AS TAXAÇÕES VÃO SALVAR OU AFUNDAR OS EUA?
Vamos tentar entender o tema que está na boca de todos: as taxações recentes propostas por Donald Trump em seu segundo mandato, iniciado agora em 2025.
É mistura preocupante: cortes de impostos herdados do *Tax Cuts and Jobs Act* de 2017, isenções fiscais inusitadas e tarifas de importação que chegam a níveis quase punitivos.
Será que isso é genialidade econômica ou um castelo de cartas prestes a desmoronar?
Vamos analisar os prós e contras.
"Primeiro, o contexto. Trump quer manter os cortes de impostos de 2017, que reduziram alíquotas para indivíduos e empresas, e adicionar algumas novidades: nada de impostos sobre gorjetas, horas extras ou benefícios do Seguro Social.
E, claro, as tarifas — 10% a 20% sobre tudo que entra nos EUA, até 60% contra a China, e ele já chegou a flertar com 70% ou mais.
Há o sonho ambicioso de substituir o imposto de renda por essas tarifas. Mas o que isso significa na prática? Vamos aos prós — e prometo que os contras vêm logo em seguida."
"Comecemos pelo lado positivo — ou pelo menos aquilo que Trump vende como positivo. Esses cortes fiscais podem dar um gás na economia. O Tax Foundation estima que manter o *Tax Cuts and Jobs Act* poderia aumentar o PIB em até 1,1% no longo prazo e criar até 600 mil empregos.
Parece bom, não é? Isentar gorjetas e horas extras também coloca dinheiro no bolso dos trabalhadores de serviços e da indústria — um alívio para quem vive de salário em salário.
E as tarifas? Elas prometem proteger a indústria americana, trazendo fábricas de volta para casa e reduzindo a dependência da China.
O Peterson Institute calcula que tarifas de 10% a 60% gerariam até 225 bilhões de dólares por ano. Será que isso paga a conta dos cortes do IR? Fiquem atentos, porque essa é a grande questão."
"Além disso, há um apelo populista claro: aposentados de alta renda ganham com a isenção no Seguro Social, garçons e motoristas de aplicativo comemoram o fim do imposto sobre gorjetas, e empresas que produzem nos EUA podem ver a alíquota corporativa cair de 21% para 15%.
E a ideia de substituir o imposto de renda por tarifas? É ousada, talvez revolucionária — simplificar o sistema tributário e dar um adeus ao IR? Mas será que os números fecham?
"Porque, meus caros, é aqui que a coisa fica complicada. Primeiro, o elefante na sala: o déficit federal.
Estender o *Tax Cuts and Jobs Act* custaria entre 4,5 e 5 trilhões de dólares em dez anos, segundo o Congressional Budget Office, o comitê que analisa o déficit endêmico do governo dos EUA.
Some as novas isenções e o Committee for a Responsible Federal Budget já fala em 7,75 trilhões. E as tarifas? Elas arrecadam, no máximo, algumas centenas de bilhões — o imposto de renda, por outro lado, traz 2,2 trilhões por ano. Façam as contas: é um buraco fiscal que não fecha. Estamos falando de mais dívida pública em um país que já deve 34 trilhões. Quem paga essa conta no futuro?"
"E tem mais: inflação. Tarifas altas encarecem tudo — de eletrônicos a roupas. O Budget Lab da Yale, que é um centro de pesquisas de políticas públicas, estima que as famílias americanas podem gastar entre 1.900 e 7.600 dólares a mais por ano com tarifas de 10% a 60%. Goldman Sachs alerta: cada 1% de aumento nas tarifas empurra a inflação 0,1% para cima.
Lembram do primeiro mandato de Trump? Estudos mostraram que as tarifas caíram quase inteiras no colo dos consumidores americanos, não dos exportadores estrangeiros. Então, quem realmente paga o preço do ‘América First’?" São os pobres e a classe média.
"E não para por aí. Essas políticas têm um lado regressivo que não podemos ignorar. O ITEP, um instituto de política tributária, calcula que os 5% mais ricos embolsam cortes de até 36 mil dólares por ano, enquanto a classe média pode acabar pagando 1.500 dólares a mais — e os mais pobres, 800 a mais. Tarifas, por natureza, batem mais forte em quem gasta tudo o que ganha em bens básicos.
É proteção industrial ou um presente para os ricos disfarçado de populismo?"
"Sem falar nos riscos globais. O Tax Foundation prevê que essas tarifas podem cortar o PIB em até 0,4% e eliminar 223 mil empregos — isso antes de países como China, Canadá e México revidarem, como já fizeram no passado. Exportadores agrícolas americanos que o digam: soja e milho sofreram na última guerra comercial. E a incerteza? Empresas hesitam em investir quando o tabuleiro global vira um campo de batalha. Será que Trump está subestimando o custo disso tudo?"
"Por fim, a tal simplificação tributária. Isentar gorjetas e horas extras parece ótimo no papel, mas na prática? Isso complica o código tributário, cria brechas para fraudes — imaginem gestores de Wall Street chamando bônus de ‘gorjetas’ — e sobrecarrega o IR que ele quer abolir.
Substituir o imposto de renda por tarifas? O Peterson Institute diz que é inviável e vai provocar uma recessão. Então, o que temos aqui: uma promessa sedutora ou uma ilusão perigosa?"
