POR QUE NAÇÕES FRACASSAM E OUTRAS VENCEM

 *Princípios para a Ordem Mundial em Transformação: Por que as Nações Prosperam e Fracassam*, de Ray Dalio


### Resumo do Livro

Ray Dalio, é investidor, fundador da Bridgewater Associates, analisa a ascensão e queda de impérios ao longo dos últimos 500 anos para explicar os ciclos econômicos, políticos e sociais que moldam o mundo. 

Dalio argumenta que estamos vivendo um período de transição na ordem mundial, com padrões históricos que se repetem, mas que serão "radicalmente diferentes" do que experimentamos mais recentemente, embora tragam semelhanças a momentos do passado, em especial o período de 1930 a 1945.


#### O livro é dividido em quatro partes principais, vamos às três primeiras: 

1. **Ascensão e Queda de Impérios**: 

Dalio examina impérios históricos, como o Holandês, o Britânico e o Americano, destacando fatores como o comércio, a força monetária e as inovações tecnológicas.

 Ele introduz o conceito do "Grande Ciclo", que explica os altos e baixos das nações em termos de riqueza, poder e influência. 

Por exemplo, o Império Holandês prosperou com o comércio, o Britânico com a força de sua moeda, e os EUA enfrentam agora o desafio da ascensão da China.


2. **Ciclos Econômicos e Financeiros**: 

Dalio explora o papel do dinheiro, crédito e dívida nos ciclos econômicos. Ele enfatiza que nações com reservas robustas, baixo endividamento e moedas fortes (como moedas de reserva) resistem melhor a crises. Ele também destaca a importância da produtividade humana como motor de riqueza a longo prazo.


3. **Ordem e Desordem**: 

O autor analisa as dinâmicas de "ordem" e "desordem" internas (conflitos sociais e políticos dentro de um país) e externas (relações de poder entre nações). 

Ele aponta que a luta por riqueza e poder cria padrões repetitivos, como a atual competição entre EUA e China, que ele vê como uma disputa tecnológica e sistêmica com potencial para conflitos graves, incluindo risco de guerra (estimado por ele em 35% nos próximos 10 anos).



- **EUA vs. China**: 

A competição entre os EUA (potência dominante) e a China (potência emergente), especialmente na área tecnológica, que pode determinar a liderança global. A China tem potencial de crescimento ilimitado, enquanto os EUA mantêm uma ligeira vantagem, que está diminuindo.


- **Interações Sociais**: Dalio enfatiza que normas e comportamentos sociais influenciam os resultados econômicos. Conflitos internos, como polarização política e desigualdade, podem enfraquecer nações.




**previsões de Ray Dalio**, com foco nos padrões históricos e nas projeções para o futuro, especialmente no contexto da competição entre EUA e China e as transições na ordem mundial.


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Dalio estrutura sua análise em torno de três grandes ciclos que governam a ascensão e queda de nações e impérios. Esses ciclos são interconectados e operam em diferentes escalas de tempo, mas convergem para explicar períodos de prosperidade, declínio e transformação. Ele baseia sua abordagem em dados históricos, indicadores econômicos e padrões sociais, examinando 500 anos de história, com ênfase em impérios como o Holandês, o Britânico e o Americano.


#### 

1. Ciclo de Endividamento de Longo Prazo

- **Definição**: Este ciclo reflete como nações acumulam e gerenciam dívidas ao longo de décadas, geralmente entre 50 e 100 anos. Ele está ligado ao papel do dinheiro, crédito e moedas de reserva (como o florim holandês, a libra britânica e o dólar americano).


Como funciona o dinheiro na ascensão e queda de impérios? 


 a) Fase de Crescimento**: Quando uma nação é produtiva, sua moeda é forte, e o crédito flui facilmente, levando a investimentos e prosperidade. Bancos centrais emitem dinheiro e crédito para estimular a economia.


 b) Fase de Endividamento Excessivo**: Com o tempo, o endividamento cresce mais rápido que a produtividade, criando bolhas. Governos e cidadãos tomam empréstimos além da capacidade de pagamento.


c) Fase de Crise**: Quando as dívidas se tornam insustentáveis, crises financeiras surgem, forçando desvalorizações monetárias, impressão de dinheiro ou reestruturações. Isso enfraquece a moeda de reserva e a influência global da nação.


- **Exemplo Histórico**: O Império Holandês entrou em declínio no século XVIII quando suas dívidas de guerra e gastos excederam sua capacidade econômica, enfraquecendo o florim. 


Nos EUA, Dalio aponta que o endividamento crescente (dívida pública e privada) e a impressão de dólares desde 2008 são sinais de uma fase avançada desse ciclo.

- **Indicadores**: Dalio monitora a relação dívida/PIB, a força da moeda de reserva e a capacidade de financiar déficits sem depender de impressão monetária.


2. Ciclo de Ordem e Desordem Interna

 Este ciclo dura de 10 a 20 anos, descreve as dinâmicas sociais e políticas dentro de uma nação, oscilando entre períodos de coesão (ordem) e conflito (desordem).


Como funciona o ciclo de ordem e desordem interna?


