DEEP STATE

 Deep State 

O governo invisível governa, direciona, influencia, determina e manipula o governo visível. Existe até mesmo na mais liberal das democracias, aliás existe sobretudo nas mais liberais das democracias, não é eleito, permanece todo-poderoso, sobretudo nos países que se dizem multipartidários, soberanos, baseados em democracia, em liberdade de expressão, em defesa do “estado democrático de direito” etc, etc. O deep state não depende de quem vence a eleição, não depende da direita ou da esquerda, não depende de ideologia, não depende do governo, não depende nem mesmo da politica de estado a longo prazo. Existe desde sempre, porque existem elites dentro de um país, e no seio desta elite existem pessoas capazes de se mover e de influenciar a sociedade como um todo. O deep state não se trata simplesmente de uma conspiração ou de um governo secreto, o deep state não é algo anormal, ele existe porque existem pessoas capazes de entenderem melhor sua própria época e contexto, e tem meios de ação e influência suficientes para impor uma sua agenda, acima e por trás do sistema visível. Simplificadamente podemos afirmar que o deep state é melhor representado por um grupo de funcionários públicos, secretários, conselheiros, burocratas em cargos extremamente estratégicos no governo, lá ficarão governo após governo, conhecem a fundo os protocolos, as regras formais e as regras não escritas, não são eleitos, podem ser concursados ou estão lá por influência de lobbies ou por confiança. Funcionários Públicos de alto nível não são eleitos através de processos eleitorais, ocupam cargos estratégicos, têm poder de fazer a máquina pública andar ou travar, estão lá há muito tempo, adquiriram muita experiência com protocolos, senhas, locais secretos, relações com famílias extremamente influentes que tem interesse em demandas de estado, empresários e banqueiros que precisam de discrição em certos contratos ou demandas, contatos com pessoas do mesmo segmento em outros países, acesso a técnicos e engenheiros de alto nível, etc, etc. Um presidente recém-eleito não pode simplesmente trocar este tipo de funcionário de carreira, frequentemente o chefe do poder vai precisar se aconselhar com o indivíduo que está lá há vinte anos, conhece cada porta, cada departamento, todo o organograma, sabe o regimento de cor e salteado, sabe quem é quem, sabe como contar outro poder pelas vias normais ou pelas vias informais etc, etc. Então esse indivíduo aí, nos meandros do poder, ele tem conexões e redes de contato, conhecem os detalhes administrativos do Estado, conhecem o ambiente do RH, conhecem os engenheiros de informática, sabem onde estão certos arquivos, a localização de certos documentos, sabe como funciona a lei, a organização, a lei orgânica da quele poder, enfim, ele sabe tudo sobre a etiqueta do poder, como o presidente deve agir em uma dada situação, que jornalista é hostil, que jornalista colabora etc, cinhece as relações públicas, a assessoria de imprensa, então imagine se em cada eleição o presidente do Brasil, por exemplo, tivesse que trocar toda a parte administrativa da Polícia Federal ou do Ibama ou do Banco Central? A máquina pública levaria meses selecionando novos funcionários, e sem dizer que o funcionário antigo teria, a priori toda a boa vontade do universo para passar muitas informações sigilosas. Dados seriam perdidos durante essa transferência, é muito provável que um governo desejoso de trocar tudo ou mesmo apenas uma parte, ficará travado, ficaria perdido no tempo, na prática ele vai é conhecer a sua máquina administrativa e saber como ela funciona e quem trava e quem destrava a sua política. Eventualmente o governante até trocará um ou outro elemento por alguém de sua inteira confiança, mas trocar todo o sistema não só é inviável como é mesmo impossível. Todos os países têm essa casta de funcionários administrativos, seja uma ditadura, seja a mais liberal das democracias, sejam países grandes e influentes, sejam países pequenos e discretos. Sejam países de grande população como a China, sejam países pequenos como El Salvador. Então, o deep state não é uma conspiração ou uma subversão do sistema, é uma força inevitável da geopolítica e é uma consequência da própria existência do Estado, ou seja, a burocracia sempre vai existir. A burocracia organiza os dados, hierarquiza as informações, delega o que é possível delegar e concentra o que é necessário segurar. Contudo o deep state terá formas diferentes para cada país, conforme a sua história, tradição, religião etc. Funcionários permanentes organizam o estado, seja ele governado por presidente, rei, primeiro primeiro, aiatolá, imperador etc, etc. O deep state pode atrapalhar tremendamente o governo, não é incomum que o deep state tenha relações com as altas elites de um país, as famílias mais ricas e tradicionais, os grandes proprietários de