰) os neocons são um clã familiar, muito unidos, muito presentes na Conference of Presidents of Major American Jewish Organizations (Conferência de Presidentes das Principais Organizações Judaicas Americanas) O jornalista Thomas Friedman, do The New York Times, contabiliza 25 organizações neocons, ele escreveu, em 2003: "se eles estivessem exilados numa ilha deserta há um ano e meio atrás, a guerra do Iraque não teria acontecido". Os neocons são poucos mas sua influência é avassaladora, possuem Comitês, Projetos, think-tanks que lhes conferem uma espécie de penetração psicológica no homem comum.
2⁰) os neocons da primeira geração vêm todos da esquerda, alguns da extrema esquerda trotskista como Irving Kristol, um dos principais redatores da Commentary. No final dos anos 60, a redação da Commentary começou uma guinada para a direita rompendo com a chamada New Left (Nova Esquerda).
Por exemplo, as ideias da revista Commentary, de 1960 até 1995, era de esquerda, anti-Vietnã, nos anos 70, defendia aumento de gastos com Defesa, nos anos 1980, já se opunha à “détente” (distensão ou adaptação a URSS). Logo mais pregava a invasão do Iraque nas duas guerras do Golfo. Já no século XXI, clamava desde 2007 contra o Irã e exigia que os EUA o atacasse.
3⁰) contrariamente aos cristãos evangélicos, pentecostais e neopentecostais, fortemente influenciados pelos neocons, os próprios neocons são ateus. O seu verdadeiro é Leo Strauss, daí que os neocons são chamados de «straussianos». Mas quem foi Léo Strauss?
Strauss veio de uma família de judeus ortodoxos alemães, foi aluno e colaborador de Carl Schmitt, politólogo, famoso geopolítico, especialista em Thomas Hobbes, admirador de Mussolini, teórico de uma «teologia política» na qual o Estado se torna igual a Deus, ou se apropria dos "atributos de Deus"; Schmitt foi um jurista renomado do Terceiro Reich. Após o incêndio do Reichstag, em fevereiro de 1933, foi Carl Schmitt quem forneceu a justificativa jurídica, justificando a suspensão dos direitos civis e a instalação da ditadura. Schmitt, em 1934, obteve da Rockefeller Foundation uma bolsa para estudar Thomas Hobbes em Londres, depois foi para Paris, por fim, se tornou professar em Chicago. Por aí já se vê a íntima conexão do nazismo com círculos letrados propriamente ocidentais. Aliás o próprio nazismo é um fenômeno totalmente ocidental.
Leo Strauss (1899-1973).
O pensamento de Leo Strauss é calcado em muitos autores clássicos, é uma personalidade complexa e ao mesmo tempo radical. Teve discípulos importantes e humanistas como Allan Bloom e Samuel Huntington.
Três princípios fundamentais podem facilmente ser extraídos da filosofia política de Strauss, um pouco diferente de Carl Schmitt:
1⁰) as nações tiram a sua força dos seus mitos, os mitos são indispensáveis para o governo dos povos.
2⁰) os mitos nacionais não precisam ter relação necessária com a realidade histórica. São construções culturais que o Estado tem o dever de difundir.
3⁰) para ser eficaz, todo o mito nacional deve ser fundado sobre uma distinção clara entre o bem e o mal, e daí tirar a sua força aglutinadora do "ódio concentrado a um inimigo da nação".
Para Strauss, "o logro é a norma em política", regra que os neocons eles aplicaram, por exemplo, quando inventaram o jargão das "armas de destruição em massa", a fim de transformarem o ex-aliado Saddam Hussein num vilão e invadirem o Iraque.