Fase de Ordem**: Após crises (como guerras ou depressões), as sociedades se unem em torno de objetivos comuns, promovendo cooperação, produtividade e crescimento. Há confiança nas instituições e baixo conflito de classes.


Fase de Desordem**: Com o tempo, desigualdades econômicas e polarização política aumentam, levando a fragmentação social. Conflitos entre elites, classes médias e os desfavorecidos intensificam-se, enfraquecendo a governança e a coesão.

Ruptura Potencial**: Em casos extremos, a desordem leva a revoluções, guerras civis ou colapsos institucionais, marcando o início de um novo ciclo de ordem.

Exemplo Histórico**: A Grande Depressão nos EUA (1929-1933) gerou desordem, mas a liderança de Roosevelt e a mobilização na Segunda Guerra Mundial restauraram a ordem. Hoje, Dalio vê sinais de desordem nos EUA, como polarização política extrema, desigualdade de renda (os 1% mais ricos detêm 90% de toda a riqueza) e desconfiança nas instituições.

 Dalio usa métricas como desigualdade de renda (índice de Gini), o conceito de polarização política (votação partidária rígida) e os índices de confiança pública para avaliar esse ciclo.


3. Ciclo de Ordem e Desordem Externa

Este ciclo abrange as relações de poder entre nações, incluindo comércio, influência geopolítica e conflitos militares, com duração variável (de décadas a séculos)


Como funciona o ciclo de ordem e desordem externa?

Fase de Ordem**: Uma potência dominante estabelece uma ordem global, com regras, moeda de reserva e influência cultural. Outras nações se alinham ou competem marginalmente.

Fase de Desordem**: Uma potência emergente desafia a dominante, criando tensões comerciais, tecnológicas e militares. Isso pode levar a conflitos, como guerras comerciais ou militares, até que uma nova ordem seja estabelecida.


Transição**: A transição entre ordens é frequentemente caótica, marcada por crises financeiras, guerras ou mudanças abruptas no poder global.


- **Exemplo Histórico**: A transição do Império Britânico para o Americano após a Segunda Guerra Mundial foi relativamente pacífica, mas precedida por duas guerras mundiais. Atualmente, a competição entre EUA e China reflete uma nova fase de desordem externa, com tensões em áreas como tecnologia (5G, IA) e comércio.

Dalio analisa participação no comércio global, força militar, inovação tecnológica e influência cultural (como o domínio do idioma ou da mídia).


A Interconexão dos Ciclos

Dalio enfatiza que esses ciclos interagem. Por exemplo:

- Um alto endividamento (ciclo de longo prazo) pode exacerbar as desigualdades sociais (ciclo interno), levando à desordem social.

- A desordem interna enfraquece uma nação, reduzindo sua capacidade de competir globalmente (ciclo externo).

- Crises externas, como guerras, podem forçar a coesão interna, reiniciando o ciclo de ordem interna.


PREVISÕES de Dalio

Dalio não faz previsões exatas, mas usa sua análise cíclica para identificar tendências prováveis e riscos nos próximos 10 a 20 anos. Suas projeções são baseadas em dados históricos, indicadores atuais e sua metodologia preditiva, que combina análise quantitativa com insights qualitativos. 


Vamos trazer aqui estão suas principais previsões, com foco no contexto global e na competição EUA-China:


1. Declínio Relativo dos EUA

- **Contexto**: Os EUA permanecem a maior potência econômica e militar, com o dólar como moeda de reserva global. No entanto, os EUA vão enfraquecer. De que modo os EUA vão enfraquecer?


a) Endividamento**: 

A dívida pública dos EUA ultrapassa 130% do PIB (2025), e a impressão de dinheiro para financiar déficits está desvalorizando o dólar gradualmente.


 b) Desordem Interna**: A polarização política e a desigualdade de renda estão no maior nível em um século, minando a coesão social e a governança eficaz.


 c) Competição Externa**: A ascensão da China está reduzindo a vantagem relativa dos EUA em áreas como tecnologia, comércio e influência global.


A Previsão é que os EUA continuarão a ser uma potência líder, mas perderão influência relativa. O dólar pode perder seu status de moeda de reserva dominante nas próximas décadas, especialmente se a confiança global diminuir devido a políticas monetárias insustentáveis.


2. Ascensão da China

O contexto é que a China é a segunda maior economia do mundo, vem crescendo rapidamente em tecnologia (IA, 5G, semicondutores) e comércio (Iniciativa Cinturão e Rota). A China tem uma população altamente educada, produtividade crescente e um sistema político centralizado que favorece o planejamento de longo prazo.

A Previsão é de Crescimento Sustentado**: 

A China tem um "potencial ilimitado" para crescer, especialmente se mantiver investimentos em educação, inovação e infraestrutura. Dalio prevê que a economia chinesa pode superar a dos EUA em termos nominais até 2030.


 Mas há Desafios: A China enfrenta riscos, como dívidas internas (especialmente no setor imobiliário), envelhecimento populacional e tensões com o Ocidente. 

No entanto, Dalio acredita que sua resiliência sistêmica pode superar esses obstáculos.


