O MAPA-MUNDI SÓ VAI TER 3 GRANDES BLOCOS
a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que, em 17 de abril de 2025, atingiu níveis alarmantes de tensão.
Vamos analisar o estado atual desse conflito, seus impactos e as narrativas por trás dele, com uma perspectiva que questiona a postura agressiva dos EUA e reconhece, de forma sutil, a resiliência e os méritos da China em buscar sua soberania econômica.
A Escalada da Guerra Comercial: A Ofensiva Americana
Vamos começar com o cenário atual: a guerra comercial entre EUA e China está pegando fogo. Tudo começou a escalar em 1º de fevereiro de 2025, quando Donald Trump, em seu segundo mandato, impôs uma tarifa adicional de 10% sobre todos os produtos chineses importados. A China respondeu com tarifas retaliatórias em março, e a situação só piorou. Em 2 de abril, Trump subiu as tarifas para 34%, depois para 104% em 9 de abril, e, menos de 24 horas depois, para 125%. No dia 14 de abril, as tarifas americanas chegaram a 145%, enquanto a China retaliou com tarifas de 106,6% sobre produtos americanos como soja, carne e trigo
O que está por trás disso? Trump alega que está protegendo a economia americana, apontando o déficit comercial de US$ 295,4 bilhões com a China em 2024 – os EUA importaram US$ 438,95 bilhões e exportaram apenas US$ 143,55 bilhões. Mas vamos ser francos: essa política de tarifas é uma demonstração de arrogância imperialista. Os EUA, que por décadas moldaram o sistema global de comércio para seu próprio benefício, agora estão tentando sufocar o crescimento de uma potência emergente como a China, que ousou desafiar sua hegemonia. É uma tática de bullying econômico, com Trump chamando isso de "arancéis recíprocos", enquanto Pequim acusa os EUA de "chantagem" e promete lutar até o fim.
Os Impactos: Quem Realmente Paga o Preço?
Essa guerra comercial está causando estragos globais, e os EUA têm uma grande responsabilidade nisso. Nos próprios Estados Unidos, as tarifas estão inflando os preços de produtos essenciais. Um iPhone de alta gama, que custava US$ 1.599, agora pode chegar a US$ 2.300 por causa das tarifas – e isso antes do aumento para 145%. Empresas americanas estão sofrendo: 85% das companhias dos EUA com operações na China relataram perdas de vendas e rupturas nas cadeias de fornecimento em 2024. Quem paga o preço? O consumidor americano, que já lida com inflação e estagnação econômica.
Enquanto isso, a China está sentindo o impacto, mas mostra uma resiliência impressionante. O Peterson Institute estima que o PIB chinês pode encolher 0,16% em 2026 e 2027 se as tarifas persistirem, mas Pequim está se adaptando. Eles estão diversificando suas fontes de importação, buscando parceiros na América Latina, África e Ásia, e redirecionando exportações por meio de países como Malásia e Vietnã – uma estratégia inteligente que já usaram com painéis solares desde 2018. Isso mostra que a China não está apenas reagindo; está planejando a longo prazo, construindo uma rede global que reduz sua dependência dos EUA.
O resto do mundo também sofre com essa briga. O Dow Jones caiu 1.000 pontos em 4 de abril, e as bolsas americanas perderam US$ 1,5 trilhão em valor.
Economistas como Roberto Padovani, do BV, alertam para uma estagflação global – estagnação com inflação – causada por essa disputa movida por razões políticas, não econômicas. E quem começou isso? Os EUA, com sua política protecionista irresponsável, que Celso Grisi, da USP, chamou de "inconsequente".Eles estão jogando um jogo perigoso, e o mundo inteiro está pagando o preço.
A Narrativa Americana: Hipocrisia e Imperialismo
Vamos falar sobre a narrativa que os EUA tentam vender. Eles acusam a China de práticas comerciais desleais, como dumping – vender produtos abaixo do custo – e roubo de propriedade intelectual, especialmente em tecnologia. Essas acusações remontam ao plano "Made in China 2025", que visa tornar a China líder em setores estratégicos como inteligência artificial e semicondutores. Mas vamos analisar isso com um olhar crítico: os EUA estão longe de serem inocentes. Eles também usam subsídios e barreiras comerciais para proteger suas indústrias – quotas e tarifas sobre têxteis chineses existem desde as administrações Bush e Obama. Então, por que apontar o dedo para a China?