É possível inventar uma ficção a fim de destruir um país e se apossar de suas riquezas? É praticamente uma regra, criada oficialmente por Maquiavel. Strauss foi um grande admirador de Maquiavel, Strauss reinventou e reinterpretou Maquiavel, melhor que ninguém. Na sua obra, Réflexions sur Machiavel (Reflexões sobre Maquiavel), ele se separou daquelas que taxaram Maquiavel de amoral. Ao contrário, Strauss adota a mais absoluta imoralidade do Florentino como a fonte de todo o seu gênio revolucionário. Strauss diz "Maquiavel é ousado em seu pensamento, grande em sua visão, sutil em seu discurso". Strauss foi o guia dos gênios neo-cons, seus alunos, que se propuseram a colocar a verdade de Maquiavel no mundo real. A verdade de Maquiavel, que só o straussiano pode encarar, não é um sol ofuscante, mas sim um buraco negro, um abismo que só o straussiano pode contemplar sem se transformar em um completo idiota e depravado. Resumindo, a grosso modo, a verdade dos neocons, mais ou menos assim,"o universo não se preocupa absolutamente com a espécie humana, o indivíduo é nada além de um insignificante e dispensável grão de areia, não existe nem bem nem mal, é completamente ridículo se preocupar com a salvação da alma, em ser bom ou justo, a única realidade que pode levar à imortalidade é a nação, Maquiavel é o mais perfeito patriota, e o straussianismo é a forma mais pura do maquiavelismo, reservada apenas aos eleitos".
Naturalmente os neocons, straussianos, são defensores do imperialismo americano, mas é à causa de Israel que se devotam fanaticamente. O que os caracteriza não é o judaísmo tradicional, mas o sionismo como causa nacional, causa que vincula a segurança de Israel a sua expansão a toda a Palestina, a Grande Israel. Se sionismo é sinônimo de patriotismo em Israel, já não é tão atraente como um movimento político nos Estados-Unidos, mais leal a um estado estrangeiro do que a si mesmo. Daí que os neocons, gênios do maquiavelismo e da hipocrisia absoluta, não se reclamam como sionistas na cena política norte-americana. São sionistas, mas são sionistas norte-americanos.
O apartheid praticado contra os não-judeus da Palestina foi defendido pelos neocons nos seguintes termos, em Jerusalém: "Há no mundo um lugar para as nações não-étnicas e um outro lugar para as nações étnicas".
Os neocons são sionistas, suas escolhas em política externa coincidem sempre perfeitamente com o interesse de Israel, a lealdade é algo sagrado em seus círculos internos, como se dá em serviços de inteligência ou no crime organizado. O interesse de Israel foi definido, no começo, como dependente de duas coisas: a imigração dos judeus da Europa do Leste e o apoio financeiro dos judeus do Ocidente (americanos e europeus).
Até 1967, o interesse nacional fazia Israel pender para a União Soviética, enquanto o apoio dos judeus americanos era restrito. A orientação socialista e coletivista os inclinavam fortemente para a URSS, inclusive a imigração maciça de judeus para os EUA não seria possível sem a boa vontade do Kremlin. Os ingleses limitaram, até certo ponto, a imigração de judeus para a Palestina, até por consideração para com a população árabe. 200.000 judeus polacos refugiados na URSS foram autorizados a viajar para a Palestina, outros vieram da Roménia, da Hungria e da Bulgária.
A guerra dos Seis Dias marcou uma viragem, em 1967, Moscou protestou contra a anexação de novos territórios por Israel, rompeu ad relações diplomáticas, e vetou a emigração dos seus cidadãos judeus. Foi a partir da "guerra dos seis dias" que a revista Commentary se tornou "a revista que transformou a esquerda judia numa direita neocom". Desde então, os neocons tomaram consciência de que a sobrevivência de Israel dependeria de sua expansão territorial, mas, o mais importante de tudo, dependeria da ajuda e da permanente proteção militar norte-americana. E também compreenderam que a contínua imigração só poderia ser atingida se houvesse a queda da URSS. Esses objetivos convergem na necessidade de reforçar o uso do poderio militar dos Estados-Unidos. Na época, os neocons disseram que reduzir o orçamento militar em 30 % (que já era uma quantia absurda) seria "colocar uma faca no coração de Israel, ou "os judeus não gostam de grandes orçamentos militares, mas, agora, é uma questão vital ter um grande e poderoso aparelho militar nos Estados-Unidos, é preciso prover a "sobrevivência do Estado de Israel" etc. Daí veio a ideia de que um neocom "é um liberal que teve de cair na real".