"Chegamos ao fim da nossa análise, ouvintes do Luz no Fim do Túnel, e o quadro é claro — mas não é simples. As taxações de Trump têm brilho: estímulo econômico, proteção industrial, alívio para alguns trabalhadores. Mas o custo? Déficits gigantescos, inflação nas alturas, desigualdade crescente e um mundo que não vai ficar de braços cruzados.
É uma aposta alta, quase um experimento econômico ao vivo. Será que o Congresso vai segurar as rédeas? Será que o planeta vai cooperar? E, mais importante: quem sai ganhando — e quem fica com a conta?"
Não estou otimista com a tempestade trumpista, parece algo como querer tocar saxofone através do sopro dos outros.
E tem mais, vcs não acham que os países vão procurar outros parceiros? Em vez de ficar pagando pau para os EUA? Outra coisa, estamos num momento em que os EUA precisam mais da China do que a China dos EUA. O supply chain, ou seja, a cadeia de suprimentos está na mão dos chineses.
A Coreia do Sul acabou de anunciar a saída das sanções americanas contra a China. Vão exportar todos os chips que a China quiser comprar e em troca saem das sanções chinesas de exportação de gálio e germânio.
Os EUA devem entrar na estagflação e, bom, não quero parecer pessimista mas algo me diz que o trumpismo vai acelerar a queda da economia americana, Trump vai enfrentar uma oposição avassaladora, dentro dos EUA, ou até mais, uma oposição global, dificilmente ele vai terminar seu mandato.
Muito importante, minha gente, o Brasil pode ser beneficiado nessa bagunça toda.
Vamos imaginar o pior, e se as ações de Trump levarem a uma piora na economia americana?
Trump enfrentaria muita oposição, primeiro dos democratas, os democratas poderiam bloquear legislações e iniciar investigações contra as políticas de Trump, contra as tarifas e os cortes de gastos federais, caso sejam percebidas como danosas à economia. Por exemplo, se as tarifas aumentarem os preços ao consumidor, afetando a classe média, a oposição vai ganhar força em estados-chave.
Grandes empresas especialmente as dependentes de cadeias de suprimentos globais (como tecnologia e manufatura), poderiam pressionar contra as políticas protecionistas. Se ad tarifas elevarem os custos de produção e reduzirem os lucros, os CEOs e os lobistas podem se voltar contra Trump, mesmo os seus apoiadores tradicionais.
A base de Trump, que inclui trabalhadores rurais e industriais, pode se frustrar se promessas como "reduzir a inflação" não se concretizar. Um aumento no custo de vida devido a tarifas ou uma recessão poderia implodir o apoio popular de Trump, levando a protestos ou baixa aprovação.
Fora dos EUA, a oposição poderá ser ainda mais pronunciada: países como Canadá, México e membros da União Europeia, afetados por tarifas ou políticas de "America First", poderão retaliar com suas próprias barreiras comerciais. Isso já aconteceu no primeiro mandato de Trump, quando a UE impôs tarifas sobre produtos americanos como bourbon e motocicletas em resposta a taxas sobre aço e alumínio.
Como o maior rival econômico, a China vai intensificar a disputa comercial, restringindo ainda mais os minerais raros e componentes essenciais, o que prejudicará as indústrias americanas como a de semicondutores. Pequim, naturalmente, vai aumentar ainda mais as suas alianças com outros países para isolar os EUA economicamente.
O FMI e a OMC vão criticar Trump se as suas políticas desestabilizarem o comércio global, como já sugeriram em análises passadas sobre tarifas amplas.
Trump vende suas tarifas clamando estar "protegendo empregos americanos".
Porém, o cenário se desdobra assim:
Empresas repassam os custos das tarifas aos consumidores. Itens básicos, como eletrônicos e roupas, ficam mais caros. A inflação, que estava em torno de 2-3%, sobe para 5-6%, pressionando o Federal Reserve a aumentar juros, esfriando o crescimento.
Canadá e México impõem tarifas sobre exportações americanas como petróleo e grãos. A UE segue o exemplo, taxando tecnologia e agricultura. A China reduz a compra de soja americana, devastando fazendeiros do Meio-Oeste.
Com as exportações caindo e os custos subindo, indústrias como a automotiva (dependente de peças mexicanas) e a tecnológica (dependente de chips asiáticos) cortam empregos. O PIB, que crescia a 2-2,5%, entra em contração (-1% ou pior) em 2026, configurando uma recessão.
Governadores democratas, como os da Califórnia e Nova York, desafiam Trump, implementando políticas locais para mitigar os danos. Protestos eclodem em cidades afetadas por demissões. Republicanos moderados no Congresso começam a questionar as tarifas, temendo perdas nas eleições de meio de mandato.
Aliados se afastam, e a China ganha influência ao oferecer acordos comerciais alternativos à Europa e à América Latina. O dólar, inicialmente fortalecido por incerteza global, perde valor com a fuga de capitais para economias mais estáveis.
Nesse cenário, a oposição a Trump se intensifica. Nos EUA, ele enfrenta uma crise de legitimidade, com aprovação caindo abaixo de 40%. Internacionalmente, os EUA perdem soft power, e a economia global se reconfigura em blocos rivais, com a China e a UE se beneficiando do vácuo deixado por Washington.
Bom, vamos ver no que vai dar
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