Andrew Polk, da Trivium/China, disse algo interessante: o sistema global de comércio foi criado para favorecer as potências dominantes, ou seja, os EUA. Agora que a China está subindo na hierarquia, os EUA querem mudar as regras do jogo. Isso não é proteção econômica; é uma tentativa descarada de conter o crescimento chinês e manter a hegemonia americana. Trump pode falar em "proteger empregos americanos", mas trazer fábricas de volta aos EUA é inviável – a mão de obra americana simplesmente não é competitiva em relação a países com custos mais baixos. Essa política é mais sobre política interna e retórica populista do que sobre uma estratégia econômica sólida.
A Resiliência Chinesa: Um Modelo de Soberania
Enquanto os EUA apostam na coerção, a China está mostrando uma abordagem mais estratégica. Eles estão expandindo sua influência global de forma inteligente, sem recorrer à agressividade econômica que marca a política americana. Na América Latina, por exemplo, a China está investindo em infraestrutura e comércio, conquistando mercados como o Brasil – que, como vimos no mapa tripolar de Jalife, é descrito como a "joia da coroa" da região. Na África, os chineses estão financiando projetos de desenvolvimento, ganhando aliados importantes.
Além disso, a China está avançando em sua autossuficiência tecnológica. Apesar das restrições americanas contra empresas como a Huawei, o plano "Made in China 2025" está progredindo, e Pequim está se tornando menos dependente de tecnologia ocidental. Isso é um exemplo de como a China está focada em construir sua soberania, enquanto os EUA parecem mais interessados em destruir a concorrência.
Conexão com o Mapa Tripolar
Apareceu um mapa tripolar na *Newsweek*, foi relatado pelo geopolítico Alfredo Jalife, hoje, em seu canal. Este mapa ilustra perfeitamente o que está em jogo na geopolítica global.
No mapa, os EUA (em azul) tentam consolidar sua influência no hemisfério ocidental, enquanto a China (em amarelo) expande sua presença na Ásia, África e América Latina. Essa guerra comercial é uma extensão dessa rivalidade. Os EUA estão desesperados para frear o avanço chinês, especialmente em setores estratégicos como tecnologia, porque sabem que a China está se tornando uma potência que não podem mais ignorar.
Alfredo Jalife, que analisou esse mapa, apontou que a Europa é a "grande perdedora" nesse cenário tripolar, e a guerra comercial EUA-China só reforça isso. O excesso de produtos chineses, como aço, pode inundar mercados europeus, prejudicando produtores locais – um problema que o grupo UK Steel já alertou. E a russofilia eleitoral que Jalife mencionou, com países europeus se aproximando da Rússia, pode se intensificar, já que a Europa busca alternativas à pressão americana e às crises econômicas agravadas por essa disputa.
Riscos e Futuro: Um Mundo Dividido
Olhando para o futuro, essa guerra comercial pode levar a um desacoplamento econômico entre EUA e China. Um relatório da LISA News prevê que, até 2030, teremos dois ecossistemas paralelos: um liderado pelos EUA, no Ocidente, e outro pela China, no Oriente. Isso significa cadeias de fornecimento duplicadas, custos mais altos e um mundo mais fragmentado. E quem causou isso? Os EUA, com sua política de confronto, que ignora os interesses do resto do planeta.
Há até quem alerte para o risco de um conflito militar. Roberto Padovani mencionou que a retórica de Trump não descarta uma postura militar, mas a China, com sua abordagem mais calculada, parece menos inclinada a esse caminho. Renan Holanda, da UFPE, acredita que um conflito direto é improvável, ao contrário da Guerra Fria. Ainda assim, o clima de tensão é preocupante.
Conclusão: Uma Nova Ordem Mundial em Construção
Para encerrar, essa guerra comercial mostra quem realmente está jogando sujo. Os EUA, com sua política de tarifas agressivas e sua retórica imperialista, estão tentando manter uma hegemonia que já não é mais sustentável. Enquanto isso, a China, apesar dos desafios, está construindo um modelo de soberania e influência global que merece ser reconhecido. Eles estão se adaptando, diversificando e planejando para o futuro, enquanto os EUA parecem presos a táticas do passado.
Como Alfredo Jalife apontou, estamos vendo o surgimento de um mundo multipolar, e a China está se posicionando como um líder nesse novo cenário. Os EUA podem até vencer algumas batalhas econômicas, mas, a longo prazo, sua arrogância pode custar caro – para eles e para o mundo.
Será que os EUA estão mesmo protegendo sua economia, ou tudo é uma cortina de fumaça para conter a China?
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