Liderança Tecnológica**: 

A competição tecnológica será o principal campo de batalha. A China está investindo pesadamente em IA e tecnologias verdes, potencialmente superando os EUA em algumas áreas.


3. Risco de Conflito EUA-China

A competição entre uma potência dominante (EUA) e uma emergente (China) segue um padrão histórico que frequentemente leva a conflitos. Dalio cita paralelos com a rivalidade entre Reino Unido e Alemanha antes da Primeira Guerra Mundial.


Existe a possibilidade de Guerra?

Dalio estima uma probabilidade de 35% de um conflito militar significativo entre EUA e China nos próximos 10 anos (até 2035), possivelmente desencadeado por disputas em Taiwan, no Mar do Sul da China ou por sanções comerciais extremas.


Guerra Tecnológica e Econômica**: 

Mesmo sem uma guerra militar, Dalio prevê uma intensificação da guerra comercial e tecnológica, com sanções, bloqueios de tecnologia (como chips semicondutores) e disputas por recursos estratégicos.


Impacto Global**: Um conflito, mesmo não militar, pode fragmentar a economia global, criando blocos econômicos separados (um liderado pelos EUA, outro pela China).


4. Transição na Ordem Mundial

- **Contexto**: Estamos em um período de transição entre ordens mundiais, semelhante ao período de 1930-1945, marcado por crises financeiras, conflitos e redefinição de poder. Dalio acredita que a ordem atual, centrada nos EUA, está enfraquecendo


Previsão**:

A próxima ordem mundial pode ser multipolar, com os EUA, a China e outras potências (como a UE ou a Índia) compartilhando influência. 

Alternativamente, a China poderá emergir como líder dominante se os EUA não enfrentarem seus desafios internos e externos.


Cronograma no livro de Dalio**: 

A transição completa pode levar de 10 a 20 anos, com períodos de instabilidade econômica e geopolítica.


Durante a transição, Dalio prevê o aumento de crises financeiras, volatilidade nos mercados e desafios como mudanças climáticas, que exigirão cooperação global improvável no curto prazo.


5. Desafios Sistêmicos Globais

- **Mudanças Climáticas**: 

Dalio alerta que o impacto econômico das mudanças climáticas será significativo, exigindo investimentos massivos em adaptação e mitigação. Nações que não se prepararem (especialmente as mais pobres) enfrentarão crises humanitárias e instabilidade.


- **Desigualdade Global**: 

A crescente desigualdade dentro e entre nações alimentará tensões sociais e políticas, dificultando a governança global.


- **Avanços Tecnológicos**: A IA, a automação e outras tecnologias transformarão economias, mas também criarão desigualdades e riscos éticos, exigindo regulamentação global.


Como é que Dalio faz suas previsões?

Ele utiliza uma metodologia sistemática:

- **Análise de Dados**: Ele usa 18 indicadores-chave (os principais são a relação dívida/PIB, a participação no comércio global, a força militar) para avaliar a saúde de uma nação. Esses indicadores são combinados em um "índice de poder" que classifica nações historicamente e atualmente.

- **Estudo de Padrões**: Dalio identifica 17 forças principais (como por exemplo, dentre as principais, educação, inovação, coesão social) que moldam o sucesso de uma nação. Ele analisa como essas forças interagiram em impérios passados para prever resultados futuros.

- **Cenários Probabilísticos**: Em vez de previsões definitivas, Dalio atribui probabilidades a cenários (como os 35% de risco de guerra EUA-China), reconhecendo uma incerteza inerente.


Ele também enfatiza princípios para navegar esses ciclos:

- **Diversificação**: Reduzir riscos em investimentos, políticas e estratégias pessoais.

- **Perspectiva Histórica**: Estudar o passado para antecipar padrões futuros.

- **Cooperação**: Enfrentar desafios globais exige colaboração, mesmo em um mundo polarizado.

- **Decisões Baseadas em Dados**: Usar análise objetiva para superar problemas emocionais.


### Limitações e Críticas

Embora as previsões de Dalio sejam fundamentadas, ele reconhece incertezas:

- **Eventos Imprevisíveis**: Choques como pandemias ou avanços tecnológicos inesperados podem alterar os ciclos.

- **Viés de Dados**: A análise depende de dados históricos, que podem não capturar nuances do presente.

- **Complexidade Humana**: Comportamentos sociais e decisões políticas são difíceis de prever com precisão.


Críticos apontam que suas previsões podem ser genéricas (como prever instabilidade sem detalhes específicos) ou excessivamente focadas em macroeconomia, negligenciando fatores culturais ou regionais.


### Conclusão

Os ciclos de Dalio oferecem uma lente poderosa para entender as forças que moldam a ordem mundial, combinando endividamento, coesão social e competição global. Suas previsões sugerem um futuro desafiador, com o declínio relativo dos EUA, a ascensão da China e riscos de conflitos, mas também oportunidades para nações e indivíduos que se adaptarem. A transição para uma nova ordem mundial será marcada por instabilidade, mas Dalio acredita que decisões baseadas em princípios podem mitigar riscos e aproveitar oportunidades.




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