terras, indústrias e bancos. Mas a elite das poucas famílias mais poderosas não significa que essas famílias são o deep state, mas que a força dos burocratas, dos funcionários de carreira, tem relações com essas elites, frequentemente o burocrata faz avançar certos contratos e agendas em detrimento de outros contratos e agendas. Exemplos históricos de deep state foram, por exemplo, os escribas e sacerdotes no Egito Antigo, os mandarins e os eunucos na China anterior à revolução de 1911. Nestes casos vejam, os escribas controlavam os documentos e os registros oficiais dos estoques de alimentos de todo o país, entendiam o que significavam aqueles números, afastá-los ou substituí-los seria sempre um grande risco. Não é incomum que serviços de inteligência e informação de um era sejam mantidas numa próxima era, mesmo quando há uma revolução, um bom exemplo foi a Okrana do czar da Rússia, mantida ou reaproveitada em boa parte por Trotsky após a revolução de 17, quando criou a sua temida tcheca, a quakl viria depois a ser o KGB de stalin. Na Pérsia antiga o sistema de administração pública era bastante eficiente, os administradores e burocratas persas faziam o império, que era o maior do mundo de então, funcionar a contento. O governo, elite militar, uma nobreza militar, focava em suas guerras, e os assuntos chatos e tediosos ficavam a cargo dos burocratas, dos funcionários de carreira. Quando as tropas de Alexandre grande e seu império Helenico conquistaram a Pérsia, Alexandre manteve todo o corpo de burocratas, vitais para manter a economia e a produção do recém-conquistado Império Persa funcionando. Os gregos acabaram se orientalizando, a tal ponto que membros da Elite grega pareciam cada vez menos gregos e mais persas nos costumes. Isso na China é impressionante, todos os conquistadores que tomaram a China, para poder usufruir das conquistas mantiveram as classes burocratas chinesas, e bom, os conquistadores da China podiam ser grandes guerreiros, como os mongóis por exemplo, mas para administrar grandes e complexas populações em uma vasta região, precisavam de uma azeitada administração pública, então eram obrigados a manter a estrutura de funcionamento do estado, o seu deep state, intacto, no caso chinês existe uma particularidade interessante, a China se notabilizou por ter a classe de funcionários públicos mais eficientes e competentes do mundo, por muitos séculos, e grupos especializados em funções, muitas vezes de uma família, concorriam com outros grupos igualmente altamente especializados. No embate entre os mandarins e os eunucos (indivíduos castrados ao nascer), os dois grupos disputavam para ver quem teria mais influência sobre o Imperator. Não é incomum, aliás caracteriza a civilização chinesa que todos os seus conquistadores acabaram virando chineses, então veremos povos bárbaros, nômades, com o passar dos anos e décadas passavam a falar chinês, a se vestir como a elite chinesa, a seguir os ritos e protocolos reais chineses, frequentemente por influência dos burocratas chineses. O exemplo mais forte disso é o próprio Império Mongol, apesar de ter sido o império mais proporcionalmente forte de toda a história, acabaram submersos pelo deep state chinês. O império romano não se manteve quando engolfado pelas invasões bárbaras, ele se esfacelou no ocidente mas manteve sua coesão e seu deep state no oriente, até sua queda diante dos turcos otomanos. A China superou o império romano em vários aspectos, em população, em produção econômica, em nível tecnológico, em balança comercial favorável etc. O império britânico por mais forte que fosse manteve um relativo equilíbrio com o império francês ou com o império Russo. Quando a Alemanha se unifica, no final do século XIX, ela acaba superando os britânicos, então a vantagem britânica era pequena se comparado com as demais forças de sua época. No caso mongol não havia qualquer nação ou império no mundo, na sua época, capaz de vencê-los militarmente, no entanto a China venceu, politicamente, culturalmente, burocraticamente, civilizacionalmente. Nos dias de hoje temos um aparato estatal formidável, maior que o de qualquer outro período da história, então o Deep state também se muito mais forte e complexo do que nunca. E hoje, existe o poder da mídia, das redes, das novas tecnologias. Desde o fim da 2ª Guerra Mundial, os orçamentos militares de pesquisa e de inteligência, de vigilância, de espionagem, de informação etc, foi foi levado a proporções muito maiores e muito mais eficientes. Então o deep state hoje não é somente o burocrata que controla os livros do governo, é um aparato paralelo de poder, o presidente eisenhauer falou do “complexo Industrial militar” que controlava os EUA por baixo do pano, ele disse isso em seu discurso de despedida, em 1961, alertando sobre a influência desproporcional da indústria de defesa e das Forças Armadas sobre a política nacional.

