QUAL É O ESTADO REAL DA ECONOMIA DOS EUA
Richard Wolff
hoje estou informações conforme uma entrevista dada pelo professor e economista Richard Wolf.
Qual é o estado da economia dos Estados Unidos no mundo de hoje?
Nas últimas três décadas a dívida da classe média americana disparou.
As universidades de elite dos Estados Unidos pregam que o capitalismo é o melhor sistema econômico que a raça humana já concebeu, mas então como explicar uma crise crescente nas últimas quatro décadas, no país mais poderoso do mundo?
Hoje os Estados Unidos vivem uma transferência maciça de riqueza e renda da base e do meio da sociedade para o seu topo onde estão os superricos. Observe, quais os americanos mais famosos hoje em dia? Bill Gates Warren Buffett Elon Musk ou Jeff Bezos, a classe bilionária, na posse de Trump, os bilionários mais ricos, uma meia dúzia de pessoas cercavam o reeleito, ou eram cercados por ele. Então, vamos lá, a primeira coisa a se entender sobre a economia americana é que após quase um século e meio construindo sua chamada classe média, após um século se definindo como um país de classe média bem-sucedido, que tinha apenas alguns pobres em uma extremidade e alguns muito ricos na outra, chegou ao ponto de apontar os Estados Unidos como uma sociedade sem classes, mais igualitária do que por exemplo, a União Soviética, seu grande inimigo da Guerra Fria. Mas está sociedade, da classe média mais poderosa do mundo, está implodindo, a sociedade se tornou extremamente desigual. O excepcionalismo americano foi construído em torno da noção de uma enorme e pujante classe média, então podemos afirmar que acabou o excepcionalismo americano, a sua enorme classe média se foi, o povo estadunidense está com raiva, amargurado, desapontado, furioso. Isso criou uma grande oportunidade para políticos demagógicos que o país gera o tempo todo, uma vez que há solo fértil para cultivar a sede por bodes expiatórios.
Então, veja, um país composto quase inteiramente por imigrantes anglo-saxões, que chegaram e mataram todos os nativos, todas as pessoas que estavam lá antes de sua chegada, dos europeus imigrantes.
E agora o demagogo-mor aponta o dedo para os latinos, os hispânicos, os Ilegais, até mesmo os legais. Negros, pardos, hispânicos e latinos, ou seja, os "estrangeiros", vão embora primeiro. Primeiro eliminaram os povos originais das florestas e pradarias. Agora querem se livrar dos hispânicos e latinos.
Mas repare, o senhor Trump soube captar o voto dessa gente, soube mobilizar essa população em torno de suas queixas econômicas, deu vazão e expressão à agitação que acomete a sociedade americana.
De repente, pessoas se revoltaram com a ideia de que um homem vai se tornar mulher ou vai usar um banheiro que não foi projetado para eles. Só que o problema econômico é ainda muito mais sério do que a crise cultural e moral.
A dívida da classe média norte-americana é extraordinária, a dívida bate todos os recordes, são números nunca vistos, 35 trilhões de dívida com um PIB de 25 trilhões.
Então podemos falar que há uma guerra econômica em curso, ao nível de uma guerra mundial. Os americanos dos EUA acumularam déficits de trilhões de dólares ano após ano, o governo tem dívida record.
O que é menos conhecido é o fato de que a dívida corporativa também está em um nível record, nunca houve um setor corporativo, um setor empresarial com tanta dívida como agora, aproximadamente 20% das corporações são rotuladas como corporações zumbis, porque elas são incapazes de ganhar dinheiro suficiente para pagar suas dívidas, a única maneira de continuarem é pegar mais empréstimos para pagar a dívida anterior.
Não há nada de secreto sobre as estatísticas da dívida estadunidense, tudo que se pode dizer é que isso não é um sinal de saúde. Os proprietários de imóveis, as próprias famílias americanas estão em níveis recordes de dívida. O nível de inadimplência nos EUA é medido assim, se as suas dívidas não forem pagas em 3 meses, então você é considerado inadimplente. Agora imagine o tamanho das taxas de inadimplência do cartão de crédito, são níveis recordes, o povo está atolado
em quatro tipos de dívida, a maior delas é a dívida hipotecária, americanos que possuem suas próprias casas não são mais donos dessas casas, os bancos e seus donos, os banqueiros é que são os donos das casas, as pessoas que moram nas casas pagam ao banco uma hipoteca mensal, que é um pagamento que cobre a dívida que tiveram que contrair para comprar a casa, além dos juros sobre essa dívida, esse juros é o maior deles; o segundo maior tipo de dívida são os empréstimos para os automóveis, os americanos não conseguem pagar nem a casa nem o automóvel, então eles pegam mais empréstimos; o terceiro maior tipo de a dívida é a do cartão de crédito, usado para todas as compras diárias; o quarto é a dívida estudantil, lá vc pega dinheiro emprestado para poder estudar, pagar a escola, para obter um diploma de bacharel. Agora veja, antigamente vc tinha um diploma de bacharel e isso daí era uma garantia um emprego, agora ter diploma já não garante emprego.
