MEU NOME É ISRAEL
Eu sou Israel. Nunca perco a oportunidade de reivindicar a vitimização enquanto inflijo violência.
Em 1947, as Nações Unidas me entregaram mais da metade das terras de outra pessoa. Um presente que não ganhei, de potências coloniais que não as possuíam. Eu aceitei. Meus vizinhos se opuseram. Chamei isso de guerra — e, no caos, comecei minha limpeza. Mais de 700.000 palestinos foram expulsos de suas casas — alguns fugiram, sim — mas muitos foram forçados a sair sob a mira de armas, suas aldeias arrasadas, seus nomes apagados.
Então plantei pinheiros sobre as ruínas — para esconder a memória. Florestas onde antes havia casas. Parques sobre cemitérios. Eu as tornei verdes para que o mundo não visse o preto por baixo. Chamei isso de "reflorestamento". Eles chamaram de apagamento.
Eu sou Israel. Nunca escolhi a paz — apenas o domínio.
Em 1967, lancei uma guerra preventiva e tomei Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental, as Colinas de Golã e o Sinai. Afirmei que era por segurança. Agarrei-me a isso por poder. Construí assentamentos, um a um, sufocando cidades palestinas. O direito internacional dizia que era ilegal. Ignorei. Meu mapa cresceu. A liberdade deles encolheu.
Eu sou Israel. Eu poderia ter acabado com a ocupação. Muitas vezes. Mas sempre disse não.
Em 2000, em Camp David, ofereci uma colcha de retalhos de enclaves desconectados, cercados por muros, postos de controle e soldados. Chamei isso de paz. Os palestinos se afastaram. Chamei-os de extremistas. Então, construí um muro, não na minha fronteira, mas bem no fundo da deles. Chamei de segurança. Eles chamaram de roubo.
Eu sou Israel. Glorifico o militarismo. Educo crianças para acreditarem que são escolhidas.
Meus livros didáticos apagam a Palestina. Meus soldados patrulham as ruas com rifles apontados para adolescentes. Minha mídia justifica bombardeios. Meus políticos brincam sobre arrasar Gaza. Eu envio ataques aéreos a campos de refugiados, escolas e hospitais. Depois, digo que eram escudos humanos.
Eu sou Israel. Elegi Netanyahu. Repetidamente.
Nem uma vez, por engano. Mas conscientemente. Votei em líderes que juraram esmagar os palestinos, expandir os assentamentos, jamais permitir um Estado palestino. Meus ministros falam dos "árabes" como uma ameaça demográfica. Meus colonos queimam oliveiras. Minhas multidões gritam "Morte aos árabes". Eu chamo isso de patriotismo.
Eu sou Israel. Falo de democracia, mas a nego a milhões sob meu controle.
Eu governo milhões que não podem votar no país que controla suas vidas. Eu construo estradas nas quais eles não podem dirigir. Eu concedo autorizações para que respirem, se movam, vivam. Eu bombardeio Gaza, depois a isolo e digo que a culpa é deles. Eu digo que deixei Gaza, mas controlo seu ar, mar e fronteiras. Eu digo que eles são livres, mas depois os mato de fome.
Eu sou Israel. Exijo reconhecimento, mas não dou nada em troca.
Exijo que os palestinos me aceitem como um Estado judeu, recusando-me até mesmo a dizer a palavra "Nakba". Ignoro as casas, as terras e a história daqueles que desloquei. Tenho as chaves deles em museus, não em suas mãos. Nego aos refugiados o direito de retornar. Faço leis que os chamam de "ausentes", mesmo quando estão apenas um pouco mais velhos.
Eu sou Israel. Denuncio o antissemitismo, quando o que temo é a responsabilização.
Chamo qualquer crítico de hater. Borro a linha entre judaísmo e sionismo, usando um para encobrir os crimes do outro. Uso a história como arma para justificar o apartheid. Manipulo o trauma para justificar a conquista. Digo "Nunca mais" — mas deixo que aconteça com outros, por mim mesmo.
Autor Desconhecido
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