No final dos anos 60, os neocons apoiavam a ala militarista do partido democrata, cuja figura de proa, após a retirada de cena de Lyndon Johnson, foi o senador Henry Jackson, partidário da guerra do Vietnã e opositor de qualquer ideia de "distensão" com a URSS. Os EUA forneciam alimentos à URSS e o neocom Richard Perle redige então a emenda que condiciona a ajuda alimentar à URSS se dessem livre emigração aos judeus russos para Israel. Foi no gabinete de Jackson que se forjou a aliança entre os neocons e os falcões Rumsfeld-Cheney, que aproveitaram a crise do caso Watergate, que derrubou Richard Nixon para aderir ao campo republicano e investirem para a Casa-Branca. Perle coloca seus protegidos Paul Wolfowitz e Richard Pipes à cabeça do "Plano B", um conselho criado para amplificar as advertências da CIA sobre a ameaça soviética, através de relatórios maliciosamente alarmistas, sensacionalistas, visando a um drástico aumento do orçamento da Defesa. Tudo é publicado na Commentary. Durante o parênteses Jimmy Carter, os neocons associam-se aos cristãos evangélicos, visceralmente anti-comunistas, e naturalmente favoráveis em relação a Israel, que eles vêem como um milagre divino e o retorno do Messias. Veio daí a "cultura judaico-crista", aliás, lançada aqui no Brasil por Olavo de Carvalho.
Graças à força dos seus lobbies e think-tanks (Hudson Institute), os neocon jogam uma cartada decisiva na eleição de Ronald Reagan, que lhes retribui nomeando uma dezena deles para postos-chave que vão desde a Segurança Nacional até à Política Externa. Todos reforçam a aliança Estados-Unidos/Israel.
Em 1981, os dois países assinam o primeiro pacto militar, depois embarcam em várias operações comuns, algumas legais e outras clandestinas como a rede de tráfico de armas e de operações paramilitares do negócio Irã-Contras.
Anti-comunismo e sionismo estavam perfeitamente coligados, a tal ponto que em 1982, no seu livro (O real anti-semitismo na América), o diretor da (Anti-Defamation League), Nathan Perlermutter diz que ser pacifista equivaleria a ser antissemita.
Com o fim da Guerra Fria, o interesse nacional de Israel mudou de novo. O objectivo prioritário não precisava mais ser a queda do comunismo, mas sim o enfraquecimento dos inimigos de Israel. Os neocons passaram do anti-comunismo radical à islamofobia, criaram novos think tanks como o Washington Institute for Near East Policy (Instituto de Washigton para a Política do Próximo-Oriente, dirigido por Richard Perle, o Middle East Forum dirigido por seu filho, o Center for Security Policy, fundado por Frank Gaffney, e ainda o Middle East Media Research Institute (Instituto de Pesquisa para o Médio-Oriente) Entretanto, ao chegar Bush pai, presidente, chamou esse pessoal de "loucos".
Bush pai não se conta entre os mais insensatos presidentes americanos, cultivou relações com a Arábia Saudita e não foi um amigo de Israel. Mas foi forçado a conceder o posto de secretário da Defesa a Dick Cheney, que traz Paul Wolfowitz e Scooter Libby. Estes dois são os autores de um relatório secreto de Defesa que pregava o total imperialismo americano, o unilateralismo, o excepcionalismo, e, se necessário, a guerras preventivas «para dissuadir os potenciais competidores a sequer aspirar a um papel regional maior. Com a ajuda de um novo Comitê para a Paz e a Segurança no Golfo, co-presidido por Richard Perle, os neocons advogam pela derrubada de Saddam Hussein logo após a operação Tempestade do Deserto, no Kuweit. Desapontados com a recusa de Bush pai de invadir o Iraque, os neocons conseguem sabotar o seu segundo mandato. Pior, sua desforra será completa quando levam seu filho, completamente dominado por eles, para a presidência e para a invasão do Iraque. Como vcs vêem, neocons podem ser o que vc quiser, só não são amadores.