Os EUA estão agora em um nível de dívida indescritível. Imagine um brinquedo que funciona dando corda, pois bem se vc der muita corda a corda vai estourar ou vai amolecer o mecanismo e vai parar de funcionar.
Vamos analisar o seguinte, o império americano substituiu o império britânico, há cerca de 100 anos, mais ou menos, e o império americano ascendeu ao topo durante a maior parte do século XX. O império americano não está mais em ascensão, ele está em declínio. As exportações globais dos Estados Unidos é significativamente menor do que era há 30 ou 40 anos, e as importações que os Estados Unidos fazem também caíram. O poderoso dólar americano também está declinando, já não significa 90% das reservas globais, mas talvez uns 50%.
E o declínio militar? As pessoas se iludem e se esquecem de que os EUA perderam a guerra do Vietnã, perderam a guerra no Afeganistão, perdemos a guerra no Iraque e estão perdendo a guerra na Ucrânia.
Outros países, particularmente a Rússia tem se saído melhor em atualizar e construir suas forças armadas. O império dos Estados Unidos tem dificuldades em manter suas 800 bases militares no exterior, já não é possível saquear facilmente o resto do mundo como costumavam fazer, vc já não traz a
riqueza saqueada do resto do mundo como fazia antes. Os bancos centrais estão reduzindo o uso do dólar como reserva, claro que o dólar ainda é muito importante mas não da maneira que era há 20, 40 ou 60 anos, o yene japonês, o euro europeu, o yuan chinês estão se tornando substitutos, assim como o ouro, veja o aumento extraordinário no preço do ouro, acima de de 50% de valorização nos últimos 2 anos, isso é um testemunho do declínio do dólar, pois os capitalistas se desfazem de dólares e investem em outras coisas, por exemplo, ouro. Então o império vive um período perigoso.
Um outro ponto, importante, do ponto de vista psicológico, é aquilo que se chama de negação, negacionismo, na verdade algo muito comum em impérios que entram em declínio, algo observado na Grécia Antiga, no Império Romano. É difícil olhar pro seu próprio império quando ele está em declínio, quando está em ascensão é tudo maravilhosos, e assim temos a negação. Quer dizer, não discutimos de forma séria que estamos em um período de declínio e que isso nos impõe decisões políticas e estratégicas diferentes daquelas que usamos no século XX quando estava em ascensão, então, veja, por exemplo, na eleição presidencial recém-concluída entre Trump por um lado e Biden e Harris por outro lado, nenhuma palavra foi dita sobre um
império em declínio, isso não pode ser falado neste país, como se fosse piorar ainda mais as coisas. Os EUA nao podem mais se dar ao luxo de ter amigos, nem na fronteira norte com o Canadá, nem na fronteira sul com o México. Os Estados Unidos se ocupa agora em dizer que você tem que direcionar a tua riqueza para os EUA, caso contrário vamos puni-lo, vamos impor uma tarifa sobre você, vamos fazer isso, vamos fazer aquilo etc, é uma sociedade se desintegrando e todos os grupos dominantes em cada país estão tentando descobrir como manter a riqueza que acumularam neste momento em que uma economia maior está tendo cada vez mais dificuldade para se manter, quanto mais crescer. Neste teatro político, quem não está em declínio, quem não está encolhendo vai ter de lidar com alguém que quer tomar o Canadá, quer tomar o canal do Panamá, quer pegar a Groenlândia e por aí vai.
