A ESTRATÉGIA DOS EUA CONTRA A CHINA
A Estratégia dos Estados Unidos contra a China: Taiwan, Tarifas e a Manutenção da Hegemonia Global**
Por Brian Berletic, adaptado para o canal de geopolítica
**Introdução**
As tensões entre os Estados Unidos e a China intensificam-se em múltiplas frentes, abrangendo desde disputas comerciais até questões geopolíticas sensíveis, como o status de Taiwan. Este artigo analisa a estratégia americana em relação à China, com foco na interferência em Taiwan, na imposição de tarifas comerciais e na tentativa de conter o ascenso chinês para preservar a hegemonia global dos EUA. Argumenta-se que tais ações não visam a reindustrialização dos Estados Unidos, mas a perpetuação de um império global, em um esforço que reflete táticas empregadas contra outros adversários, como a Rússia.
**1. O Contexto Geopolítico: Taiwan como Ponto Focal**
Taiwan, reconhecida internacionalmente como parte da República Popular da China sob a política de "Uma China", tornou-se um epicentro das tensões sino-americanas. Apesar de acordos históricos, como o Comunicado de Xangai de 1972, no qual os EUA reconheciam que Taiwan é parte da China e se comprometiam a não interferir em sua resolução pacífica, as ações americanas têm violado consistentemente esses compromissos. Nos últimos anos, os EUA intensificaram sua presença militar em Taiwan, com o redesdobramento de tropas, vendas de armas — incluindo um pacote de US$ 2 bilhões em 2024, conforme reportado pela CNN — e visitas de alto nível, como a da ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, em 2022, e do senador Pete Ricketts, em 2025.
Essas ações, somadas a sobrevoos provocativos de aviões de guerra americanos no Estreito de Taiwan, desaf188iam diretamente a soberania chinesa e a política de "Uma China", que os próprios EUA endossam oficialmente. A narrativa da mídia ocidental, muitas vezes, distorce o status de Taiwan, promovendo a percepção errônea de que se trata de um país independente, o que alimenta tensões e justifica a escalada militar americana na região.
**2. A Guerra Comercial e Econômica**
Paralelamente à questão de Taiwan, os EUA intensificaram uma guerra comercial contra a China, caracterizada por tarifas elevadas — algumas chegando a 200% — e outras medidas protecionistas. Contrariamente à retórica de reindustrialização dos EUA, essas tarifas não buscam fortalecer a economia interna, mas isolar a China economicamente, de maneira semelhante às sanções impostas à Rússia. Relatórios da mídia ocidental, incluindo análises do Projeto 2025 da Heritage Foundation, confirmam que o objetivo é reafirmar a dominância americana global, e não revitalizar a indústria doméstica.
O Projeto 2025, coordenado pela Heritage Foundation e financiado por interesses corporativos, delineia políticas implementadas pela administração Trump, com figuras como Peter Navarro, autor do capítulo sobre comércio, ocupando posições-chave no governo. As tarifas, iniciadas na primeira administração Trump e mantidas sob Biden, precipitaram uma crise de custo de vida nos EUA, demonstrando que seu impacto é mais disruptivo do que construtivo. A ausência de investimentos em educação, infraestrutura e nacionalização industrial reforça que a reindustrialização não é o objetivo, mas sim a contenção da China.
**3. Paralelos com a Estratégia contra a Rússia**
A abordagem dos EUA em relação à China espelha táticas empregadas contra a Rússia, particularmente na utilização de proxies regionais e sanções econômicas. Assim como a Ucrânia foi instrumentalizada para uma guerra por procuração contra a Rússia, Taiwan está sendo posicionada como um potencial proxy contra a China. A militarização de Taiwan, aliada à captura política de sua administração, segue o mesmo modelo da Ucrânia pós-2014, quando os EUA orquestraram a reorientação de Kiev contra Moscou.
Além de Taiwan, os EUA buscam cooptar nações na periferia da China, como as Filipinas, o Japão e a Coreia do Sul, para formar um cordão de contenção. Nas Filipinas, por exemplo, a administração americana tem explorado disputas marítimas no Mar do Sul da China, exagerando tensões para justificar uma presença militar crescente. Relatórios do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) indicam que a maior parte do comércio no Mar do Sul da China está ligada à própria China, desmentindo a narrativa americana de proteger a "liberdade de navegação". Em vez disso, a presença militar dos EUA visa ameaçar e, se necessário, interromper esse comércio, prejudicando a economia chinesa.
**4. A Preservação do Império Americano**
A estratégia americana não se alinha com a promessa de "fazer a América grande novamente" no sentido de fortalecer sua economia ou bem-estar interno. Em vez disso, reflete um esforço desesperado para preservar a hegemonia global dos EUA em um momento em que o poder relativo americano declina. Como afirmou Peter Navarro no Projeto 2025, o objetivo é manter os EUA como a superpotência dominante, mesmo que isso implique sacrificar aliados regionais, como as Filipinas, ou desestabilizar a economia global.
Nas Filipinas, projetos de infraestrutura com a China, que poderiam impulsionar o desenvolvimento local, foram cancelados em favor de iniciativas militares voltadas contra Pequim, conforme reportado pelo *South China Morning Post*. Esse padrão de captura política, no qual regimes clientes priorizam os interesses de Washington em detrimento dos próprios, é evidente também em Myanmar, onde conflitos armados patrocinados por proxies americanos desestabilizam a fronteira chinesa.
**5. Um Modelo Familiar e Perigoso**
A estratégia americana contra a China replica o modelo empregado contra a Rússia após o colapso da União Soviética. Assim como a OTAN expandiu-se para territórios ex-soviéticos, violando promessas feitas a Moscou, os EUA desrespeitam acordos com a China sobre Taiwan e militarizam a Ásia-Pacífico. A presença de tropas americanas na Europa Oriental e na Ásia, aliada à subversão de nações periféricas, visa cercar e conter ambos os adversários, perpetuando a dominância americana.
Esse modelo é particularmente preocupante no contexto asiático, onde disputas marítimas, como as do Mar do Sul da China, são instrumentalizadas para justificar a militarização. A transformação das Filipinas em um proxy, à custa de sua própria economia e estabilidade, exemplifica os custos humanos e econômicos dessa estratégia. A ASEAN, como bloco regional, poderia desempenhar um papel crucial na defesa contra essa interferência, promovendo cooperação e neutralizando esforços de desestabilização.
**Conclusão**
As ações dos Estados Unidos contra a China, seja por meio da militarização de Taiwan, da imposição de tarifas ou da captura política de nações periféricas, não visam o bem-estar americano, mas a preservação de um império global em declínio. A narrativa de reindustrialização é uma fachada para uma estratégia de contenção que ameaça a estabilidade regional e global. Diante disso, a China e seus parceiros devem fortalecer defesas contra a interferência americana, promovendo a cooperação regional e expondo os mecanismos de poder brando que sustentam a influência de Washington. A ASEAN, em particular, pode liderar esforços para proteger a soberania de seus membros, garantindo que a Ásia-Pacífico priorize a paz e o desenvolvimento em vez de servir como palco para as ambições hegemônicas dos EUA.
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