2ª parte
No intervalo entre Bush pai e Bush filho, entrou o democrata Bill Clinton, os neoconservadores. William Kristol, filho de Irving, funda em 1995 uma nova revista, o Weekly Standard, graças ao financiamento do pró-sionista, o bilionário da mídia, Rupert Murdoch, a revista se torna a voz dominante dos neocons. Em 1997, é a primeira publicação a exigir uma nova guerra contra Saddam Hussein. Com Rumsfeld e Cheney, os neocons lançam todo o seu peso no think tank, o Project for the New American Century (Projecto para o Novo Século Americano). Os fundadores, William Kristol e Robert Kagan falam de "ampliar a atual Pax Americana", ou seja, na prática, FFAAS capazes de responder aos desafios presentes e futuros". No seu relatório de setembro de 2000 intitulado Reconstruir as Defesas da América, o PNAC antecipa que as forças armadas dos Estados-Unidos devem conservar forças suficientes para serem «capazes de se desdobrar rapidamente e de se conduzirem vitoriosamente a vários grandes conflitos pelo mundo, simultaneamente". Isto vai requerer uma transformação profunda, incluindo um novo corpo (U.S. Space Forces) para o controle do espaço e do ciberespaço, e o desenvolvimento de «uma nova família de armas nucleares destinadas a fazer face às novas necessidades militares". Infelizmente, reconhecem os autores do relatório, «o processo será longo, "a menos que surja um acontecimento catastrófico jogando o papel de catalisador, como um novo Pearl Harbor". Ainda quando fora do governo, os neocons continuam a exercer enorme influência intelectual e são os verdadeiros mestres da agitação subterrânea.
Com a designação em 2000 de George Bush Jr, filho de George Bush, uns vinte neocons do PNAC são imediatamente investidos em numerosos postos chave da política externa, graças a Dick Cheney. Cheney escolhe-se a si mesmo como vice-presidente, como chefe de gabinete Scooter Libby. David Frum, um próximo de Richard Perle, é o principal redator dos discursos de Bush, Ari Fleischer, outro neocom é adido de imprensa e porta-voz da Casa-Branca. Cheney não consegue se opor à nomeação de Colin Powell como secretário de Estado, mas impõe o colaborador, John Bolton, republicano sionista extremado, e ainda o neocom David Wurmser. Cheney nomeia Condoleezza Rice, conselheira de segurança nacional, ligada há vários anos a um dos neocons mais fanáticos e agressivos de todos, Philip Zelikow, perito do Próximo-Oriente e conhecedor do terrorismo. Para assessorar Rice são recrutados William Luti e Elliot Abrams. Será a partir do Departamento da Defesa, confiado a Donald Rumsfeld, que os três neocons mais influentes vão modelar a política externa americana: Paul Wolfowitz, Douglas Feith e Richard Perle, este último, director do Gabinete da Política de Defesa, encarregado de definir a estratégia militar. Assim, todos estes neo- conservadores se encontram no lugar que eles preferem, o de conselheiros e eminências pardas dos presidentes e ministros. Faltava ainda o "novo Pearl Harbor", o dia 11 de setembro de 2001, para que os neocons pudessem conduzir os Estados Unidos para as guerras imperiais dos seus sonhos maquiavélicos, straussianos. Antes do 11 de Setembro, o relatório do PNAC pedia um orçamento anual da Defesa de 95 bilhões de dólares; desde a guerra no Afeganistão, os Estados-Unidos despenderam 400 bilhões por ano, ou seja, mais do que todo o resto do mundo somado, e fornecia a metade do armamento do mercado mundial. O 11 de Setembro apareceu como a validação do paradigma do "Choque das civilizações", de Huntington, tão caro aos neocons.
A escalada da guerra na Ucrânia é um projeto pessoal dos neocons em torno de Joe Biden, a condenação de Trump é uma tentativa de evitar o fim do conflito.
A Europa vai ficando numa posição mais e mais perigosa agora. Parece sentir um certo prazer nisso, a Europa tão viciada em guerra, peste, fome, será que se cansou mesmo de seu bem estar social?
Fazer da Rússia um vilão vem desde o século XVII, remonta à expansão do poder imperial francês, depois britânico, e então vieram os alemães.
Britânicos, alemães e franceses já dominaram Europa, Índia, China, Indonésia, Vietnã, África etc, mas nunca jamais a Rússia. A Rússia tem um diferencial, a última batalha NUNCA chega.