São atos de desespero, a ideologia da economia liberal, o capitalismo mudou um pouco, porque se você voltar no tempo, pessoas como Adam Smith, David Ricardo John Stuart Mill, quer dizer, os ícones do liberalismo econômico, eles eram muito cautelosos e preocupados com o processo de acumulação de renda, ou seja, quando alguém extrai riqueza sem contribuir para o processo de produção temos um problema. Os liberais estavam preocupados com a
oligarquia, eles eram a favor do capitalismo industrial, no qual o governo taxaria os rentistas e construiria infraestrutura para elevar o padrão de vida da população, tornando a economia mais competitiva, só que não vemos mais muito disso hoje em dia no ocidente. Adam Smith escreveu muito sobre moralidade, ele também alertou que a desigualdade econômica entre os europeus e o resto do mundo poderia ser um grande problema. David Ricardo disse que com cada inovação tecnológica haveria uma tendência de concentrar mais a riqueza do dono do capital, em vez do dono do trabalho, do trabalhador, ele se preocupava que isso causasse desigualdades econômicas ao longo do tempo que é exatamente o que está acontecendo. Isso levaria então à instabilidade política e à exploração. Os liberais clássicos costumavam discutir muito essas coisas, mas agora vivemos no liberalismo do "livre-mercado".
Daí Trump diz que vai reverter toda essa situação. Musk, parece que vai cair fora, faz cortes dramáticos no orçamento. Trump tem o propósito de defender indústrias domésticas, renegociar acordos comerciais, acabar com a guerra da Ucrânia, bombardear Gaza etc, tudo ao mesmo tempo. Usar a coação econômica contra os outros para reverter uma situação pode ser uma solução? Ou só vai piorar as coisas?
O sr trump vende a ideia de que é uma grande liderança política, de que são muito todo-poderosos e podem moldar o mundo, podem tudo, mas deixe-me trazer duas ou três razões pelas quais o ceticismo é necessário. Vejam, os 11 últimos presidentes dos EUA, os Bush, Clinton, Obama etc, todos eles, os 11 últimos, cada um prometeu trazer a manufatura de volta para os Estados Unidos, então não há absolutamente nada de novo no sr trump prometendo a mesma coisa, a mesma promessa, o problema é que os outros 11 nunca conseguiram cumpri-la, todos prometeram e nenhum presidente a entregou, isso significa que as chances contra o sr trump são muito grandes, isso em em primeiro lugar. Em segundo lugar, muito do que o mr trump faz é teatro político exagerado, histriônico, meio paranóico, e ele faz isso porque o que o levou ao cargo foram as encenações da raiva de ser um supremacista branco, de ser um entusiasta das armas, de ser um opositor do aborto.
Ele simplesmente foi mais longe do que os candidatos anteriores do partido republicano, ele soube ser mais raivoso, isso funcionou para elegê-lo, para ter um apoio popular, mas é principalmente teatro. Veja o caso de utilizar Elon Musk, Elon Musk está demitindo dezenas de milhares de funcionários civis federais. São milhares de opositores, crescendo, o governo federal emprega 2,5 milhões de funcionários civis, outros 2,5 milhões são funcionários militares, um total de 5 milhões de funcionários federais; os governos estaduais neste país, os 50 estados juntos empregam 5 milhões de civis, o dobro de funcionários civis do governo federal, e o nível mais baixo, no nível do município, da cidade, da vila, emprega 15 milhões de funcionários municipais, públicos. Se vc desejasse tornar o funcionalismo público mais eficiente, sua primeira escolha seria começar lá do município, o que o cara está fazendo lá? Nada? Enrolando? E daí? A segunda escolha seria o estado, o que ele tá fazendo lá? Nada? E a terceira escolha seria o governo federal que tem apenas 2 milhões e meio de funcionários,e, bom, são os federais que ele está demitindo. Em geral, os federais são justamente os mais qualificados.
