Bonifácio, santo ou vilão?

Não sou movido por fofoca ou acalento qualquer desejo de assistir a confrontos bobocas na rede social.
José Bonifácio foi um personagem complexo e não é inteligente colocá-lo meramente como 'traidor do império português'. Por sua vez, não se pode descartar sua ação na independência do Brasil em relação a Portugal mas seria um exagero crê-lo um 'salvador da pátria'.
É preciso lembrar que as cortes portuguesas intentaram decretos para a volta imediata de D Pedro I a Portugal e a perda (não saberia dizer até que ponto) da condição de Reino-Unido a Portugal e Algarves, que o Brasil gozou, se não oficialmente, pela natureza das coisas mesmas, desde muito ANTES da vinda de D. João VI. Que as monarquias européias já estavam decadentes (com exceção da inglesa, até mesmo devido ao OURO brasileiro), desde o século XVII, é consabido, haja visto como a maçonaria, sociedade complexa, propagadora do liberalismo, do iluminismo, do republicanismo etc, varreram boa parte do poder monárquico (sem esquecer da sobrevida monárquica pós-napoleônica, via Congresso de Viena, Restauração, 'despotismo esclarecido' etc), ao longo do século XIX.
O quanto devemos a Bonifácio, homem de visão e escopo de estadista, a manutenção das províncias UNIDAS? O Brasil não se tornou uma série de repúblicas, como se deu com a América espanhola, se isso foi bom ou mau é outra questão.
Condenar, pura e simplesmente, a 'era contemporânea', equivale a tapar o sol com peneira, devemos, antes, criar condições intelectuais e morais para que nossos descendentes saibam descartar aquilo que não pode dar certo por ser um ARTIFÍCIO, e preservar aquilo que é certo por ser da natureza HUMANA, e parte indissociável de seu destino terrestre e espiritual.

  • Parafraseando São Paulo: "examinai todas as evidências, retende o que é bom''.

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