POR QUE O COMUNISTA ZIZEK É É UMA BOLA

Acabo de assistir ao filósofo Slavoj Zizek no Roda Viva, TV Cultura. Boas ideias e algumas lições importantes aos nossos esquerdistas, tão politicamente corretos, mas tão parciais ou acomodados ao poder vigente em nosso Brasil. Zizek colocou países nórdicos (Europa) como exemplos do equilíbrio entre o capital e o social, e ainda com a valorização das, tão caras à esquerda papagaio, pautas ecológicas, um 'modelo certo para um mundo incerto'. Isso é o de que cheguei a gostar em Zizek (acho que só gostei disso mesmo, rs...). Aqueles países ainda são exemplos de um bom capitalismo estado reduzido, programas sociais que funcionam etc. A América Latina é economicamente inviável. Destaca avanços sociais louváveis (de um Lula incensado pela esquerda mundial), aponta, acertadamente, o seu capitalismo como preso à uma fase infantil, oral (eu diria, boçal, rs). Não é exemplo para ninguém. Critica enfaticamente o 'cubano' Chávez (menos incensado do que o 'pobrezinho' Lula), por destruir a economia venezuelana. Menciona Morales e outros como retrocessos, uma espécie de volta à 'mãe-terra', inviável e tolo. A Europa é vista como problemática, decadente. Não vê avanços na União Europeia e aponta a estagnação e a depreciação cultural. Talvez só possa pensar em evolução ali numa Europa conciliada ou unida a Ásia. Diria que estas são suas reais 'intenções filosóficas' em relação a Eurásia. Colocou Singapura como um exemplo para a China, a qual vê como um neo-imperialismo. Não quer se colocar como a 'criança feliz' no antiamericanismo primário, politicamente correto. Ainda vê os EUA como o motor do capitalismo, decadente, é verdade, mas não tão acentuadamente decadente como a Europa; decadente, porém, 'autêntico'. Vê o capitalismo como uma força pragmática, com a qual se tem de se envolver de um jeito ou de outro. Viu a crise de 2008 como um processo socializante de disseminação ou dispersão de capital para pessoas e grupos, inviável do ponto de vista do capitalismo (por exemplo, em termos de lucro), levando à um aumento da crise, inevitável. Não tem preconceito algum com a 'direita', boa propaganda para um comunista famoso. O preconceito com a direita, com o conservadorismo (palavrão aqui no Brasil) é estupidez, tão comum no Brasil, onde capitalismo é necessariamente 'selvagem, fascista, burguês, desumano, causador da miséria etc'. Coloca-se como comunista mas aceita, sob um rancor sublimado, o capitalismo. Não seria um comunista convencional, por certo, pois se diz filósofo. Não tem problema ético algum em ser um sucesso, sempre sujeito a algum tipo de exploração lucrativa. Crê que sua ética está em sua própria reflexão, fértil aqui ou ali, em algum momento. Eu aponto uma contradição, uma tensão, um problema insolúvel em Zizek. É o fato de fato de ser um filósofo engajado. Um filósofo comunista. Ele se auto-declara comunista, não socialista (que considera um eufemismo), capaz de lidar com as contradições do mundo. Coloca Marx como a mudança de paradigma da condição do filósofo por ser aquele que se engajou, transformou e influenciou o mundo, mais do que qualquer outro filósofo 'filósofo'. Seria Marx o primeiro comunista? Claro que não, certamente foi o primeiro  marxista. Zizek é um filósofo engajado, auto-declarado, e adere ao modismo mainstream, filósofo engajado, produto já antiquado. Como se livra da vinculação a Hitler? O austríaco é nacional-socialismo, ao passo que Stálin é verdadeiro socialista, internacional. Segundo Zizek,  Hitler seria apenas um socialista comum. Não convence a ligação de Zizek, epidérmica, com Hegel (o arauto do idealismo alemão). Parece tentativa de superação do marxismo. A tensão moral de Zizek nasce da necessidade infantil de se auto-declarar comunista. Defende Singapura, forma ideal de capitalismo, modelo para a China imperialista, mas a inveja, justificada trazendo Freud à baila) em relação aos EUA, é porque imperialismo chinês ou eurasiano PODE, mas imperialismo norte-americano não PODE! Ora, bolas! Zizek não se incomoda com as centenas de milhões de vítimas do comunismo. Zizek é uma caricatura de filósofo, defende o comunismo, pois a 'luz no fim do túnel' é a ... a igualdade entre os homens! Então tudo é justificável, até mesmo o inferno. Ele brinca e diz que aquela luz lá no fim é outro trem comunista vindo no sentido contrário, para trombar e destruir tudo. O pessimismo niilista é uma defesa para as suas escolhas.
Ao indagar se haveria dinheiro ou não no comunismo, um sábio diz que sim, dinheiro igual para todos, outro diz que não, dinheiro para ninguém, mas um terceiro, o mais inteligente diz que sim e que não! Stálin pergunta, 'mas como assim'? 'É simples, haveria para alguns e não haveria para outros'
Eu tenho certa afeição pelo Zizek, não por suas ideias completamente estúpidas, mas porque é um tapa na cara dos 'filósofos' brasileiros, legiões tardias do século passado. Zizek chega a parecer inteligente ao criticar práticas eugênicas, bio-engenharias, dos verdadeiros capitalistas.
A filosofia de Zizek não é válida, mas tem seus efeitos deletérios. Não concebe um mundo sem o capitalismo, então, já que não existe um mundo sem capitalismo, a solução é ser comunista, ética canhestra, mas midiática. O comunismo de Zizek está justificado em Hegel (a fim de superar a crítica ao marxismo) e em Freud (a fim de aceitar o ressentimento).

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