Agora, vejam, um segundo aspecto, se você voltar aos anos 1960 e perguntar quantos funcionários federais civis havia naquela época? Havia 2 milhões e meio. Em outras palavras, ao longo do último meio século a população dos Estados Unidos aumentou em mais de 100 milhões de pessoas, o número de funcionários civis do governo federal não mudou nada, tem estado estável, não aumentou. Em economia isso é chamado de "maior eficiência", ou seja, não há uma razão para demiti-los, é puro teatro político, destinado, em última análise, a aterrorizar a classe trabalhadora. O governo quer mostrar menos gasto, isso agrada a classe dominante, dos mais ricos, significa que "não vamos cobrar tantos impostos de você", mas é tudo insignificante, maquiagem, não lida com os problemas reais. E daí, finalmente vem a cereja do bolo, as tarifas, mais teatro político. Vou pegar um dos maiores exemplos, a indústria automobilística é muito importante na vida americana, a indústria automobilística mudou e cresceu nos últimos 30 ou 40 anos, daí impuseram tarifas sobre o México e o Canadá, ora, a maioria
dos carros são feitos lá, e são trazidos para os Estados Unidos, a importação de carros para os Estados Unidos é uma grande parte do negócio automobilístico e será afetada, os carros vão ficar mais caros, tem tarifa em cima. O México envia sua produção para o Canadá, o Canadá faz a segunda parte e daí enviam para os Estados Unidos onde fazem a terceira parte, voltam para o México etc, ou seja, é uma logística, uma cadeia industrial complicada, daí, vc mete uma tarifa em cima de uma parte, no México. Vc vai destruir a economia mexicana, vc vai deportar milhões de imigrantes, veja, milhões de pessoas serão empurradas de volta pro México, onde não há empregos para elas. Você deporta esses mexicanos e eles não ganham mais dinheiro nos EUA e não vão mais enviar dinheiro para suas famílias no México. É um desastre social e econômico. Como os empregos estão escassos nos EUA, então eles cortam os trabalhadores de volta para onde não há empregos, há tarifas etc, e vc reduz as remessas, que são algo como 5% do PIB do México. Vc vai tirar os empregos que eles tinham na indústria automobilística, vc está destruindo a economia mexicana, a mesma coisa vai acontecendo com o Canadá.
O México está tumultuado pelos cartéis de drogas, metade do México está vivendo da droga, boa parte dela é consumida nos EUA. É o prenúncio de um desastre, estamos falando do colapso da metade boa do Mexico.
Muitas empresas, tanto nos Estados
Unidos quanto no exterior, não sabem o que fazer em relação a essas tarifas. Vejam, as grandes corporação não vão gastar bilhões para realocar fábricas, armazéns, transportes etc, digamos do México para os Estados Unidos. E se forem mudar, como diz o Trump, vai levar, 3, 4, 5 anos. O jogo do Trump é coisa de gangster, puro e simples ação mafiosa, ele coloca a tarifa, depois ele tira a tarifa, coloca de novo etc, a tarifa é uma manipulação do dinheiro, é uma espécie de "pagar proteção", é a mesmíssima coisa que ele fazia quando vendia imóveis, a propriedade permanece lá e daí vc ameaça o comprador com taxa disso, taxa daquilo, juros x, juros y, é o mesmo jogo mas numa escala muito maior.
A comunidade empresarial tem de esperar para ver se a tarifa será mantida ou não, pode significar meses, anos, e se forem anos o sr trump já estará em alguma ilha inacessível tomando seisedicamentos para o cérebro, para a coluna lombar etc, provavelmente já terá saído dada a sua avançada idade, e ainda considerando que este é o segundo dos dois mandatos que ele tem. Ele agora quer um terceiro mandato...
Veja, vou dar um exemplo, a TikTok, que é propriedade de cidadãos chineses, está sob a pressão de Trump para que os chineses vendam, daí Trump diz que se eles venderem ele vai repensar as tarifas contra a China. Então tudo é questão de grana para Trump, ele diz que a China é o principal inimigo dos Estados Unidos, mas está disposto a retirar algumas das tarifas ou sançōes....
A financeirização e a globalização neoliberal levaram 40 anos para as corporações americanas transferirem suas operações massivas para a China, para a Índia para o Vietnã etc. Várias partes do mundo são partes crescentes e dinâmicas do capitalismo, agora, Trump vai reverter tudo isso daí em 4 anos? Por que uma empresa bem sucedida vai voltar para os EUA, por causa das tarifas? E Trump ameaça quem retaliar de volta. Eu acho que as retaliações serão como um trem de dominós, uma bola de neve, haverá retaliação na Europa, Canadá México, Ásia etc, e isso vai prejudicar cumulativamente os Estados Unidos como nunca se viu. E daí Trump vai acusar o mundo e vai pensar seriamente em guerra nuclear pois não haverá mais nada que ele possa fazer, construtivamente falando.
Trump não entende que está mais no século XX, que não pode contar com uma não retaliação da China, não entendeu que os BRICS são uma competição econômica real, formidável. Isso não existia lá no seculo XX e os EUA simplesmente não sabe lidar com isso. As sanções, a coerção econômica vai se voltar contra os EUA, vão na direção oposta só o que eles pretendem.