Na época da Guerra Fria os serviços de espionagem da OTAN treinaram civis e espalharam armas pela Europa ocidental esperando uma invasão da URSS, criou células adormecidas até que chegasse o “dia da invasão”. Essa invasão nunca veio, exceto se considerarmos que veio via partidos comunistas, socialistas, social-democratas etc. No entanto, essa rede de civis e militares da OTAN nunca foi totalmente desfeita, apesar de seu envelhecimento e anacronismo, daí nós vimos o quanto a OTAN se espalhou para o leste após a queda da URSS, gerando o grande conflito na Ucrania. Em nome de combater o socialismo soviético militares e cientistas e espiões tiveram um orçamento quase ilimitado, não só nos Estados Unidos mas na Europa, na América Latina, na Ásia, ao passo que do lado soviético com seus aliados, no Pacto de Varsóvia, também havia um orçamento ilimitado, então todo de operação e pesquisa acaba sendo permitida nos dois lados, durante a Guerra Fria, com tanto dinheiro sendo despejado pelas torneiras dos governos muita ficou sem nenhuma supervisão, muito dinheiro foi desviado, operações clandestinas e controversas foram executadas, e se engana quem acha que nos regimes Democráticos foi menos ruim do que nas ditaduras. J Edgar hoover um dos fundadores do FBI e que esteve no comando da agência por 38 anos, usava um exército de Agentes e equipamentos de espionagem, mediante um orçamento enorme e com total liberdade para “combater os comunistas”, e assim, espionava todo mundo, literalmente, sobretudo senadores, secretários, os próprios presidentes dos Estados Unidos, ele tinha dossiês com os podres de cada figurão de Washington e usava isso para intimidar e chantagear se alguém ameaçasse demiti-lo ou impedisse alguma operação. Eu já mostrei que o FBI é uma criação desde Londres, das famílias khazares por trás do FED etc (assistam à serie de 4 vídeos sobre a máfia khazar). Hoover era capaz de fazer os presidentes americanos abaixarem a cabeça para ele. Dizem que esses dossiês do FBI teriam sido destruídos, acho isso muito improvável. Hoover é um exemplo drástico da existência de um deep state incrustado dentro dos eua, eu já mostrei aqui no nosso canal sobre a influencia avassaladora dos neocons , todos eles secretários, conselheiros, editores etc, bem como na influencia da máfia khazar, um poder mais bancário e de globalização unipolar. Hoover mandava no governo eleito. Aqui no Brasil, teve um senador, Calheiros, ele adquiriu um equipamento de Israel, e podia gravar qualquer um, ele tinha dossiês de todo mundo que era importante em brasileira, e bem, Calheiros nunca caiu e nunca saiu do poder. O presidente com toda sua autoridade acabavam se curvando a ele mas é provavelmente muito pior porque uma das poucas derrotas que J Edgar hoover teve foi a criação da Cia até Então as atividades de coleta de inteligência tanto interna como externa eram feitas pelo FBI e incomodava ele a ideia de uma agência exclusiva para espionagem no exterior porque basicamente significaria que ele teria que dividir o poder que tinha e de fato acia seguiu essa linha concorrente que diluiu o poder do FBI então a competição entre essas agências foi grande e isso é importante entender as diferentes facções do Deep State com correm e disputam entre si não há algo homogêneo mas quando alguém de fora ameaça esse sistema como um todo eles então se fecham e se protegem Nem sempre o Deep state também é algo tão discreto como acontece com o poder judiciário e ministério público no Brasil embora historicamente a excessiva exposição de alguma área do Deep state acabou gerando crises políticas e civis que quando não resultaram em rupturas geopolíticas resultaram pelo menos em mudanças governamentais ticas com outros setores do Deep state sacrificando então a parte digamos exposta para manter um mínimo de existência do sistema funcional então o conceito de Deep state ou estado profundo não é apenas Teoria da Conspiração representa Na verdade uma realidade muito mais complexa nas estruturas de poder governamental este fenômeno faz parte da burocracia estatal e das instituições permanentes demonstrando uma enorme resiliência histórica se adaptando aos diferentes contextos políticos e culturais ao longo dos séculos mas ao mesmo tempo o Deep state tem desempenhado um papel crucial na manutenção da continuidade administrativa inclusive nos períodos de crise grave então entenda que o Deep state é uma consequência e não um planejamento não é algo monolítico como um único grupo que domina tudo mas sim de várias facções que frequentemente disputam o poder influência e o dinheiro dentro dos bastidores do governo mas que frequentemente também cooperam não sendo nem algo propriamente benéfico ou maléfico seria mais como uma força da natureza nesse caso da força da natureza política uma das forças inevitáveis da geopolítica sua existência levanta questões importantes sobre a natureza da Democracia da Transparência governamental e dos limites do Poder institucional mas ao mesmo tempo garante algum mínimo de estabilidade ainda que em muitas vezes de forma controversa você não destrói o Deep state no máximo substitui ele por outro.




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