Nos sonhos recorrentes dos europeus os russos são hunos, vikings, Gêngis Khan entrando em suas mansões, bancos e alcovas.
O Ocidente segue fustigando o urso com sua vara curta.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta semana que a OTAN está mergulhada num “orgasmo” bélico.
Vladimir Putin comentou, "o ocidente, parece mesmo obcecado em promover um conflito global”.
Não é exagero, não é propaganda russa ou anti-russa, o secretário da OTAN, Jens Stoltenberg, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz deram luz verde para Kiev usar armas ocidentais em ataques diretos às cidades da Federação Russa.
Richard H. Black, ex-senador dos Estados Unidos pela Virgínia, oferece a seguinte análise:
“As forças da OTAN reconhecem que estão perdendo a guerra na Ucrânia, com as frágeis linhas de defesa se rompendo. Os neocons estão frenéticos, parecem bebês num campo minado, e cedo ou tarde vão acabar pisando numa mina. Putin está muito ciente da desconexão do Ocidente com a realidade – ele tem informando o Ocidente, com toda sua fantástica paciência zen, sobre a perigosa realidade.”
O general Evgeny Buzhinky disse, "se os ataques de Taurus ou ATACMS forem prejudiciais para a Rússia, atacaremos o centro logístico no território da Polônia, em Rzeszów, onde os mísseis americanos estão sendo preparados.
A Rússia atinge a Polônia; a OTAN invoca o Artigo 5; é a 3ª Guerra Mundial, bingo!
Ora, a OTAN, aliança completamente obediente ao bom e velho Sam tem atacado civis russos já faz tempo, em Donbass, Belgorod e em outros lugares.
Putin é um legalista profissional e um gênio estratégico, e tem todo um arsenal de ferramentas assimétricas – tanto convencionais quanto nucleares – poderia desferir um golpe doloroso na OTAN, ou cozinhá-la lentamente, em lugares nos fundilhos das calças onde a aliança menos espera, talvez seja exatamente o que ela mais deseja.
E o ministro das Relações Exteriores, Lavrov, mais uma vez demonstrando sua paciência característica, apresentou outro lembrete, " a Rússia considerará a instalação de F-16s com capacidade nuclear na Ucrânia – que só podem ser operados por pilotos da OTAN – como “um sinal deliberado da OTAN para a Rússia entrar no modo nuclear”.
Toda a retórica agressiva parece esconder o fato de que mísseis ocidentais são usados na Rússia há anos. A histeria é projetada para obscurecer a meleca em que se tornou a eleição americana, com um lawfare em cima de Trump por causa de uma atriz. Todos aqueles bravateitos e fingidos europeus apoiam a Ucrânia, não se pode negar, ao mesmo tempo promovem a cômica conferência de paz na Suíça, onde será negada ao cômico zelenski a entrada na OTAN.
Andrei Martyanov disse ontem algo muito pitoresco, com seu estilo inimitável, falou sobre a 2ª guerra mundial, os exércitos de Hitler, mais de 4 milhões de soldados tinham algo que já não se tem hoje em dia, eles tinham testículos. Ora, os gostosões europeus vão transformar em fumaça seus preciosos e coloridos anos de vida?
A mídia atlanticista diz que os territórios tantas vezes atingidos nos últimos anos "não são russos", ora, a Crimeia é historicamente, russa, Belgorod e outras foram atacadas muitas vezes por todas aquelas armas, e agora toda essa conversa engraçada sobre "Biden deu permissão para usá-las".
A vitória já aconteceu na Ucrânia, agora é uma fase de arranjos, arranjos que serão arranjados nas condições russas.
Usando o melhor computador quântico e a melhor IA o grau de acerto de uma projeção de cenário é de 92%. Isso se baseia, a grosso modo, no fato de que o ser humano, em grande parte, é previsível, e está razoavelmente "mapeado".
É possível prever como se desdobrará, para dar exemplos tangíveis, a guerra Israel-Palestina, o conflito na Ucrânia e a disputa EUA-China, com pouquíssima margem de erro.
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