A economia mudou do Ocidente para o Oriente, muito mais fortemente após a crise financeira de 2008. Desde então, o discurso tanto na China, quanto na Rússia foi o de que não se pode mais confiar na capacidade dos Estados Unidos de liderar o sistema econômico internacional, eles viram os Estados Unidos emprestarem demais, gastarem demais, imprimirem dólares demais, sem disciplina fiscal alguma, foi nesse momento que os chineses realmente começaram a implementar a iniciativa do cinturão e rota, a fomentar novas políticas industriais, a criar os seus próprios bancos de desenvolvimento, e claro os russos seguiram está tendência, numa escala bem menor, e veja, lá em 2009 não havia.nenhuma alternativa para a China, exceto fazer o que fez e está fazendo.
Então vejam, os BRICS, colocando também a Indonesia, que acabou de entrar, representam mais da metade da população mundial, enquanto os Estados Unidos são menos de 5% da população. O PIB dos países dos brics é cerca de 35% do PIB global, o G7, ou seja, os Estados Unidos e seus principais
parceiros é uns 27% do PIB global. Isso significa que todo país africano, asiático ou latino-americano que pensa em tomar empréstimos, abrir seus mercados, participar de novos mercados de exportação, não vai a Washington, Londres ou Paris, ou melhor, eles ainda vão lá, mas quando terminam, enviam a mesma delegação para Pequim, Nova Delhi ou até mesmo para São Paulo, e compara e jogam um contra o outro, e é exatamente o que devem fazer, e muitas vezes conseguem um acordo melhor com os chineses, e assim são os chineses que constróem as ferrovias por toda a África. O espaço de manobra dos Estados Unidos está diminuindo. É uma ironia, vejam, no final da Segunda Guerra Mundial, um intelectual de destaque nos EUA, George Kennon cunhou o termo "contenção", que o objetivo existencial e estratégico dos Estados Unidos era conter o socialismo soviético, e assim fundaram a OTAN, inclusive, há que se dizer, com a ajuda de "ex"-nazistas, para criar um anel de bases ao redor da União Soviética. A ironia é que o "resto do mundo", pois os EUA vêem o mundo como o resto, pois bem o resto do mundo é que está isolando os Estados Unidos.
Lá na ONU, podem observar, as votações são sempre o mundo contra os Estados Unidos e Israel.
Biden dizia que iria colocar a Rússia de joelhos e que o rublo iria colapsar. Isso não aconteceu, era absurdo e errado, porque se você lançar sanções, ou que os americanófilos chamaram de "mãe de todas
as sanções" contra os russos, ora, os russos recorreram aos seus aliados do brics, isso fez toda a diferença, e não apenas e Índia e China foram extremamente importantes, mas outros países também, de múltiplas maneiras, veja, se um petroleiro vai de algum país latino-americano para a Europa, e ele transporta petróleo russo, isso daí, provavelmente é um jogo para escapar das sanções. É muito bom ter amigos e aliados nos lugares certos, mas os EUA parecem.l mais interessados em fazer inimigos.
Is Estados Unidos não conseguem controlar a China ou a Índia, como no século XIX.
Então os EUA podem prosseguir numa rota de colisão, e que vem sendo acelerada nos últimos 15 anos contra a China, só que isso não vai funcionar mais. Está chegando ao fim fustigar a China no mar do sul da China, está chegando ao fim a fantasia dos EUA em torno de Taiwan. A própria Taiwan já começou a perder na competição de chips.
E a Europa? A Europa sabe que seu futuro está do lado leste, no Oriente, não está no velho oeste não
Os 1000 anos de dominação da Europa está no fim. Os EUA já venderam a Europa. A Europa precisa cuidar de seu turismo pois as coisas não serão fáceis.
Agora, vejam, Bernie Sanders, um socialista, marxista, se diz comunista, veja, se dizer comunista nos EUA costumava ser um ato de suicídio político. Pois bem, não é mais. Sanders está percorrendo o país nas últimas semanas, atrai multidões enormes.
Há uma grande oposição crescendo nos Estados Unidos, muito grande
Os EUA não tem uma tradição de organizações políticas socialistas, comunistas, anticapitalistas, lutaram ferozmente contra isso daí.
Vamos observar para onde vão.
Nós aqui no Brasil, já sabemos que o lado do Tio Sam está com problemas, e quer arrastar o mundo junto, quer dizer, tem gente que está lá para se afundar junto. O Titanic pode demorar para afundar, mas afunda.
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